O Instituto Nacional de Estatística divulgou esta quinta-feira a previsão de evolução das exportações para este ano. Esta projeção resulta do inquérito feito em novembro junto de 3184 empresas.
Os empresários preveem que as exportações cresçam 4,3 por cento este ano em relação a 2018, o que, a verificar-se, se traduz numa desaceleração em relação ao ano passado. A previsão foi divulgada esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que avança que 17 por cento das empresas considera que o Brexit vai penalizar as vendas para o exterior.
«As empresas exportadoras de bens perspetivam um crescimento nominal de 4,3 por cento das suas exportações em 2019 face ao ano anterior. Excluindo os Combustíveis e lubrificantes, o aumento esperado é de 4,4 por cento em 2019. Estes valores apresentam uma desaceleração face às perspetivas indicadas pelas empresas para 2018 no inquérito precedente (+6,4% e +7,1% excluindo Combustíveis e lubrificantes)», escreve o INE na nota publicada esta manhã.
O instituto estatístico acrescenta que as empresas perspetivam um aumento das exportações de Material de transporte e acessórios (+6,1%) e de Máquinas, outros bens de capital, exceto o material de transporte e seus acessórios (+5,8%), especialmente para os mercados Intra-União Europeia (UE) (+6,6% e +7,5%, respetivamente).
Os dados divulgados através deste inquérito abrangem as exportações de bens, deixando de fora as vendas de serviços para o exterior. Para este ano, o Governo prevê um crescimento das exportações totais de 4,6 por cento, contra 6,6 por cento em 2018. Esta previsão incorpora um crescimento económico previsto de 2,2 pontos percentuais (p.p.) este ano. No entanto, o Banco de Portugal está mais pessimista, ao esperar um aumento de 3,7 p.p. nas exportações para um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,8 por cento.
Brexit com impacto nulo nas exportações, dizem quase metade das empresas
Em parte a desaceleração esperada «estará relacionada com o efeito do Brexit», avança o INE. O inquérito, que foi feito junto de 3184 empresas que, em 2017, representavam cerca de 90 por cento das exportações de bens, realizou-se em novembro, numa altura em que o processo de saída do Reino Unido da UE ainda não está fechado.
O INE destaca que «cerca de 17 por cento das empresas antecipam um impacto negativo nas suas exportações. Estas empresas representaram 21 p.p. das exportações de bens em 2017». No entanto, os dados recolhidos durante o inquérito junto dos empresários indicam que quase metade das empresas, mais concretamente 46 por cento, considera que o impacto é nulo.
Mas a relação comercial entre as empresas e o Reino Unido afeta a leitura que estas fazem sobre o impacto da saída do Reino Unido. «Entre as empresas com um grau de dependência elevado relativamente ao mercado do Reino Unido, em que mais de 50 p.p. das suas exportações se destinam a este país, há uma proporção mais elevada face ao total das empresas respondentes ao inquérito, que considera que o Brexit terá um impacto negativo nas suas exportações, de 36 por cento, enquanto 21 por cento considera que o efeito será nulo e apenas três por cento esperam um efeito positivo».
São as empresas exportadoras pertencentes ao setor da Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca e que responderam ao inquérito que «mais indicaram esperar um efeito negativo do Brexit nas suas exportações, de 22 por cento.
Fonte: ECO