Fonte: vidarural.pt
Metade de todas as plantas com flor – cerca de 1750 mil espécies – estão maioritariamente ou completamente dependentes dos animais polinizadores para a reprodução, concluiu um estudo liderado por investigadores da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul.
Em comunicado, a universidade explica que, face a isso, as quedas populacionais entre os polinizadores podem causar grandes disrupções a ecossistemas naturais, incluindo a perda de biodiversidade.
O autor principal, James Rodger, afirma que este é o primeiro estudo que apresenta uma estimativa global da importância dos polinizadores para as plantas em ecossistemas naturais.
Os investigadores utilizaram o contributo dos polinizadores para a produção de sementes — medido pela comparação da produção de sementes na ausência de polinizadores à produção de sementes com polinizadores presentes — como um indicador da sua importância para as plantas.
Os dados sobre esta situação existiam, mas estavam espalhados em centenas de trabalhos cada um centrado em experiências de polinização em diferentes espécies vegetais. Para resolver este problema, a equipa de investigação desenvolveu uma base de dados que incluiu dados de 1 528 experiências separadas, representando 1 392 populações de plantas e 1 174 espécies de 143 famílias de plantas e todos os continentes, com exceção da Antártida.
Os resultados mostram que, sem polinizadores, um terço das espécies de plantas com flor não produziria sementes e metade sofreria uma redução de 80% ou mais na fertilidade. Por conseguinte, embora a autofertilidade seja comum, esta não compensa totalmente as reduções da polinização na maioria das espécies vegetais.
Comentários dos autores
“Estudos recentes mostram que muitas espécies de polinizadores desceram em número, com algumas até extintas. A nossa constatação de que um grande número de espécies de plantas selvagens depende de polinizadores mostra que os declínios nos polinizadores podem causar grandes perturbações nos ecossistemas naturais”, alerta o principal escritor do estudo.
Joanne Bennet, coautora da Universidade de Camberra, diz que outro fator desconcertante é o ciclo de feedback positivo que se desenvolve se as plantas que dependem do polinizador declinarem ou se extinguirem: “Se as plantas autoférteis vierem dominar a paisagem, então ainda mais polinizadores serão negativamente afetados, porque as plantas autoférteis tendem a produzir menos néctar e pólen.”
O estudo, “Widespread vulnerability of plant seed production to pollinator declines”, foi publicado no jornal científico Science Advances e envolveu 21 cientistas afiliados com 23 instituições de cinco continentes. É um produto do Synthesis Centre for Biodiversity Sciences (sDiv) no German Centre for Integrative Biodiversity Research.