As recentes declarações do secretário-geral do Conselho Nacional da Água (CNA) mostram a necessidade de reformulação da estrutura e do funcionamento deste órgão de consulta do Governo responsável pelo planeamento e pela gestão sustentável da água, criado no final da última década do século passado.
O desconhecimento revelado e os juízos de valor sobre a agricultura nacional e os agricultores apresentados pelo secretário-geral daquele órgão são inaceitáveis.
Efetivamente, a agricultura e a pecuária representam 74% dos volumes anuais de água utilizados no nosso país. No entanto, e de acordo com o relatório “Regadio 2030”, em Portugal, o consumo médio de água por hectare regado passou, em algumas décadas, de 15.000 para 4.000 m3/ha, valor médio que se verifica na atualidade. Esforço conseguido com o apoio de incentivos que permitiram a modernização e o uso mais eficiente dos sistemas de regadio.
Tendo, também presente as alterações climáticas e sendo necessário garantir maiores disponibilidades de água para as populações, para as atividades económicas e para os ecossistemas, as preocupações daquele órgão deveriam centrar-se na maximização do aproveitamento das afluências das principais albufeiras das bacias hidrográficas, com uma capacidade atual de retenção de apenas 20%, e na melhoria dos sistemas de abastecimento públicos que chegam a ter perdas de 80%. Mas é sempre mais fácil atacar a agricultura e os agricultores.
Por isso, a CONFAGRI considera urgente que o Conselho Nacional da Água e sua composição sejam reformulados dada a insuficiente representação da agricultura num órgão de tanta importância para o setor agrícola.