O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou ontem, terça-feira, apoio a um «combate cultural» em defesa do consumo do leite, considerando que deve começar nas escolas e que representa uma causa nacional pela produção portuguesa.
No encerramento do Fórum “Leite – Produto Nacional de Excelência”, na sede da CONFAGRI (Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal), em Lisboa, o chefe de Estado sustentou que «há aqui uma batalha a fazer, e é uma batalha de ideias, é uma batalha cultural, é uma batalha de mentalidade», contra aqueles que pretendem «minimizar o papel do leite».
«Eu até sugeri, e hoje volto a sugerir: é uma batalha que deve começar nas escolas, deve começar nas crianças e nos jovens, deve começar nas famílias e nas escolas, porque é por aí que começa a compreensão da importância do leite. Mais tarde, também é importante essa batalha, mas ela ganha-se ou perde-se mais cedo», acrescentou.
No seu entender, é preciso chamar especialistas em nutrição que possam explicar «por que é que não era verdade aquilo que se dizia contra o leite» e juntar produtores para discutir «o que se pode fazer para tornar o leite mais próximo das portuguesas e dos portugueses».
Antes, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu o presidente desta organização e da FENALAC (Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite), Manuel dos Santos Gomes, queixar-se de que este setor é alvo «de uma verdadeira campanha de desinformação» em Portugal, fomentada por «interesses comerciais antagonistas» e por «correntes filosóficas e políticas».
«Assistimos diariamente a ataques ao consumo de leite, através de um conjunto de mitos e inverdades relativos à sua incorporação na dieta humana. Ainda que infundadas, as suspeições sobre o leite levaram a uma quebra do consumo do leite em Portugal», declarou Manuel dos Santos Gomes, referindo, contudo, que em 2016 houve uma recuperação face ao ano anterior.
O Presidente da República, que discursou em seguida, concordou que «há aqui uma batalha a fazer» em defesa do consumo do leite, e rejeitou que isso corresponda a um «hipernacionalismo ultrapassado» ou a um «protecionismo comercial».
«É para afirmarmos a qualidade do que é nosso e para apoiarmos e estimularmos os nossos produtores, e a criação de emprego em Portugal», contrapôs, acrescentando que, assim como «é hoje a propósito do leite, pode ser amanhã a propósito de qualquer outro tipo de produção».
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, como Presidente, «está na primeira linha do combate pela produção portuguesa de qualidade» e ressalvou: «Não é uma luta contra ninguém, mas é uma luta a favor daquilo que nós produzimos e produzimos bem».
O chefe de Estado disse que este «é um combate comum, é um combate nacional», e não regional, e incentivou todos os que estão ligados a este setor a irem para o terreno, para as escolas de todo o país.
«Tem de ser um combate constante, porque é um combate da mentalidade, é um combate cultural, é tão importante quanto o combate da produção. De pouco serve produzir, se essa produção não for acompanhada da compreensão daquilo que se produziu», argumentou.
No final das intervenções, houve prova de produtos lácteos e um grupo de crianças da Escola Básica Alice Vieira cantou uma canção ao Presidente da República, que começava com a frase “o iogurte é o que a gente curte”, que Marcelo Rebelo de Sousa acompanhou com palmas.
Fonte: Lusa