Fonte: sulinformacao.pt
A produção de citrinos no Algarve foi bem superior à média, em 2022. Os números, avançados na semana passada, revelam que a seca, para já, não afetou, de forma notória, a principal cultura agrícola da região algarvia, mas, no futuro próximo, tudo pode mudar.
Ao todo, foram produzidas «entre 350 e 360 mil toneladas» de citrinos, na campanha que está a terminar, um valor «cerca de 15% em relação à campanha anterior», revelou Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve.
José Oliveira, administrador da Cacial, uma das maiores cooperativas de produtores do Algarve e presidente da AlgarOrange, associação que junta as principais associações e produtores de citrinos da região, corrobora o volume de produção e diz mesmo que «podemos estar a falar em cerca de 20% acima de um ano normal».
«Isso tem coisas boas e tem coisas más. Uma coisa boa de ter muita produção é, naturalmente, que, com mais quantidade, a possibilidade de negócio também é maior», disse.
«Mas também há o reverso da medalha, que é o mercado não absorver tudo – que foi o que aconteceu, o mercado caiu – o que se reflete nos preços, que diminuíram», revelou José Oliveira.
O administrador e os demais membros da direção da Cacial estiveram reunidos com uma delegação da DRAPAlg, nas instalações da cooperativa, no passado dia 27.
O objetivo da ação foi, por um lado, dar a conhecer as instalações da cooperativa e partilhar «preocupações e desafios».
No caso da Cacial, bem como dos outros associados da AlgarOrange – que, em conjunto, representam de 40% da produção total da região – a exportação tem sido uma forma de garantir um maior rendimento.
«Esta última campanha foi o terceiro ano de exportação para a Alemanha. Começámos com 650 toneladas, passámos, no ano a seguir, para as 1300 toneladas, e na campanha passada, atingimos as 2 mil toneladas. Temos a expetativa de aumentar isso para as 3 mil toneladas», revelou o administrador da Cacial.
«Se tivermos em conta toda a exportação que fazemos, podemos estar entre as 10 e as 12 mil toneladas», acrescentou.
No que toca ao volume de faturação, a Cacial ocupa atualmente o 29º lugar do ranking das empresas com domicílio fiscal no distrito de Faro, com 25 milhões de euros, e é a 24ª maior cooperativa nacional.
A cooperativa algarvia tem mais de cem trabalhadores, presta assistência técnica aos produtores com quem trabalha e possui várias certificações de âmbito nacional e internacional.
No final da visita técnica, que foi guiada pelo dirigente da Cacial Horácio Ferreira, o diretor regional de Agricultura e Pescas prometeu apoiar os produtores «na aposta continuada na valorização da IGP Citrinos do Algarve», mas também a enfrentar «a escassez de mão de obra, as ameaças fitossanitárias, com destaque para a mosca da fruta, e o inflacionamento do custo dos fatores de produção» e, claro, as consequências da seca e da pouca disponibilidade hídrica.
É que, se em 2022, «em termos de calibre e de qualidade, não se notou grande impacto da seca, apesar desta já durar há algum tempo», a situação poderá mudar rapidamente.
«Se persistir a falta de chuva, poderá haver problemas, nomeadamente ao nível do calibre. Mas só o tempo o dirá. Espero que chova mais do que choveu este ano», concluiu Pedro Valadas Monteiro.
Os resultados do 3º Balanço dos Citrinos do Algarve, com os dados finais da campanha, serão apresentados ao público e debatidos no dia 25 de Outubro no auditório da DRAPAlg, num evento organizado pela AlgarOrange e COTHN (Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional).