Mais de 13 mil capturas registadas no Plano Municipal de Combate à Vespa Velutina em Montalegre

Confagri 26 Jun 2019

Tendo em conta o elevado risco ecológico que representa para a saúde pública e economia local, o município de Montalegre elaborou um plano municipal de combate à vespa velutina.

Esta ação contemplou, como medida primária, a implementação de uma rede de 200 armadilhas dispersas por todas as localidades do concelho, entre os inícios dos meses de março e meados de junho, período em que estas vespas saem da sua hibernação. Neste particular, o município de Montalegre é um dos pioneiros nesta matéria onde já foram feitas, até à data, seis monitorizações de onde foram capturadas 3.990 vespas velutina e 9.013 vespas crabro, totalizando 13.003 capturas.

As armadilhas que foram colocadas no terreno permitem capturar e monitorizar as vespas fundadoras, futuras rainhas dos ninhos, com o objetivo de evitar o desenvolvimento de posteriores ninhos, entre junho e dezembro e, por arrasto, travar a proliferação exponencial destas vespas. Após este período, as vespas que não foram capturadas irão desenvolver, numa primeira fase, um ninho primário, onde se desenvolverão as primeiras vespas obreiras. Ato contínuo, abandonaram este ninho e desenvolvem os ninhos definitivos, ninhos que tem uma forma arredondada ou de “pera”, cujo diâmetro pode atingir de 40 a 80 centímetros.

 

Sessões de Esclarecimento:

Sublinhar que o Plano Municipal de Combate à Vespa Velutina define, ainda, os procedimentos e regras a seguir aquando da identificação e posterior eliminação dos ninhos. Neste sentido, estão agendadas no concelho, para breve, sessões de esclarecimento sobre o tema onde irão ser dadas orientações para a criação de armadilhas e atrativos caseiros para capturar estas vespas. O município defende que é de extrema importância a difusão de informação sobre este tema, para que cada cidadão possa ter um papel ativo na identificação e comunicação de avistamento destas vespas e dos seus ninhos.

 

Perguntas/Respostas:

Como é a vespa-asiática (Vespa velutina)?

Não há como a confundir: tem a cabeça preta com face laranja ou amarelada, o corpo castanho-escuro ou preto, um segmento no abdómen amarelo-alaranjado na parte dorsal, as asas escuras e as patas castanhas com extremidades amarelas. Os seus ninhos são arredondados, podendo chegar a um metro de altura e até 80 centímetros de diâmetro. Cada um pode albergar entre 2.000 a 13.000 vespas.

Como se comporta?

É diurna e predadora de outras vespas, abelhas, entre outros insetos. O seu método de ataque é simples: começa por esperar as abelhas carregadas de pólen junto das colmeias. Depois, captura-as e corta-lhes a cabeça, patas e ferrão, para aproveitar o tórax, a parte mais rica em proteínas. Por fim, transporta-as para o seu ninho para alimentar

as larvas. Tem um ciclo biológico anual, sendo que atinge a máxima atividade no Verão, devido ao aumento de ninhos e crescimento da colónia.

Quando chegou a vespa-asiática a Portugal?

A sua presença em Portugal foi detetada, pela primeira vez, em setembro de 2011 em quatro apiários no concelho de Viana do Castelo, segundo o artigo “A Vespa Velutina em Portugal Continental e a Apicultura Nacional”, de Miguel Maia e José Manuel Grosso-Silva, publicado em 2012 na revista O Apicultor.

De onde veio?

A Vespa velutina é originária de uma área de distribuição que abrange as regiões tropicais e subtropicais desde o Norte

da Índia até ao Leste da China, Indochina e arquipélago da Indonésia. Dentro desta área, vive nas zonas montanhosas e mais frescas. Já a subespécie Vespa velutina nigrithorax (que se encontra em Portugal) habita no Norte da Índia, Butão, China e nas montanhas das ilhas de Samatra e Celebes. Há mais de uma década que a Vespa velutina foi detetada fora da sua área de distribuição natural, nomeadamente na Coreia do Sul em 2003 e na Europa em 2004. “A vespa-asiática foi introduzida na Europa, através de um transporte de hortícolas vindos da China e que foi desembarcado no porto de Bordéus (França) no ano de 2004”, lê-se no artigo na revista O Apicultor. Depois, em 2010 foi confirmada no Nordeste de Espanha, em 2011 na Bélgica e em 2012 em Itália.

Quais as zonas mais afetadas pela vespa-asiática em Portugal?

Até agora, a presença da vespa-asiática em Portugal foi confirmada no Norte e no Centro do país, até à bacia do Tejo, mas estima-se que vá colonizar todo o território continental. A localização dos ninhos e dos avistamentos dos insetos pode ser visto na plataforma SOS Vespa (www.sosvespa.pt), que cartografa e monitoriza essas ocorrências através da colaboração de cidadãos e de instituições. Como a plataforma gerida pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) depende dessa colaboração e porque já havia outros canais de informação e sistema de deteção a funcionar, os valores de alguns distritos não correspondem à situação real.

Quais os principais efeitos e consequências?

Há quatro grandes efeitos da presença da vespa-asiática em Portugal, segundo o Plano de Ação para a Vigilância e Controlo

da Vespa velutina em Portugal (revisto em janeiro de 2018), desenvolvido pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária e pelo ICNF com o contributo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Na apicultura causa perdas devido à predação da abelha-europeia (Apis mellifera) e pela diminuição da atividade das abelhas, pois há menos mel e polinização vegetal. Já na agricultura, além de haver uma menor atividade de polinização, pode influenciar a produção frutícola. A vespa-asiática pode afetar o bem-estar e a segurança das pessoas. «Embora não sendo individualmente mais agressiva para o ser humano do que a vespa-europeia, reage de forma bastante agressiva às ameaças do ninho», lê-se no plano. Por exemplo, se se sentir ameaçada a cinco metros, pode responder em grupo e perseguir essa ameaça a cerca de 500 metros. Por fim, como é uma espécie invasora, «pode originar a médio prazo impactos significativos na biodiversidade».

Como se pode comunicar a deteção ou suspeita de ninhos e de exemplares de vespa-asiática?

Pode preencher-se um formulário na plataforma SOS Vespa; completar o anexo IV do plano de ação já mencionado e enviá-lo para a Câmara Municipal da área de deteção; contactar a linha SOS Ambiente (808 200 520) ou pedir a colaboração da junta de freguesia da área da observação. Relativamente à destruição dos ninhos, devem seguir-se as orientações do plano de ação e usar equipamentos de proteção. Nunca se deve usar armas de fogo, pois só destrói parcialmente o ninho e contribui para a dispersão das vespas.

Fonte: Gazeta Rural

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