Em entrevista ao Jornal Económico, ministro-adjunto e da Economia assegura que meta das exportações de 50 por cento por cento do Produto Interno Bruto em meados da próxima década não está em causa. «As empresas exportadoras têm crescido imenso em quota de mercado», realçou.
O desacelerar da economia mundial, em particular, da zona euro não coloca em causa a meta de que as exportações chegam a 50 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em meados da próxima década, segundo ministro-adjunto e da Economia.
Em entrevista ao Jornal Económico, Pedro Siza Vieira disse estar convencido «que as nossas exportações vão continuar a crescer mais do que a procura externa».
«Na estratégia para a internacionalização da economia portuguesa, definimos o objectivo de chegar aos 50 por cento do PIB como valor das exportações em meados da próxima década», salientou o ministro da tutela. «O Banco de Portugal numa última projecção disse que chegaríamos provavelmente a esse valor em 2021. Não quero comprometer-me com nenhuma previsão, acho que é possível que dentro da primeira metade da próxima década as exportações atingirão o valor desse objectivo».
Pedro Siza Vieira voltou a destacar a trajetória ascendente das exportações portuguesas. «Há dez anos atrás estávamos com cerca de 20 por cento, agora estamos com 45 por cento. A este ritmo de crescimento das exportações acima do crescimento do PIB, podemos chegar na primeira metade da próxima década a esse objectivo, que há 20 anos era impensável», frisou.
«As empresas exportadoras portuguesas têm crescido imenso em quota de mercado. Há três anos, por cada mil euros de importações para a União Europeia, sete euros eram de exportações portuguesas. Hoje são 9,3 euros, o que significa que as empresas portuguesas aumentaram a sua quota de mercado», disse. «Estou convencido que as nossas exportações vão continuar a crescer mais do que a procura externa. Estou a ver muitos exemplos de boas práticas empresariais, de inovação, muito investimento que está a ser agora concretizado, muito orientado para as exportações».
O ministro desvalorizou ainda as projeções de organismos como o Banco de Portugal e o FMI de que Portugal irá registar pela primeira vez ao fim de nove anos um défice na balança de bens e serviços, preferindo salientar que «se olharmos para estes quatro anos, as previsões que bateram mais certo foram as previsões que o Governo foi apresentando».
«Os modelos que as instituições fazem projectam as tendências mais recentes. E o que é que estamos a ver? Que houve um crescimento das importações, arrastado pelo crescimento do investimento. Se as empresas estão a investir mais, estão a comprar mais máquinas e equipamentos», realçou.
«Estamos a ver uma abertura muito grande de centros de engenharia, de desenvolvimento de aplicações, de software. Vemos, por exemplo, investimentos da BWM, da Volkswagen e da Mercedes, a instalarem aqui centros de software para os seus automóveis e camiões. Estamos a ver a Cisco, o BNP Paribas, uma série de empresas tecnológicas a trazerem para aqui centros de inteligência artificial e que vão vender para o mundo inteiro. Isto são exportações de serviços. O movimento de investimento estrangeiro e nacional que estamos a ver está extremamente orientado para os mercados externos», acrescentou.
Siz Vieira destacou que os investimentos apenas são feitos quando as empresas sabem que irão ter alguma correspondência. «Quando a Volkswagen decide instalar aqui o novo modelo é porque sabe que as exportações depois crescem, como estamos a ver com o T-Roc. Quando em Mangualde vamos ter um novo modelo a ser desenvolvido sabemos que as exportações ali vão crescer. Quando sabemos que a Bosch está a desenvolver novos produtos que estão a ser inventados e produzidos em Portugal, sabemos que vamos exportar não só em volume mais, mas também o valor das exportações vai ser superior. São todos estes exemplos nos permitem supor que as exportações, sejam de bens, sejam de serviços estão a puxar pela economia», disse.
Fonte: jornaleconómico