Nova Comissão: Eixo Paris-Berlim com Ursula von der Leyen a presidir a CE

Confagri 03 Jul 2019

«A atual ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, é a primeira mulher na história a presidir à Comissão Europeia»

Passaram 37 dias sobre as eleições europeias de 26 de maio passado e os 28 líderes dos países da União Europeia precisaram de todo esse tempo para chegar a um acordo, faltavam poucas horas para o final do prazo, que estabelecia as 22 horas como limite, sobre os nomes que vão presidir aos principais órgãos da União. Este facto evidencia só por si as enormes dificuldades por que passaram os 28 chefes de Estado e de governo da União, numa maratona que nunca havia acontecido antes.

E aconteceu por duas razões óbvias, que emanam uma da outra: a erosão da força do centro político da União Europeia, consubstanciado no PPE e no Partido Socialista Europeu; e o crescimento dos extremos, à esquerda os Verdes, à direita os extremistas de vários partidos nacionais, espalhados um pouco por todas as geografias da União (exceto Portugal).

O embate deu-se, por isso entre aquilo que neste último mês se convencionou chamar as “forças de bloqueio” (o grupo de Visegrado, Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia, mais os seus “compagnons de route”: o resto da extrema direita europeia) e o que restava do PPE depois de 26 de maio.

E restava pouco, o que deu aos socialistas europeus (António Costa incluído) a ilusão de que tinha chegado a sua vez. Não chegou, e no final os socialistas europeus acabam por averbar uma pesada derrota: nem mandam na União Europeia (que volta a estar nas mãos do PPE), nem no Banco Central Europeu (que, com Christine Lagarde, uma “velha” conhecida de Portugal, está mais ligada ao PPE, mas não deixa de ser francesa).

O presidente francês, Emmanuel Macron, deverá por esta altura estar exultante: para além de conseguir o controlo do BCE para uma mulher “da casa”, ainda conseguiu impor o nome do liberal belga Charles Michel como próximo presidente do Conselho Europeu.

Foto:jornaleconomico

Christine Lagarde vai ser a primeira mulher a liderar o Banco Central Europeu e, segundo os especialistas, poderá trazer um estilo muito diferente de liderança. A antiga diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), tem mais experiência política que o seu antecessor, fez parte do governo de Nicolas Sarkozy e, em 2009, o diário Financial Times considerou-a a melhor ministra das Finanças na Europa.

Com o Parlamento Europeu a seguir provavelmente o figurino da “meia legislatura” para cada um (PPE e PSE), pouco resta aos socialistas para cantarem vitória, a não ser mesmo o facto de terem contribuído para a solução, sob pena de os vasos comunicantes entre PPE e a extrema-direita acabarem por se abrir (como mais cedo ou mais tarde sucederá, segundo vários analistas). E, claro, ainda falta o Conselho Europeu.

Assim, a cimeira europeia, ressuscitada ao fim do terceiro dia, colocou a atual ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, como a primeira mulher na história a presidir à Comissão Europeia, que já tinha sido a primeira mulher a liderar o Ministério da Defesa alemão, com a sua aprovação final a depender do Parlamento Europeu.

A acompanhá-la num dos cargos de maior responsabilidade, ou não, dependendo dos pontos de vista, estará Josep Borrell, atual ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, que assumirá o cargo de Alto Representante da Política Externa da União, em substituição da italiana Federica Mogherini.

Face a este elenco, os socialistas, nomeadamente o grupo liderado pelo espanhol Pedro Sánchez e pelo português António Costa, voltam para casa com uma derrota pesada em todas as frentes, podendo queixar-se, provavelmente, apenas de si próprios: tentaram um “golpe de asa” contra o PPE, mas Angela Merkel, mesmo que sem estar nos seus melhores dias, não se deixou derrotar.

No final, como seria de esperar, funcionou o eixo Paris-Berlim, que é, para quem não se recordar, o elo mais forte da Europa desde há vários séculos a esta parte. Mas, se Merkel pode ser considerada a vencedora, a verdade é que do lado vitorioso estão também Polónia, Hungria, República Checa, Eslováquia e Itália, que destruíram o bom entendimento que os partidos do centro político mantinham há décadas e fizeram notar aquilo que os faz correr: não mais querem uma Europa que seja a cópia do que PPE e PSE pensaram para ela há tanto tempo.

Por isso, de algum modo, no dia em que Ursula von der Leyen substituir Jean-Claude Juncker à frente da Comissão, esse será apenas o primeiro dia do resto da vida da União Europeia, e neste momento ninguém pode assegurar sem reservas que ela será longa.

Fonte: jornaleconómico

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