Despovoamento na fronteira é o grande desafio da eurorregião Galiza-Norte de Portugal

Confagri 10 Abr 2019

«Para captar e fixar população nas regiões de fronteira, explicou Xosé Lago, é necessário criar um conjunto de condições, nomeadamente ao nível das infraestruturas, sejam elas rodoviárias ou tecnológicas»

O diretor do Agrupamento de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal (GNP-AECT), Xosé Lago, defende que o maior desafio com que a eurorregião está confrontada é o problema do declive demográfico em toda fronteira hispano-portuguesa.

«Não é um problema exclusivo da Galiza com o Norte de Portugal, mas sim de toda a fronteira. No interior, a pirâmide está deturpada em relação ao que devia ser. Há cada vez mais idosos, menos jovens e cada vez menos pessoas. Reverter essa situação é, provavelmente, o principal desafio em cima da mesa», afirmou, em entrevista à Lusa.

Para captar e fixar população nas regiões de fronteira, explicou Xosé Lago, é necessário criar um conjunto de condições, nomeadamente ao nível das infraestruturas, sejam elas rodoviárias ou tecnológicas.

O problema, referiu, levou os governos de Espanha e Portugal, na Cimeira Ibéria de 2018, a decidir avançar com a constituição de um grupo de trabalho para desenvolver uma estratégia comum de combate ao despovoamento destes territórios, a apresentar na Cimeira Ibérica deste ano. O plano reveste-se da maior importância num momento em que se começa a preparação do próximo período de programação financeiro.

«Estamos num momento complicado. Há eleições em Portugal, em Espanha e na Europa, e pode haver mudanças entre os principais atores políticos. […] Tenho esperança de que se mantenham na liderança o grupo dos países amigos da coesão», disse, defendendo que a União Europeia vai ter de continuar a aprofundar a cooperação territorial.

No seu entender, «não faz sentido que haja fronteiras dentro da própria União Europeia» e o caminho deve fazer-se por via da cooperação inter-regional. «Se queremos construir uma União forte, temos de ter uma União coesa», declarou.

Xosé Lago acredita que o trabalho desenvolvido pelo agrupamento, que completa 10 anos de atividade efetiva em 2020, tem sido importante no aprofundamento das relações no contexto da eurorregião, onde é cada vez mais frequente ver, por exemplo, «empresas conjuntas» e trabalhadores e estudantes que trocam o país de origem pelo país vizinho. «São passos na direção certa», afirmou, admitindo que não se pode, contudo, «querer fazer tudo num dia».

No que respeita ao combate aos incêndios, o diretor do AECT salientou que está a ser desenvolvida uma estratégia comum entre o Norte de Portugal e a Galiza, no sentido de aprofundar a cooperação que já existe, por exemplo, no âmbito do projeto “Ariem Plus”, criado com o objetivo de implementar uma Rede de Comando Único que respondesse a situações de emergência, como incêndios ou acidentes, em zonas de fronteira.

Xosé Lago reconheceu, contudo, que atualmente há problemas de compatibilidade do material entre dois lados da fronteira, pelo que será essencial «harmonizar os sistemas de combate a incêndios, de formação e contratação do pessoal dos dois lados».

Os Agrupamentos Europeus de Cooperação Territorial (AECT) foram criados para facilitar a cooperação transfronteiriça, transnacional e inter-regional entre os Estados-membros ou entre as respetivas autoridades regionais e locais, permitindo a estes parceiros executar projetos conjuntos, partilhar experiências e melhorar a coordenação em matéria de ordenamento do território.

No caso do Norte de Portugal e da Galiza, a criação deste AECT em 2008 permitiu conceder personalidade jurídica ao trabalho da Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal, que já existia desde o ano de 1990, tornando-se assim no «braço executor» das políticas ali desenhadas.

Desde então, o agrupamento, que entrou efetivamente em funcionamento em fevereiro de 2010, tem vindo a desenvolver um conjunto de projetos: «O agrupamento é a casa comum da eurorregião. Não é uma questão menos importante, facilitar um sítio onde fisicamente possamos encontrar responsáveis para discutir os seus projetos, para partilhar ideias e encontrar novas vias de atuação», observou Xosé Lago.

No início, o agrupamento abriu-se, fundamentalmente, aos agentes sociais, às empresas, na procura de novos caminhos e novos intercâmbios, e na criação de emprego.

«Há que ter em conta que em 2010, 2011 e 2012 Portugal e Espanha estavam a viver uma crise económica muito forte. Naquele momento, pusemos em marcha os “Job Day”, uma feira de emprego transfronteiriça […] para facilitar intercâmbios entre os trabalhadores da Galiza para que pudessem também encontrar emprego em Portugal e vice-versa», explicou.

Fonte: Diário de Notícias

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