Fonte: Jornal de Notícias com Lusa
“Pedra” que caiu sem parar durante 40 minutos destruiu metade da produção agrícola de Armamar. Mas muitos também perderam tudo em Lamego e Vila Real.
Armamar foi um dos concelhos mais fustigados pelo mau tempo que anteontem deixou marcas em várias zonas do Douro interior. O presidente da Câmara, João Paulo Fonseca, numa primeira leitura, aponta para uma conta superior a três milhões de euros.
“Nunca vi nada assim”, diz Ana Teixeira, viticultora e florista em Armamar. Na agricultura, pelas contas que já fez, conta com mais de 70% da produção destruída. E quanto às flores, perdeu-as todas, diz com voz trémula. Nuno Santos tem 15 hectares de vinha em Armamar. “Cerca de 80%” do que havia foi destruído pelo granizo. Mas, garante Nuno, “há produtores que perderam 100% da produção. “Para muitos, a vindima está feita da pior maneira e a apanha da maçã para outros também”, acrescenta o engenheiro, que garante que não via nada assim há mais de 30 anos.
O autarca de Armamar, João Paulo Fonseca, considera que a próxima colheita está comprometida e os “mais de três milhões” de prejuízo nas vinhas e pomares são “um número provisório que vai aumentar”. A Câmara Municipal “está no terreno com a associação de produtores e técnicos do Ministério da Agricultura a fazer um levantamento dos prejuízos”, adianta.
O edil pediu à diretora regional de Agricultura do Norte, Carla Pereira, uma linha de apoio reforçada para fazer face aos prejuízos em Armamar. “Essas linhas têm
de possibilitar que os produtores paguem os créditos porque estamos a falar de um concelho que, só nos últimos cinco anos, foi atingido quatro vezes por graves
intempéries “, lembrou.
PEDIDO DE AJUDA AO GOVERNO
Em Lamego, o presidente da Câmara disse ontem que “há culturas perdidas a 100%” devido ao granizo. “As freguesias de zona vinhateira e de pomar, como as de
Cambres, Sande e a da cidade de Lamego, Várzea de Abrunhais, Britiande e Valdigem, no domingo, sofreram prejuízos de enorme gravidade”, afirmou Ângelo Moura, que só nos próximos dias terá o real valor do prejuízo.
Já o presidente da Câmara de Vila Real defendeu ontem que os ministérios da Economia e da Agricultura devem apoiar com verbas a fundo perdido as atividades mais
afetadas pelo granizo e chuva intensa que atingiram o concelho. “O mau tempo tem sido, de facto, terrível”, afirmou Rui Santos.
Desde 31 de maio que o concelho de Vila Real foi já atingido por três tempestades de granizo e de chuva intensa. A última situação verificou-se no domingo. O autarca apontou os prejuízos causados na agricultura, nomeadamente nas vinhas de freguesias como Abaças e Guiães, nos pomares e na horticultura, também nos `stands’ de automóveis que têm as viaturas expostas ao ar livre, na queda de muros, nas vias públicas e em casas de particulares, que sofreram inundações.