A bastonária dos nutricionistas alertou esta quarta-feira para a importância de os portugueses se voltarem a aproximar da dieta mediterrânica, de que se têm afastado, para conseguir ter um estilo de vida saudável e com baixo impacto ambiental.
«Iremos conseguir ser capazes de dar este pequeno grande passo, até porque nós temos uma tradição alimentar que é isto mesmo, saudável e sustentável, que é a dieta mediterrânica. Cada vez mais nos afastamos deste padrão alimentar que é saudável e que temos de reabilitar», afirmou Alexandra Bento.
A responsável falava à Lusa a propósito do Congresso dos Nutricionistas, que arranca na quinta-feira na Culturgest, em Lisboa, e durante o qual vão estar em discussão não só os padrões alimentares sustentáveis, mas também a forma como as empresas no setor direcionam a escolha do consumidor e a criação de espaços com ofertas alimentares saudáveis.
Questionada pela Lusa, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas reconheceu que a preocupação dos portugueses em escolher uma alimentação amiga do ambiente tem vindo a aumentar, apesar de ainda não ser muito expressiva.
«A preocupação tem vindo a aumentar nos portugueses, mas não é ainda muito expressiva. Mas, claramente, cada vez mais se fala numa dieta que seja saudável e em simultâneo que seja sustentável, porque não se pode separara a dualidade deste conceito», disse.
Alexandra Bento defende que não se deve retirar qualquer alimento da dieta e sublinha: «Poderemos ser tentados a dizer que uma alimentação vegan seria uma alimentação mais sustentável, ela até pode ter menor impacto ambiental, que tem, mas não segue este desiderato de ser ao mesmo tempo saudável e sustentável».
Para ser saudável e sustentável «é necessário ter sapiência para conseguir que ela seja equilibrada e aí é necessário recorrer a nutricionista para que ele possa aconselhar, sobretudo se estivermos a falar em crianças», alertou.
A responsável considerou ainda que para a alimentação ser saudável e sustentável tem de ser culturalmente aceite, ser nutricionalmente adequada e ser acessível do ponto de vista económico.
«Teremos de caminhar no sentido de aumentar alimentos de origem vegetal, com redução dos alimentos que têm um conteúdo proteico elevado (…) e consumir alimentos que são de maior proximidade, escolher o que é local e sazonal», aconselhou.
Alexandra Bento defende também que «é preciso criar ambientes que sejam mais salutogénicos, que promovem a oportunidade de cada indivíduo desenvolver uma vida saudável».
«Queremos que os portugueses vivam num ambiente que facilmente acedam a alimentos que são saudáveis», afirmou a responsável, frisando que a Ordem dos Nutricionistas tem vindo a alertar o Governo para promover a criação deste tipo de espaços.
«Os portugueses não vivem num vácuo, não vivem num ambiente que é isento de más ofertas, por isso, temos de criar ambientes que sejam facilitadores de boas ofertas alimentares, com alimentos que tenham baixo valor calórico», frisou.
Sobre a retirada de alimentos da dieta por opção, a especialista defende que essa não é uma boa opção se a pessoa não tem problemas de saúde e de intolerância ou alergia.
«A nossa alimentação é mais saudável se tivermos uma grande panóplia de alimentos. Não devemos retirar o leite se não tivermos qualquer problema em relação às proteínas do leite de vaca ou à lactose, nem os alimentos com glúten se não tivermos doença celíaca ou sensibilidade» a este nutriente, acrescentou. «Esta contrainformação em relação ao que é o supostamente saudável em nada beneficia a saúde das pessoas», afirmou a responsável.
Fonte: MadreMedia/Lusa