Fonte: jn.pt
Câmara do Fundão criou manual de boas práticas. Resende vai distribuir máscaras e Alfândega da Fé está a delinear estratégia.
Quarentena, menos colhedores por árvore e material de segurança são algumas das medidas que os produtores de cereja vão lançar para evitar riscos de contaminação da Covid-19 durante a apanha nas principais zonas de produção.
A Câmara do Fundão criou mesmo um código de boas práticas, para a campanha que começa dentro de duas semanas. Os trabalhadores estrangeiros são obrigados a fazer quarentena. Quarentena é para já a única medida que está a ser tomada em Penajóia, Lamego, onde a maioria dos trabalhadores, já a cumpri-la, são familiares. Em Resende, o autarca encomendou material de proteção para distribuir. Alfândega da Fé, responsável pela produção de cerca de 90 toneladas anuais de cereja, ainda está a estudar que medidas vai implementar na campanha deste ano, que só começa em junho.
FUNDÃO
Código de boas práticas
A presença de menos colhedores em cada cerejeira é uma das medidas que os produtores do Fundão e da Covilhã vão implantar este ano. A Câmara do Fundão elaborou o código de boas práticas para a colheita da cereja, que integra várias medidas e que exige que os trabalhadores de fora cumpram uma quarentena obrigatória de 14 dias para evitar a propagação da Covid-19. Essa condição, adicionada ao atual panorama de pandemia, agrava a contratação de trabalhadores sazonais, mesmo estrangeiros. O produtor João Veríssimo tem cerca de 12 trabalhadores do Nepal e casas para garantir esse isolamento. O manual da Câmara foi elaborado em articulação com o Centro Operativo e Tecnológico Hortícola Nacional e uma equipa da Universidade da Beira Interior. Lembrando que nesta época o concelho acolhe entre 400 e 500 trabalhadores temporários, de vários pontos do país e do estrangeiro, Paulo Fernandes, presidente da Câmara, destaca que “a obrigatoriedade visa defender a saúde de todos e que será fiscalizada”. Segundo a Cerfundão, entidade que embala e comercializa este fruto da época, “a chuva está a atrasar a apanha, mas prevê-se que possa começar no final de abril em algumas zonas e que se estenda até início de julho noutras.
PENAJÓIA E RESENDE
Campanha dentro de duas semanas
Em Penajóia, Lamego, e em Resende, as preocupações do impacto da pandemia concentram-se no receio de que a procura e o preço baixem. A mão de obra está assegurada, dizem os produtores. Daqui até ano início da campanha são cerca de 15 a 20 dias, tempo que dá a quem trabalha na apanha de fazer quarentena, afirmam os produtores. Além de que, sublinham, a mão de obra é quase toda familiar. É em Penajóia que amadurecem as primeiras cerejas da Europa, diz Ricardo Simões, da Associação dos Amigos e Produtores de Cereja local. Lá para finais do mês começa a campanha. Embora ainda seja cedo, “prevê-se um ano de muita cereja”. Em Resende, o Festival da Cereja foi cancelado, mas o presidente da Câmara, Garcez Trindade, mantém viva a esperança de que em junho se “possa dar algumas largas à sua comercialização”. Quanto à apanha, a Autarquia já fez uma encomenda de material para distribuir pelos produtores de forma a garantir a segurança dos trabalhadores.
ALFÂNDEGA DA FÉ
Expectativa com tempo e pandemia
Foi cancelada a Festa da Cereja marcada para 12, 13 e 14 de junho em Alfândega da Fé. Esta era a maior montra da produção deste fruto no concelho, onde anualmente produzem entre 70 e 90 toneladas. Não sendo o principal canal de escoamento da produção “vendia-se bem e ao melhor preço”, indicou João Vítor, da cooperativa agrícola local. Para já está a decorrer a fase de floração e ainda é cedo para saber se será ano de boa colheita. Por isso, ainda não está delineado um projeto de combate à Covid-19. Os produtores estão apreensivos quanto ao escoamento da produção face ao contexto atual: “Há muitas lojas fechadas, mas ainda é difícil fazer previsões”, referiu João Vítor.