O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural afirmou esta terça-feira que Portugal importa 50 por cento do que se consome em matéria de agricultura biológica, apesar dos 270 mil hectares que o país tem dedicados a este setor.
«Estamos a importar cerca de 50 por cento de tudo aquilo que consumimos em matéria de agricultura biológica. É tempo de perceber que o mercado está ansioso de ter este tipo de produção e a indústria também percebeu que tem aqui um nicho», explicou Miguel Freitas à agência Lusa.
O governante, que se deslocou a Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, para participar numa sessão pública sobre a Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica, adiantou que o tempo é de discussão, visto que se aproxima o próximo programa comunitário 2020-2027, e esta é uma das questões que precisa de ser refletida.
«Nós temos neste momento 270 mil hectares de agricultora biológica. O apoio à agricultura foi importante, essencialmente no apoio a sistemas de produção agrícola, nomeadamente pastagens e forragens, onde temos cerca de 200 mil hectares, no olival 30 mil e nas frutas e legumes cinco mil», frisou.
Contudo, sublinhou que há uma mudança que tem que ser feita, isto é, passar da lógica do apoio ao sistema para a lógica da produção para o mercado, o que implica a certificação de produtos para o mercado.
«Na verdade, com estes 270 mil hectares, nós ainda não somos capazes de ter muitos produtos de agricultura biológica no mercado. E, portanto, é esse o resultado que esperamos e vamos refletir com os agentes do setor como é que podemos dar este passo da lógica do apoio à produção para a lógica da geração de valor através do mercado. Esse é um passo muito importante que estamos a fazer», disse.
Explicou ainda que o valor anual para o apoio das agroambientais é de cerca de 26 milhões de euros, 19 dos quais para a manutenção dos sistemas e o restante para reconversão dos sistemas convencionais em agricultura biológica.
O secretário de Estado disse que há um plano de ação que está a ser executado e que tem a dimensão de apoio à produção, de perspetiva de mercado e de formação e capacitação dos agentes. «São as três dimensões que esta estratégia e este plano de ação têm», sustentou.
Miguel Freitas adiantou que já foi criado um centro de competências de agricultura biológica, onde estão os parceiros da agricultura biológica envolvidos e cuja sede é em Serpa. Foi também criado o Observatório de Agricultura Biológica, uma plataforma onde vai haver dados em base aberta que fornecem o observatório e, a partir daí, vai-se gerar um conjunto de estudos.
O objetivo deste observatório é, sobretudo, gerar conhecimento que seja difundido através do centro de competências. Este é um difusor de conhecimento e o observatório é, fundamentalmente, um centro de recolha de dados, de informação e de produção de estudos. «Esta é a infraestrutura que já está criada», concluiu.
Fonte: Lusa