Fonte: INE
As previsões agrícolas, em 31 de julho, apontam para aumentos de produtividade, face à campanha anterior, na maioria dos frutos frescos e nas vinhas para vinho. Na maçã e no pêssego, a floração e o vingamento dos frutos decorreram em condições bastante favoráveis, prevendo-se rendimentos unitários ao nível dos mais elevados das últimas décadas. Na amêndoa, a entrada em produção das novas plantações também fez aumentar significativamente a produtividade, situação que, provavelmente, deverá repetir-se ao longo das próximas campanhas. Quanto à vinha, antecipa-se um aumento de 10% face à vindima de 2018.
Nas culturas de primavera/verão, prevê-se a manutenção da área semeada de milho para grão, após cinco anos consecutivos de redução. A colheita de tomate para a indústria começou na última semana de julho, estimando-se um aumento de produtividade de 10%, com os frutos a apresentarem boa coloração vermelha, valorizada pela indústria.
Também na batata de regadio a variação positiva da produtividade deverá ser na ordem dos 10%, enquanto no girassol será de 5%. Para o arroz prevê-se a manutenção do rendimento unitário da campanha anterior, com registo de problemas de salinidade nas águas de rega.
Quanto aos cereais de outono/inverno, cuja colheita está maioritariamente concluída, a produção deverá ficar abaixo das 200 mil toneladas (-11% que em 2018).
O mês de julho caracterizou-se como seco, com um valor médio da precipitação de 5,9 mm, cerca de 43% da normal (1971-2000). Quanto à temperatura do ar, julho classificou-se como normal, com picos de temperatura máxima acima da média entre os dias 10 e 12 e na semana de 17 a 24. De notar que este mês foi também caracterizado pela ocorrência de vento, em particular na segunda quinzena e no litoral a sul do Cabo da Roca e zonas altas.
No final de julho, e de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI1, observou-se uma intensificação da situação de seca meteorológica: todo o território encontrava-se em seca meteorológica (98% em junho), sendo que as classes mais intensas (extrema e severa) estendiam-se por 37,8% do Continente (33,9% em junho).
Estas condições meteorológicas permitiram a realização dos trabalhos agrícolas, quer manuais quer mecanizados, e favoreceram, duma forma geral, o desenvolvimento das culturas instaladas.
Produção forrageira inferior a um ano normal
Os prados e pastagens de sequeiro estão em fim de ciclo, praticamente sem biomassa disponível ou, quando ainda existe, com um valor nutritivo muito reduzido. A maioria das explorações de produção pecuária em regime extensivo tem recorrido à utilização de alimentos conservados (fenos, silagens ou fenossilagens), em quantidades consideradas normais para a época. Globalmente, a produção forrageira foi inferior ao habitual, quer nas áreas de pastoreio direto quer nas superfícies destinadas à obtenção de alimentos conservados, situação que poderá ter implicações na alimentação dos efetivos nas épocas de menor disponibilidade alimentar das pastagens.
Subida do preço do milho sustenta manutenção da superfície semeada
As sementeiras de milho iniciaram-se em meados de abril e estão concluídas. Ao contrário do que sucedeu nas últimas cinco campanhas, a superfície de milho não deverá descer, mantendo-se próxima dos valores observados em 2018 (83 mil hectares).
As searas apresentam um bom desenvolvimento vegetativo e uma coloração intensa, sendo que as de sementeira mais precoce já se encontram na fase de início de floração.
Condições climáticas atrasam o ciclo cultural do arroz
No arroz as sementeiras também já se encontram concluídas. As germinações foram regulares, com bons povoamentos e ausência de infestantes, mas a falta de períodos prolongados de temperaturas elevadas, bem como a persistência de neblinas matinais (no litoral Centro), atrasaram o ciclo vegetativo e impediram um desenvolvimento mais rápido e sustentado. Numa altura em que a grande maioria das searas ainda está na fase de encanamento, e apenas as
sementeiras de abril/maio já se encontram em floração, as previsões continuam a apontar para a manutenção da produtividade da campanha anterior, 8% abaixo da média do último quinquénio. Para este facto também contribuíram os problemas de salinidade elevada na água de rega das searas de arroz da zona de Samora Correia e no Campo de Vila Franca de Xira.
Produtividade da batata de regadio aumenta
A apanha da batata de regadio está a decorrer e confirmam-se os aumentos de produtividade face à campanha anterior (+10%), estimando-se que se possa ultrapassar as 24 toneladas por hectare. Os tratamentos fitossanitários preventivos, nomeadamente para combater o míldio, foram eficazes, tendo sido possível obter tubérculos de bom calibre e qualidade. Para a batata de sequeiro, as previsões apontam para um aumento da produção em 5%, face a 2018. De notar que o escoamento da produção tem decorrido sem dificuldades.
