Fonte: barlavento.sapo.pt
Campanha de citrinos no Algarve deverá continuar a bater recordes de produção com elevada qualidade segundo revela o diretor regional de Agricultura e Pescas Pedro Valadas Monteiro.
Foi sem grande surpresa que Pedro Valadas Monteiro, responsável pela Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve, recebeu a notícia que em 2021, a cadeia de distribuição Continente vai adquirir 14,5 mil toneladas de laranja algarvia aos produtores, mais cinco por cento do que no passado.
«Esta campanha está a correr, em princípio, de uma forma muito semelhante à anterior, que foi excelente. Ou seja, bateram-se recordes de exportação. As grandes superfícies também estão a comprar cada vez mais os nossos citrinos», disse ao barlavento.
Um facto muito importante neste sucesso tem a ver com a certificação, isto é a Indicação Geográfica Protegida (IGP), sobretudo no que toca à laranja algarvia.
«Cada vez mais o que se procura, quer no mercado de exportação, quer no mercado interno, é da laranja certificada com IGP. É isso que nos distingue. A prática diz que, por termos um conjunto de caraterísticas a nível de solos e de climas, conseguimos produzir um produto que é distinto do que é feito noutras regiões», explicou.
Em termos de quantidades, Pedro Valadas Monteiro prevê que devido ao atual contexto pandémico, possa haver «uma ligeira quebra».
«Na campanha de 2018/19 já tínhamos atingido um recorde no Algarve com 400 mil toneladas. Portanto, mesmo que na 2019/20 tenha havido ali um ligeiro decréscimo, andamos sempre a bater acima das 350 mil toneladas e esta também vai pelo mesmo caminho. Vamos passar outra vez as 350 mil toneladas», estimou.
A quantidade, neste caso, compensa. «As cotações de mercado continuam muito boas. No ano passado, a partir de março, ou seja mais ou menos quando começou a pandemia, os preços médios rondaram os 0,50 cêntimos por quilo e nalguns períodos chegámos acima do 1,05 euros por quilo, na laranja para exportação. Porquê? Porque havia uma fortíssima procura por parte dos países do norte e do centro da Europa pela laranja do Algarve».
Já em relação à encomenda da cadeia Continente, «não me surpreende porque essa procura tem vindo sistematicamente a aumentar de ano para ano e sempre, cada vez mais, a cavalgar a chancela da IGP Citrinos do Algarve. É a certificação que está a impulsionar. Essa tendência está a ser feita por outras distribuidoras tanto nacionais, como insígnias estrangeiras».
Apesar dos tempos adversos para a generalidade da economia, Pedro Valadas Monteiro está otimista.
«O Algarve tem dois tipos de agricultura e ambos são compagináveis e fundamentais. Temos uma agricultura empresarial, competitiva, de exportação, baseada nos hortofrutícolas. Falo na laranja, no abacate, nos frutos vermelhos, na alfarroba, que também está com excelentes cotações, no vinho, na vinha e na produção vitivinícola. É uma agricultura competitiva, consegue estar no mercado global, consegue concorrer com os grandes players e com os grandes países».
Por outro lado, existe «a pequena agricultura, diversificada, familiar, que é fundamental também do ponto de vista da coesão social e da ocupação territorial harmoniosa dos territórios. Também tem de ser apoiada. Para isso temos de ter modelos de escoamento adequados a essa realidade», como a futura Rede de Produtores Locais do Algarve, que apostará nos circuitos curtos, numa ligação direta do produtor ao consumidor. Ainda em relação aos citrinos, «no ano passado, o contributo para as exportações nacionais aumentaram 50 por cento, que é um ganho extraordinário», concluiu.
IGP Algarve é sinónimo de confiança
Há 2000 hectares de pomares distribuídos entre Tavira e Silves que pertencem a cerca de 100 produtores que compõem as quatro organizações de produtores membros do Clube de Produtores do Continente (CPC), cadeia de distribuição do grupo Sonae.
Todas estas laranjas algarvias possuem a certificação IGP (Indicação Geográfica Protegida) que atesta que este produto possui uma determinada qualidade, reputação ou outras características que podem ser essencialmente atribuídas à sua origem geográfica.
Ondina Afonso, presidente do CPC, afirma que «a segurança que sentimos em relação à qualidade das laranjas do Algarve, produzida pelos nossos produtores, permitiu diversificar a oferta através da disponibilização de sumo de laranja do Algarve nas nossas lojas, precisamente numa altura em que os nossos clientes procuram alimentos que possam reforçar a sua imunidade» à COVID-19.
Ainda segundo a líder do agrupamento, as vendas de produtos portugueses naquela cadeia de distribuição têm aumentado de forma progressiva, sendo que no último ano foram adquiridas mais de 160 mil toneladas de bens agroalimentares, entre os quais produtos exclusivos de origem certificada como as laranjas do Algarve, maçãs de Alcobaça e da Beira Alta ou a pêra rocha do Oeste, de Sintra, que também tem certificação DOP (Denominação de Origem Protegida).