Encontro Nacional de Técnicos 2024

Confagri 11 Mar 2024

#ENTCONFAGRI2024


Foram dois dias de grande importância para todos os dirigentes e técnicos que marcaram presença na 10ª Edição do Encontro Nacional de Técnicos da CONFAGRI.

Esta edição anual que decorreu ao longo dos dias 1 e 2 de fevereiro, no Hotel Vila Galé, em Évora, não podia ter sido mais oportuna, dadas as circunstâncias que o mundo rural tem vindo a enfrentar nos últimos meses.

Foi logo durante o primeiro painel “Balanço da Campanha do Pedido Único e Perspectivas de Alterações” que se deu o primeiro momento marcante do evento.

Num ato não só de solidariedade perante a atual situação em que se encontra a agricultura nacional, mas também de denúncia aos sucessivos erros das políticas públicas que têm vindo a custar caro aos agricultores, o Eng.º Pedro Pires subiu a palco para dar voz a um manifesto escrito pelas mãos de mais de 500 técnicos da CONFAGRI.

Os arrepios foram gerais, e em nenhum outro momento do evento, se pôde sentir a garra de quem está, verdadeiramente, comprometido com a agricultura portuguesa.

E, se ninguém ficou indiferente a este momento, muito menos o ficaram os intervenientes que vieram explicar o seu lado da moeda: Dra. Fátima Leão (Diretora do Departamento de Gestão e Controlo Integrado), Dra. Isabel Monteiro (Diretora do Departamento de Ajudas Diretas), Dr. João Falcão (Responsável da Unidade de Identificação Parcelar) e Dra. Sónia Calção (Chefe Divisão de Planeamento, Políticas e Administração Geral).

Todos eles, uns melhores que outros, fizeram questão de demonstrar as suas contas, procedimentos e burocracias, mas nenhum deles conseguiu desmentir a força da afirmação “A Campanha de 2023 foi a pior que já tivemos de ultrapassar.”.

Ainda durante a manhã a FENAFLORESTA, Federação associada à estrutura da CONFAGRI, anunciou a assinatura de um Protocolo com a NAVIGATOR que, pelas palavras de José Luís Carvalho “será muito mais do que um pedaço de papel e sim um compromisso para uma floresta mais ativa, mais bem gerida e de melhor qualidade.”.

Foi também durante este primeiro dia que se discutiu a o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), com os convidados Dr. Eduardo Diniz (Diretor-Geral Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral e Presidente da Autoridade de Gestão do PEPAC-Nacional) e do Dr. Bruno Dimas  (Subdiretor-geral Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral).

Das muitas conclusões que daqui se puderam tirar, destacamos apenas que se, por um lado, há quem creia que as metas do PEPAC foram, de modo geral, cumpridas, há quem o lamente que assim o tenha sido: é urgente mudar.

O momento mais marcante deste evento foi, sem dúvida, o primeiro debate das Legislativas 2024 sobre o sector agroalimentar. Intitulado “Que Futuro para o Sector Agroalimentar? Que Políticas para a próxima Legislatura?” este contou com uma importante intervenção inicial de Idalino Leão, Presidente da CONFAGRI e Vice-Presidente da COGECA.

Desafiando os partidos para que os futuros Ministérios da Agricultura, Educação e Saúde trabalhassem, em conjunto, para trazer às gerações mais novas uma versão mais positiva e apelativa sobre o papel da produção nacional, o Presidente da CONFAGRI tocou também em temas chave como: a manutenção das atuais direções regionais de agricultura, equidade dos preços de energia e combustíveis entre Portugal e Espanha, maior apoio às organizações de produtores, gestão da água em Portugal, redução até à taxa mínima do IVA nos produtos alimentares e, ainda, um plano de capacitação institucional das cooperativas.

Mais ainda, rematou que existe uma dívida imensa para com os agricultores que necessita de ser paga e que “Para a CONFAGRI um Ministério da Agricultura é também Alimentação, Desenvolvimento Rural e Florestas.”.

Ouvidos os aplausos dos cerca de 600 presentes na sala- dentro dos quais é possível destacar Susana Pombo (Diretora- Geral da DGAV), Nuno Banza (Presidente do ICNF), Nuno Moreira (Vice-Presidente do IFAP), Nuno Canada (Presidente do INIAV) e Arlindo Cunha (Ex-Ministro da Agricultura) – foi altura de iniciar o tão esperado debate.