Campanha de tomate para a indústria com boas perspetivas
A plantação do tomate para a indústria concluiu-se no início de junho e as primeiras colheitas iniciaram-se na semana 31 (29 de julho a 4 de agosto). O desenvolvimento vegetativo foi regular e apesar de alguns focos localizados de míldio e de ácaros, que obrigaram à realização de tratamentos já na fase final do ciclo, não se registaram prejuízos anormais causados por problemas fitossanitários. A amostra de frutos, em quantidade e com boa cor, permite antever um aumento de 10% na produtividade face a 2018, para valores próximos dos alcançados em 2015 (que, recorde-se, foi a campanha mais produtiva desde que há registos estatísticos sistemáticos).
Quanto ao girassol, o ano tem decorrido favoravelmente em termos meteorológicos. Nas últimas campanhas o cultivo tem vindo a concentrar-se em áreas de regadio, com elevado potencial para esta cultura, o que tem promovido um aumento sustentável do rendimento unitário alcançado. Estima-se que a produtividade se possa situar próxima das 1,9 toneladas por hectare, 5% acima da alcançada em 2018 e 33% superior à dos últimos cinco anos.
Produtividade das macieiras em níveis historicamente elevados
A floração/vingamento nas macieiras decorreu com condições meteorológicas bastante favoráveis. O estado vegetativo é em geral bom, com uma considerável amostra de frutos de bom calibre e coloração, estando a colheita para breve nas principais regiões produtoras. Na Beira Douro e Távora, face ao elevado número de frutos por árvore que permaneceram mesmo após a monda química, foi necessário recorrer à monda manual e ao reforço das regas por forma a obter maçãs de calibre comercializável. Também no Alto Oeste, o rendimento unitário deverá aumentar relativamente a 2018. A única exceção aos aumentos generalizados de produtividade deverá ser a zona do Planalto Mirandês, assolada por uma trovoada, acompanhada de chuva intensa e forte queda de granizo (dia 13 de julho), que provocou avultados prejuízos nas culturas instaladas. Globalmente, prevê-se que a campanha de 2019 seja uma das mais produtivas de sempre, com um rendimento unitário de 23,9 toneladas por hectare, 30% acima da campanha anterior.
Na pera, a produtividade deverá ser semelhante à observada na campanha anterior. Com cerca de 85% dos pomares situados no Oeste, a pera tende a evidenciar anualmente esta concentração, sobretudo por refletir as condições meteorológicas e as pressões fitossanitárias que afetam esta zona, sendo muito residual o impacto das variações de produtividade das restantes regiões produtoras. Assim, após um vingamento irregular, devido às baixas temperaturas noturnas e à precipitação registadas naquela região em abril e à ocorrência de focos de estenfiliose no Baixo Oeste, a produtividade deverá manter-se próxima das 13,0 toneladas por hectare (-0,8 toneladas por hectare, face à média das últimas cinco campanhas).
Carga de frutos muito elevada nos pessegueiros
Já se iniciou a apanha nos pomares de variedades precoces de pessegueiros. A carga de frutos é superior à da campanha anterior e a qualidade média é boa. Confirmam-se as previsões que apontam para que esta campanha seja a mais produtiva dos últimos trinta e três anos (13,8 toneladas por hectare).
Quanto à amêndoa, com a entrada em produção dos pomares instalados nos últimos três/quatro anos e a aproximação da produção cruzeiro dos plantados há seis/sete anos, regista-se um forte aumento da produtividade global, face à campanha anterior (+60%).
Aumento de produtividade face à última vindima
Para as vinhas, as condições meteorológicas ao longo da campanha foram, em geral, favoráveis. O inverno seco contribuiu para a destruição de muitos oósporos6
do míldio, sendo que na primavera, também seca, as condições não promoveram o surgimento de infeções primárias graves. A floração e a alimpa decorreram sem incidentes e o desenvolvimento dos cachos foi pontualmente condicionado por situações meteorológicas anómalas: escaldões provocados pelo pico de temperatura e vento quente e seco do dia 11 de julho, principalmente no Vale do Tejo e Alentejo; destruição dos bagos/cachos pelo granizo em Trás-os-Montes, no dia 13 de julho. Os arrefecimentos noturnos têm contribuído para avançar com o processo de maturação das uvas, estimando-se um aumento de produtividade de 10% face à vindima de 2018.
Na uva de mesa, a produtividade deverá registar uma redução de 5%.
Produção de cereais inferior a 200 mil toneladas
As colheitas dos cereais de outono/inverno estão maioritariamente concluídas, tendo-se observado uma grande variabilidade nas produções alcançadas em função da aptidão dos solos onde foram instaladas e da época de sementeira. Duma maneira geral, as searas de sequeiro encontravam-se rasteiras, consequência das elevadas temperaturas e escassa precipitação do mês de março (que interromperam os processos de desenvolvimento vegetativo e induziram um espigamento precoce). A estimativa das produções aponta para diminuições, face à campanha anterior, no trigo (essencialmente devido à redução de área), no triticale e cevada (em resultado de uma menor área instalada e de menor produtividade) e na aveia (devido à menor produtividade). O centeio, por ser produzido maioritariamente no interior Norte e Centro e não ter sido sujeito a condições meteorológicas tão adversas, deverá manter o nível de produção de 2018.