O INE, Instituto nacional de Estatística divulgou recentemente o Boletim de Junho com uma breve síntese sobre a evolução da produção e dos preços na agricultura, em que as previsões agrícolas, em, em 31 de maio, apontam para a normal instalação das culturas de primavera, numa conjuntura fortemente marcada pela seca, pela escalada dos custos com os meios de produção, pela subida dos preços dos produtos agrícolas e pela suspensão das transações comerciais com a Rússia e a Ucrânia. No milho, cereal fundamental na produção pecuária, prevê-se um aumento de 5% na área semeada, o que terá um impacto reduzido na satisfação das necessidades de abastecimento (em média, a produção nacional representa 25% do consumo interno). O abastecimento externo de milho a Portugal era assegurado em 41% pelas importações da Ucrânia (média 2012-2021), país que era o principal fornecedor nacional, obrigando à procura de alternativas no mercado mundial. Nos dois primeiros meses de guerra as importações de milho provenientes do Canadá, Brasil e Polónia aumentaram significativamente, atingindo 140 mil toneladas e compensando a suspensão das transações comerciais com a Ucrânia.
Apesar do agravamento da situação de seca meteorológica, com 98,5% do território em seca severa e extrema, apenas existem restrições de rega nos aproveitamentos hidroagrícolas beneficiados pelas albufeiras do Monte da Rocha e da Bravura. O volume de água armazenado nas principais albufeiras com aproveitamento hidroagrícola encontrava-se a 67% da capacidade total, não tendo sido um fator limitante para a instalação das culturas anuais de regadio. A diminuição de 5% na área de arroz deveu-se exclusivamente às obras de manutenção dos canais de rega de Alcácer e Grândola. A área contratada de tomate para indústria aumentou 4%, ao qual não será alheio a perspetiva de subida do preço do tomate para a indústria aquando da celebração dos contratos. Na batata de regadio, o decréscimo de 10% na área é, em parte, explicado pela proibição de utilização de antiabrolhantes de síntese à base de clorprofame.
Nos cereais de outono-inverno prevê-se que o impacto da seca nas produtividades corresponda a um decréscimo entre 10% a 15% o que, aliado a uma área semeada historicamente baixa, agravará a dependência do abastecimento externo.
Nas fruteiras, em particular nas prunóideas, as condições meteorológicas não foram favoráveis, prevendo-se decréscimos de produtividade de 15% na cereja e de 10% no pêssego.
Produção de leite e produtos lácteos
A recolha de leite de vaca foi 165,9 mil toneladas, o que representou um decréscimo de 2,5% (-0,6% em março). A produção de lacticínios teve também uma redução de 2,6% (-5,0% em março), devido ao decréscimo do leite para consumo (-2,9%), leite em pó (-20,0%), manteiga (-9,2%) e queijo de vaca (-1,0%).
Preços e índices de preços agrícolas
Em maio de 2022, as variações mais significativas, em módulo, no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas nos ovos (+48,5%), batata (+46,7%), azeite a granel (+26,3%), ovinos e caprinos (+25,2%) e aves de capoeira (+24,3%). Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se nos hortícolas frescos (-12,2%), frutos (-3,3%), plantas e flores (-2,5%) e batata (+2,2%). Em março de 2022, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) registou uma variação positiva de 35,4% e o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) aumentou 7,9%. Relativamente ao mês anterior, assistiu-se a aumentos de 3,1% e 3,0% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente e no índice de preços de bens e serviços de investimento, respetivamente.
Gado, aves e coelhos abatidos
O peso limpo total de gado abatido e aprovado para consumo em abril de 2022 foi 36 692 toneladas, o que correspondeu a um decréscimo de 3,1% (-1,7% em março), devido ao menor volume de abate registado nos suínos (-8,6%) e equídeos (-82,4%). O peso limpo total de aves e coelhos abatidos e aprovados para consumo foi 28 778 toneladas, o que representou praticamente uma manutenção (-0,4%) face ao homólogo (-3,1% em março). Registou-se um menor volume de abate de perus (-14,1%), codornizes (-31,1%) e coelhos (-17,4%), enquanto galináceos e patos tiveram aumentos de 2,0% e 15,2%, respetivamente.
Poderá consultar o Boletim em:
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui
=280862687&PUBLICACOESmodo=2