Fonte: expresso.pt
Pandemia, fenómenos naturais e greves dos trabalhadores tornaram-se “fatores imponderáveis” que levaram à escassez das matérias-primas.
As associações de produtores e a indústria transformadora prevêem que, nos próximos meses, os alimentos vão ficar mais caros. As previsões baseiam-se, segundo o “Jornal de Negócios”, na escassez das matérias-primas agrícolas, e a consequente subida de preço, e em outros fatores de produção.
A crise provocada pela pandemia foi uma das responsáveis pelos atrasos na produção, escassez de recursos humanos, demora nas entregas e pelo aumento dos custos com transporte e logística, explicita o presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), Jorge Tomás Henriques. “No último ano, temos estado a trabalhar num cenário de grande instabilidade, provocado pelos impactos diretos da pandemia”.
Para além da pandemia, o responsável da FIPA diz que nos últimos meses surgiram “fatores imponderáveis” relacionados com as matérias-primas, como os “fenómenos naturais” que afetaram culturas como a do milho na América do Sul, assim como a “greve prolongada” dos trabalhadores da soja na Argentina. “E se o milho aumenta, o trigo e a soja também, porque há um efeito de substituição”, explica o presidente da Associação dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), José Romão Braz.
O responsável pela detentora de marcas como a Milaneza e a Nacional descreve o cenário como “uma tempestade perfeita”. “O trigo mole, que é a matéria-prima base das farinhas, subiu 15% desde 31 dezembro de 2020 e, face ao final de 2019, a subida é superior a 30%”, destaca. No milho a subida é ainda maior: nos mesmos períodos, subiu 32% e 56%, respetivamente.
“A manter-se o cenário atual, os preços deverão subir entre 5% e 10%, à semelhança do que já se passa nos Estados Unidos”, esclarece o líder da IACA. “A expectativa é a de que o preço das rações continue a aumentar. Isso vai criar uma pressão adicional para os produtores agropecuários, que vão ter necessidade de repercutir os aumentos nos valores que praticam”, continua.
No entanto, também há escassez nas matérias-primas das embalagens. A Sumol+Compal teve de recorrer a novos fornecedores. “As matérias-primas onde sentimos mais impacto foram as relacionadas com materiais de embalagem, nomeadamente, plásticos, alumínio e cartão, uma vez que a origem de uma parte é na Ásia”, refere fonte da empresa.