Fonte: dn.pt
A venda de artigos típicos e artesanais ou de produtos com denominação de origem protegida, nas lojas das cidades, são contributos essenciais para a revitalização das frágeis economias rurais.
As grandes cidades podem ser decisivas para o desenvolvimento da agricultura e da economia dos territórios mais carenciados. Esta é a convicção da socióloga da Universidade de Aveiro, Elisabete Figueiredo, que dirige um projeto intitulado Strings – que pretende avaliar qual o impacto da venda de produtos de origem rural e gourmet, junto dos públicos urbanos com maior poder de compra. E de que forma esses consumos têm, depois, retorno nas regiões de origem desses artigos.
“É evidente que estes produtos são de pequena escala, que antigamente eram apenas valorizados no seio familiar, mas hoje são quase um luxo. Por causa da qualidade superior das matérias-primas utilizadas ou pelo seu tipo artesanal de fabrico”, explica a socióloga que acrescenta: “Os consumidores, atualmente, estão atentos às origens dos produtos, privilegiam artigos orgânicos e biológicos. E certos itens podem ter um cariz regional, como as alheiras de Mirandela ou o presunto de Chaves por exemplo, o que valoriza aquela região e os seus produtores”.
Elisabete Figueiredo acredita que “há lugares que já quase não existem, onde as escolas foram transformadas em casas mortuárias, o que explica bem o que foi a sua evolução demográfica”. Muitas aldeias ficaram sem serviços escolares e médicos, sem postos de correios. Acabaram desertas. E, a essas, pouco se pode fazer. Mas outras regiões ainda resistem, conseguem encontrar marcas distintivas nos seus territórios, atrair novos habitantes e turistas – e é sobre estes espaços mais resilientes que as políticas de ordenamento do território e de desenvolvimento rural têm de atuar.