Ariel Guarco, presidente da Aliança Cooperativa Internacional, afirma que as cooperativas devem ser protagonistas no processo de transformação da economia e ter mais diálogo com as forças políticas.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que reúne 315 organizações cooperativas de 110 países, disse que a rápida transformação da economia e a digitalização da maioria dos processos de produção, circulação e consumo de bens e serviços obriga o setor cooperativo a ser protagonista sem deixar que todo o processo fique em mãos de grandes corporações.
O argentino Ariel Guarco marcou presença na 14ª edição do Congresso Brasileiro do Cooperativismo, que decorreu de 8 a 10 de maio, em Brasília. O evento abordou temas como os desafios do cooperativismo no mundo, governança e gestão, inovação, comunicação e representação política.
Com 1 bilião de pessoas ligadas ao cooperativismo, sobre o alinhamento das lideranças da América do Sul, o responsável considera que o setor deve ter capacidade de diálogo com todos os setores democráticos que atuam nos cenários políticos de cada país, referindo que em todos os países da América do Sul existem organizações setoriais potentes que podem e devem incidir para melhorar as condições políticas e normativas em favor das cooperativas, por isso é fundamental assegurar que os governos valorizem o setor para trabalhar em grandes eixos como o desenvolvimento sustentável, a paz, os direitos humanos e os programas económicos que coloquem as pessoas no centro.
O presidente da ACI destacou ainda o investimento por parte dos jovens impulsionados por esta corrente da economia colaborativa, pelo que é preciso trabalhar para distribuir as oportunidades e incorporar o maior número possível de pessoas para uma lógica cooperativista.
Sobre o problema da transição geracional no setor agrícola, o presidente defende que é preciso mostrar às novas gerações as vantagens do cooperativismo no agronegócio. «As cooperativas podem inovar na produção agrícola sem deixar de lado os seus princípios e valores e atuar de forma independente». Os jovens são os mais indicados para a implementação de novas tecnologias, por exemplo, no âmbito agropecuário, assinala o mesmo.
O aumento populacional no mundo e, por acréscimo, o problema da fome em muitos países, sobretudo do Sul, onde a desigualdade de acesso a alimentos é uma realidade. Aqui as cooperativas são as mais adequadas para promover a democratização do sistema agroalimentar através da promoção de trabalho decente, a igualdade de género e o cuidado com recursos naturais nas áreas rurais.
Mas o cooperativismo também está no outro lado da cadeia, dos consumidores. A articulação entre esses dois elementos – produção e consumo – pode manter o equilíbrio em termos territoriais e demográficos, refere Ariel Guarco.
O papel do cooperativismo no crescimento do desenvolvimento sustentável é crucial. O presidente sublinha que «desde a criação da primeira cooperativa da era moderna, em 1844, as nossas organizações sempre serviram o que atualmente é definido como desenvolvimento sustentável. Trabalho decente, saúde e bem-estar, igualdade de género, preocupações ambientais e compromisso com a paz, para citar apenas algumas das metas estabelecidas pelas Nações Unidas, são sempre pilares do empreendimento cooperativo».
O responsável assinala que o setor cooperativo tem a capacidade de atuar em diferentes setores, na produção agrícola e industrial, no consumo, na saúde e educação, no habitat e muito mais.
A entrevista na íntegra disponível aqui
Fonte: Portal do Cooperativismo Financeiro