Moderados por Camilo Lourenço, o debate entre Pedro do Carmo (PS), Fermelinda Carvalho (PSD), Pedro Frazão (Chega), João Cotrim de Figueiredo (IL), João Frazão (PCP), Maria Helena Figueiredo (BE) e Nuno Vieira de Brito (CDS-PP), demonstrou que, ideologias à parte, do campo à cidade existem batalhas estruturais a serem vencidas, a saber:

– A desvalorização do sector, bem como a carência de estratégia e visão por parte das entidades governativas nacionais;

– A falta de defesa dos agricultores e a quantidade absurda de taxas a que estes estão sujeitos;

– O desajustamento das políticas europeias ao nível particular de Portugal;

– A água, ou a falta dela, bem como a necessidade crescente de investimento em infraestruturas que permitam uma melhor gestão da mesma;

– O envelhecimento da população agrícola ativa, consequência inegável do crescente desinteresse dos jovens no desenvolvimento rural;

– A falta de aposta na educação sobre o sector, bem como os entraves burocráticos que empatam o envolvimento da produção nacional;

– A ideia idílica generalizada sobre o sector que não reflete a crescente modernização da agricultura portuguesa;

Esta iniciativa foi transmitida em direto, sendo que está disponível, ainda, no YOUTUBE da CONFAGRI, para quem desejar assistir.

O dia 1 de fevereiro, por si só, teria muito mais a dizer, mas o evento não ficou por aqui: no segundo e último dia focados mais dois temas crucias.

Como não podia deixar de ser, foi necessário discutir o Investimento na Agricultura.

Para tal, esteve presente não só Rogério Ferreira (Presidente da Autoridade de Gestão do PEPAC- Continente), mas também Fernando Rosário (Presidente da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches).

Entre o descontentamento face aos longos processos burocráticos que têm impedido o sector de crescer e a necessidade de repensar a fixação dos montantes nas tabelas de referência dos investimentos, foi também referido o desejo de revolucionar o investimento no sector, revolução essa que abrangerá, segundo Rogério Ferreira, os tectos de investimento.

O Papel da Inovação na Competitividade e Sustentabilidade do Sector Agroalimentar também não ficou esquecido, tendo contado com um painel composto por Pedro Queiroz (Diretor- Geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares), as Engenheiras Ana Ribas e Vanessa Campos, o Dr. Luís Alcino da Conceição (Professor Adjunto do Instituto Politécnico de Portalegre) e o Eng.º Domingos Godinho.

Este último interveniente sublinhou o papel essencial da CONFAGRI na busca de soluções inovadoras e participação de projetos multinacionais que tanto têm criado impacto a nível internacional e cuja participação trará aos nossos agricultores ferramentas indispensáveis para que possam estar na vanguarda das novas tecnologias agrícolas.

De facto, prova disso foi a assinatura do protocolo entre a CONFAGRI com o consórcio Nextland (representado por Nuno Ávila), um projeto que alia fornecedores de serviços de observação da Terra de forma a colaborar para trazer para o mercado a tecnologia de ponta em geosféricos de gestão de terras.

No discurso de encerramento, Idalino Leão ressalvou que o contributo e valorização que a região do Alentejo tem dado ao sector agroalimentar são exemplos claros, raros e louváveis daquilo que Idalino Leão considera essencial para “tornar o sector agroalimentar um verdadeiro desígnio nacional”, uma vez que estimula a criação de raízes, identidade e contribuí para o desenvolvimento do mundo rural.

Surgido num momento em que os agricultores portugueses de debatem com acentuados cortes e adiamentos nos pagamentos dos apoios da Política Agrícola Comum, e num momento decisivo de mudança política, este Encontro conseguiu dar voz, força e ânimo aos técnicos que são quem mais diretamente acompanham os agricultores portugueses.

O evento terminou, portanto, com o sentimento de missão cumprida e de outros tantos: Indignação, sim, sobretudo advinda de quem lembra e sente na pele melhor que ninguém o rosto injustiçado de quem apenas quer trabalhar. Reivindicação de quem não pode esconder a vontade imensa de reerguer os produtores nacionais. E, em última instância, união, cooperação e força que envolve a maior Confederação Nacional Agrícola.


Balcão Verde

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Com o RURALSIMPLEX é possível junto das estruturas locais - Cooperativas Agrícolas, Caixas de Crédito Agrícola, Associações de Agricultores e outras entidades com o protocolo específico agrupadas na CONFAGRI - atender Agricultores e prestar-lhes serviços de qualidade.

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