75 anos de história e um dia repleto de mensagens fortes para o setor agrícola e leiteiro português.
No passado sábado, 06 de julho, data em que se assinalou o Dia Internacional das Cooperativas, a AGROS celebrou os seus 75 anos de vida e o movimento cooperativo nacional.
Contando com a ilustre presença de várias personalidades do Governo e do Poder Local do País, esta cerimónia, decorrida na sede da Cooperativa na Póvoa de Varzim, foi palco de várias intervenções dignas de recordar.
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“Dedicação, resiliência, coragem e vitória. Cá vos espero em Belém para vos testemunhar, presencialmente, o reconhecimento de Portugal.”
– Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa
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As palavras são de Marcelo Rebelo de Sousa que, apesar de não poder estar presencialmente na Abertura da Cerimónia, não deixou de enviar uma forte mensagem à AGROS.
Traduzindo o que foram os últimos 75 anos ao recordar momentos chave destas décadas de mudança cruciais e determinantes para a sociedade que vivemos hoje, o Presidente da República agradeceu o serviço da União de Cooperativas, congratulou a visão, perspetiva, inovação, união, dedicação, resiliência, coragem e vitórias conquistadas desde 1949, e prometeu, no futuro próximo, oferecer à AGROS o reconhecimento pelo Estado Português dos 75 anos de vida ao serviço de Portugal.
“75 anos é muita história, é muita gente, é muito território, é muita vida, mas é também muita responsabilidade que não negamos, nem fugimos.”
-Idalino Leão, Presidente da AGROS e da CONFAGRI
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Sabendo ser difícil traduzir em números tudo o que realmente é a AGROS, Idalino Leão não deixou de enunciar alguns dados que melhor dão a conhecer aquela que é a maior cooperativa agrícola do país.
Como tal, o Presidente da AGROS e da CONFAGRI, revelou que esta organização é composta por 44 cooperativas dos 5 distritos do Norte do País, somando 65 mil agricultores como sócios, gerando mais de 2 mil postos de trabalho diretos e produzindo um Volume de Negócios de 840 milhões de euros.
Demonstrando que AGROS é economia, o Presidente manifestou o seu desejo de que esta seja, igualmente, educação.
Denunciando a hostilidade que existe entre as camadas mais jovens e o preconceito pela profissão digna de agricultor, Idalino Leão pediu a Luís Montenegro, Primeiro-Ministro de Portugal, que ajudasse a acabar, de uma vez por todas, com esta iliteracia existente. De outra forma, será impossível contrariar o “maior falhanço da PAC” que se prende com o grave problema da renovação geracional do setor agrícola e, particularmente, do setor leiteiro.
“Somos o único setor que contribui de forma direta por aquilo que faz para a descarbonização da economia.”
-Idalino Leão, Presidente da AGROS e da CONFAGRI
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Outra inquietação que Idalino Leão não pôde deixar de partilhar foi a necessidade de se contrariar a ideia de que a produção agrícola é prejudicial ao ambiente. Sendo os jardineiros da paisagem, os primeiros a sentir as alterações climáticas e a preocupar-se com elas, os agricultores não são menos do que os primeiros ambientalistas.
E se entre ambiente e agricultura se deve pôr a colher, à luz da mais recente aprovação da Lei do Restauro da Natureza, Idalino Leão, não escondeu o seu desagrado com o que pensa ser uma “má lei” com um “bonito nome”, frisando que, agora, será necessário acautelar e medir as consequências económicas e sociais que estas poderão ter na sua aplicação prática, pedindo aos governantes que não deixassem de incluir os agricultores nestas decisões que tanto impacto vão ter na sua atividade profissional.
Reforçando o papel preponderante que a proximidade entre Ministérios e forças decisoras desempenham no alcance de sucessos como os até agora conquistados, o Presidente da AGROS não deixou de referir a importância crucial da proximidade com as pessoas, pois a agricultura é um fator preponderante para garantir a coesão territorial e a gestão ativa do território que, sem as Direções Regionais é muito difícil de conseguir, facto que tem vindo a insistir desde que o Governo tomou posse.
“O setor agroalimentar é fundamental para a nossa autonomia estratégica, para a nossa coesão, para o nosso turismo, para o nosso comércio, para a nossa gastronomia, para a nossa tradição, para o nosso PIB, e para os milhares de postos de trabalho gerados de forma direta e indireta.”
– Idalino Leão, Presidente da AGROS e da CONFAGRI
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Como tal, merece não só a continuidade das verbas de investimento do PEPAC, mas também a equidade dos custos de energia a nível ibérico, de forma a não abdicar e condenar o sucesso futuro de um setor tão próspero, moderno e resiliente como o setor agroalimentar tem dado provas de ser.
Na sua última nota, o Presidente destacou também que o cooperativismo merece, precisa e exige fazer parte deste mesmo futuro, quanto mais não seja por continuar a fazer cumprir o seu papel social e económico em áreas do país a que o Estado já não dá resposta. Por isso, para Idalino Leão, deve garantir-se que criadas medidas específicas para a capacitação institucional das cooperativas, quer em matéria de recursos humanos e de infraestruturas, quer em ganhos de escala.
