Fonte: GPP
O mês de junho de 2023 em Portugal continental classificou-se como muito quente em relação à temperatura do ar e muito chuvoso em relação à precipitação. Foi o 5º junho mais quente desde 1931 (mais alto em 2004, 23.25 °C); o valor médio da temperatura média do ar, 21.92 °C, foi + 2.49 °C superior ao valor normal 1971-2000.
Durante o mês verificaram-se, em geral, valores diários da temperatura do ar, acima do valor médio mensal. Destaca-se o período muito quente de 23 a 30 com 4 dias consecutivos (23 a 26) com desvios da temperatura máxima superiores a 7 °C e da temperatura mínima superiores a 5 °C. Ocorreu uma onda de calor com duração de 6 a 7 dias que abrangeu as regiões do interior Norte e Centro e a região Sul.
Em relação à precipitação registou-se um total de 47.9 mm que corresponde a 149 % do valor normal, sendo o 3º valor mais alto desde 2000. Valores superiores aos deste mês ocorreram em 20 % dos anos, desde 1931.
Em termos de distribuição espacial, os valores de precipitação foram superiores ao valor normal em quase toda a região a norte do Tejo, nalguns locais do interior Sul e da faixa costeira da região Sul. De salientar alguns locais do distrito de Vila Real com cerca de 2 a 3 vezes o valor médio. Por outro lado, verificaram-se valores inferiores ao normal em muito locais do Sul, em particular na bacia do Sado com percentagens inferiores a 75 %.
No final de junho, verificou-se uma diminuição dos valores de percentagem de água no solo em todo o território, sendo mais significativo nas regiões do vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
De acordo com o índice PDSI no final de junho, verificou-se uma diminuição da área em seca meteorológica e da sua intensidade, como resultado das condições de instabilidade em especial na região Norte. Destaca-se:
- Diminuição da classe de seca moderada na região Norte e Centro;
- Diminuição da área em seca severa e em seca extrema no vale do Tejo e Alentejo;
- Aumento da área em seca extrema no Algarve;
- Distribuição percentual por classes do índice PDSI no território: 14.6 % na classe normal, 42.3 % em seca fraca, 17.5 % em seca moderada, 21.8 % em seca severa e 3.8 % em seca extrema.
O índice SPI (Standardized Precipitation Index- Índice padronizado de precipitação) quantifica o défice ou o excesso de precipitação em diferentes escalas temporais, que refletem o impacto da seca nas diferentes disponibilidades de água. De salientar:
- No SPI 3 meses verificou-se uma diminuição da área e da intensidade em quase todas as bacias, sendo de salientar a bacia do Douro que já se encontra na classe normal. Por outro lado, as bacias do Sado, Mira e Guadiana estão na classe de seca severa.
- No SPI 6 meses quase todas as bacias estão nas classes de seca, sendo de salientar as bacias Mira e Ribeiras do Algarve em seca severa e as bacias Ribeiras do Oeste, Sado, e Guadiana em seca extrema.
- Nas escalas mais longas, SPI 9 e 12 meses, destacam-se também as bacias do Sul nas classes de seca fraca a moderada indicando que neste ultimo ano não houve uma recuperação efetiva nestas bacias.