Fonte: agronegocios.eu
Grande dinamismo e potencial. É isso que nos oferece a 2ª edição do Mondego Agrícola – Feiras das Culturas. Realizado no passado dia 6 de setembro, o evento contou com a presença das mais diversas entidades, instituições e empresários do setor agrícola.
As grandes culturas apresentaram-se no expoente máximo, bem como a maquinaria agrícola, que se destacou devido às demonstrações que ocorreram, estas nos campos de plantações existentes no recinto onde acontece o evento. Os empresários chegaram mesmo a afirmar que o certame tem grande potencial e que, apesar de ser apenas a segunda edição, se está a transformar num evento muito bem conseguido.
Promovido pela ADA (Associação Diogo de Azambuja), através da EPAAD (Escola Profissional Agrícola Afonso Duarte), o certame contou ainda com a colaboração do Município de Montemor-o-Velho, Cooperativa Agrícola do Concelho de Montemor-o-Velho e da DRAPC (Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro). Os debates foram ainda apoiados pelo Crédito Agrícola do Baixo Mondego.
Na sessão inaugural, o diretor regional da DRAPC, Fernando Alves Martins, deixou vastos elogios à organização do evento, afirmando que este era «a prova do dinamismo e da capacidade do setor» agrícola em Portugal e que «o mais importante são as experiências» retiradas deste género de eventos.
Emílio Torrão, presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, realçou a importância das escolas profissionais para a realização do evento, bem como para a agricultura local. O presidente deixou ainda um apelo aos governantes, pedindo para que se fizessem ouvir pelos agricultores e produtores na nova PAC (Política Agrícola Comum). Destacou de igual modo o profissionalismo acima da média dos organizadores, que foram ajudados por escolas profissionais com elevada importância no panorâma da economia local.
Após a sessão inaugural, foi promovido um debate sobre o impacto da PAC pós 2020 na região Baixo Mondego. O painel contou com uma apresentação geral do Dr. Bruno Dimas, subdiretor geral do GPP (Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral).
Dimas apresentou alguns dados introdutórios sobre a situação atual da agricultura no país, adaptando depois o caso à região do Baixo Mondego. Apresentou ainda as preocupações que se relacionavam com o período 2021-2027 para a região, que envolviam, segundo o próprio, «a tendência longa e acentuada de redução da população e superfície agrícolas e pequenas explorações com rendimentos baixos, agricultores envelhecidos e pouca instrução, bem como problemas de ordenamento de território», entre outros. Referiu ainda medidas a adotar para melhorar estes problemas, entre os quais o alargamento da PAC a agricultores que nunca beneficiaram da mesma.
Após a palestra inicial, o painel contou com vários intervenientes, entre os quais o engenheiro Domingos Godinho, da CONFAGRI (Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal), o engenheiro José Miguel Gonçalves, da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Firmino Cordeiro, da AJAP (Associação dos Jovens Agricultores de Portugal), o engenheiro Pedro Pimenta, da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), José Marques, Presidente da CA Bebedouro, e Armindo Valente, presidente da CAMV.
Domingos defendeu que a «organização da produção» pode ser a solução chave para os problemas dos produtores agrícolas, enquanto José Miguel Gonçalves realçou que «10% dos beneficiários (portugueses) recebem 80% das ajudas» e que existem «cerca de 6000 explorações agrícolas que não são beneficiárias da PAC», o que dificulta a criação de um mercado igualitário. Firmino Cordeiro lamentou a diminuição dos jovens agricultores no país e acredita que o próximo quadro comunitário de ajudas «vai ser pior». Pedro Pimenta realçou que «não há dinheiro para investimentos nem projetos», o que dificulta a evolução do setor agrícola. A discussão estendeu-se durante algum tempo, provocando reações relevantes por parte dos agricultores e produtores presentes que assistiam à mesma.
Durante a tarde. os presentes puderam assistir a um novo painel, este sobre a agricultura de precisão no Baixo Mondego. O palestrante de abertura foi o Professor Ricardo Braga, especialista renomado na área, e o painel contou com comentários do engenheiro Carlos Domingues, da CASE IH, o engenheiro Vítor Raposo, da CLAAS, o engenheiro Nélson Dias, da NOVA PERCAMPO, e de Diogo Félix, da J.Inácio e representante da John Deere.
Além dos debates promovidos, os agricultores e produtores puderam beneficiar de várias demonstrações de maquinaria agrícola, que aconteceram durante todo o dia, mostrando-se extremamente interessados nas mesmas. A ceifa do milho foi alvo de demonstrações no final da manhã, bem como o processo de silagem.
Várias empresas estiveram presentes no certame, entre quais a Fertiberia, a Lusosem, a Dekalb Portugal, a Bayer Crop Science Portugal, a Semillas Fitó, entre outras. As companhias estendiam-se sobre os diversos itens, entre os quais produtos fitofarmacêuticos, fertilizantes, sementes e diferentes soluções de maquinaria agrícola.
Considerado um sucesso por parte da organização, das empresas expositoras e dos visitantes, é previsto que o evento se realiza novamente em 2021, dado o seu caractér de dois em dois anos.