“Um dia de festa que assinala a valorização de um modelo de negócio centrado nas pessoas, inspirado na ética, na coo-responsabilização, na democracia, na equidade e na solidariedade.”
– Julieta Sanches, Presidente da Direção da CONFECOOP
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Guiados pelo sonho e pelos objetivos mais nobres do homem, Julieta Sanches deu continuidade à enfatização da importância e reconhecimento merecidos pelo cooperativismo, demonstrando a sua gratidão e apreço por este modelo de negócio que dá primazia à reforma social.
Neste dia de dupla celebração, ninguém melhor que a CONFECOOP podia ter feito o balanço do que fomos e do que somos, aspirando construir um mundo melhor através de valores democráticos, solidários e éticos, para que possamos continuar a dar resposta aos emergentes desafios sociais e económicos da nossa sociedade.
“Nós não devemos olhar com desdém para os agricultores e seus descendentes, devemos olhar para eles com gratidão e com sentido patriótico, de que cumprem uma tarefa nobre.”
– Luís Montenegro, Primeiro-Ministro de Portugal
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A promessa de voltar a enaltecer o setor primário não ficou esquecida para Luís Montenegro que confessa ter ficado “chocado” por o problema da hostilidade referido por Idalino Leão “ainda” acontecer na nossa sociedade.
Garantindo que esta situação precisa mesmo de ser revertida, e que pretende vencer esta trajetória que se traduz no envelhecimento da população agrícola ativa e que coloca em causa o futuro, sobrevivência, sustentabilidade e rentabilidade do setor agroalimentar, o Primeiro-Ministro reforçou que, para o Governo atual, o setor primário se afigura como estratégico, já que é capaz de garantir a nossa capacidade de autonomia alimentar, independência do exterior, criar postos de trabalho diretos e indiretos e, em última instância, produzir riqueza. Ademais, sem uma agricultura forte, Portugal não terá a capacidade de garantir a tão desejada coesão territorial, o que levará ao abandono e despovoamento dos territórios e, claro, ao aumento de riscos da criminalidade e da perda de recursos por via de fenómenos extremos.
“Se há o que caracteriza um agricultor é a sua paixão e o apego a terra. E quem tem paixão e apego à terra não pode deixar de a tratar.”
– Luís Montenegro, Primeiro-Ministro de Portugal
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Atendendo às preocupações e divergências entre agricultura e ambiente expostas pelo Presidente da AGROS e da CONFAGRI, o Primeiro-Ministro voltou a estar em linha com o que anteriormente já tinha sido dito pelo Ministro da Agricultura e pelo Secretário de Estado do Ambiente aquando da Conferência “Agricultura e Ambiente: Desafios para o Setor Agroalimentar” promovida pela CONFAGRI: as pastas do Ambiente e da Agricultura caminham de mãos dadas.
Admitindo estar a trabalhar para que a Europa seja menos “papista que o Papa” no que toca a encargos, restrições, burocracias e parâmetros, Montenegro assegurou que não compactuará com um conjunto de regras que encarecem o produto e levam ao absurdo de não se conseguir dar futuro e rentabilidade aos agricultores portugueses ao mesmo tempo que se enchem as prateleiras de supermercados de produtos que nem sequer cumprem as mesmas obrigações de segurança e qualidade que os dos produtores europeus.
Assegurando estar com os agricultores, com os produtores e com os jovens, o Primeiro-Ministro diz estar certo que, trabalhando para retirar os entraves que têm sido criados aos agricultores, o valor da agricultura e do setor agroalimentar aumentará ainda mais do que tem vindo a aumentar, não obstante o afastamento entre a administração central e os agricultores e os impactos negativos das regras europeias.
“Não desistam de Portugal. Não vamos desistir de Portugal. Não vamos desistir da agricultura, das pescas, das florestas, nós não vamos desistir da economia que se gera a partir destes que são os elementos do nosso património. Jamais desistiríamos do essencial que são as pessoas. Mas aproveitemos, saibamos aproveitar a potencialidade que o nosso espaço oferece do ponto de vista natural, aquilo que são os nossos recursos naturais, utilizemos a formação, utilizemos a ciência, a capacidade de investigar e de inovar e saibamos tirar partido daquilo que temos: se o conseguirmos fazer, não vai haver ou vai haver cada vez menos razões para perdermos as futuras gerações para o estrangeiro.”
– Luís Montenegro, Primeiro-Ministro de Portugal
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A CONFAGRI não podia estar mais satisfeita pelo sucesso enorme desta dupla celebração, pelo reconhecimento oferecido ao cooperativismo, e especialmente ao ramo agrícola, esperando que as ideias trocadas e a promessas feitas se realizem brevemente.
À AGROS desejamos tudo o que se pode desejar a um grande amigo: a vontade e certeza de que os anos passarão e nós cá ficaremos, prontos para crescer conjuntamente.
Muitos parabéns e Viva o Cooperativismo!
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