Fonte: Anpromis
O Dia Internacional do Milho é comemorado anualmente a 24 de Abril em todo o planeta. A ANPROMIS assinala a ocasião com a visão de 10 organizações e individualidades sobre a importância do milho no nosso país.
Maria do Céu Antunes – Ministra da Agricultura
O milho e a aplicação da ciência e da tecnologia ao setor caminham lado a lado. Desde o melhoramento genético das plantas até à agricultura de precisão e à digitalização, passando pelas tecnologias ligadas ao regadio. Quando refletimos sobre inovação na agricultura encontramo-nos com o milho e com os seus produtores, peças essenciais para compreendemos a nossa história, a nossa cultura e a diversidade das paisagens rurais. O regadio e a evolução tecnológica permitiram alcançar produtividades competitivas num mercado que, hoje, é global.
Mas o desafio é permanente e inesgotável. Hoje, passa pela procura de mais sustentabilidade e pela resposta aos efeitos das alterações climáticas. Inspirados pelos bons exemplos que existem no nosso país, vamos prosseguir e continuar a contribuir para a proteção da natureza e para uma transição climática justa e inclusiva, apostando em mais conhecimento e mais investigação e incentivando a digitalização no setor. Temos de fazer crescer a agricultura, inovando-a e entregando-a à próxima geração – uma ambição da agenda estratégica para a próxima década “Terra Futura”.
Jorge Neves – Presidente da Direção da ANPROMIS
Em Portugal, o milho é, destacadamente, a principal cultura arvense, ocupando cerca de 115 mil hectares, ou seja, quase 40% da área nacional dedicada àquelas culturas. Apesar da importância da cultura na produção agrícola nacional, estima-se que Portugal é auto-suficiente em milho a 100% apenas durante três meses e totalmente dependente do exterior durante os restantes nove meses do ano!
A Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, aprovada pelo XXI Governo Constitucional e que conta com o empenho político da atual responsável do Ministério da Agricultura e com o total apoio das principais associações do setor, ANPROMIS e ANPOC, será, seguramente,
uma sólida base de trabalho para inverter esta situação e a sua implementação é, presentemente, mais oportuna do que nunca. Mas para que tal suceda é necessário criar condições, no âmbito da nova Política Agrícola Comum, para garantir (e recuperar!) uma justa remuneração da atividade dos produtores de cereais nacionais, nomeadamente através do estabelecimento de ajudas ligadas à produção, situação de vulnerabilidade já devidamente identificada, quer pela Comissão Europeia,
quer pelo Governo de Portugal.
Manuel dos Santos Gomes – Presidente da CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal
Qual a importância da produção de milho para o nosso pais, nomeadamente no seu aproveitamento para silagem?
A cultura do milho silagem em Portugal é de grande importância para a alimentação animal, nomeadamente a pecuária de leite, tendo sido cultivados em 2020 cerca de 46 mil hectares de superfície agrícola. Ao longo das últimas décadas tem sido desenvolvida experimentação visando a sua adaptação às diferentes condições de solo e clima, assim como a melhor conservação das colheitas, permitindo a obtenção de alimentos de grande qualidade!
Por outro lado, a cultura do milho silagem sendo bastante exigente em termos de fertilização, potencia a economia circular ao nível da exploração agrícola, na medida em que permite a “reciclagem” dos efluentes pecuários. A relevância da cultura do milho silagem na autossuficiência alimentar do nosso País é também inquestionável, ao nível do abastecimento em produtos lácteos e carne, potenciando assim a nossa independência nestes segmentos.
Deste ponto de vista, entendemos também como justo que caso sejam atribuídos pagamentos ligados à produção de cereais no âmbito da próxima reforma da PAC, a cultura de milho para silagem seja também incluída. Uma decisão contrária não seria compreensível!