Perda de culturas para pragas de insetos irá agravar-se com o aumento das temperaturas

Confagri 04 Set 2018

«Os cientistas estimam que, com o aumento das temperaturas em dois graus Celsius, as perdas relacionadas com as pragas aumentem 49, 19 e 31 por cento para o trigo, o arroz e o milho, as três culturas estudadas»

A quebra de produtividade devido a pragas de insetos no milho, no trigo e no arroz pode aumentar entre 10 a 25 por cento cada grau a mais. É certo que a produtividade das culturas agrícolas diminui à medida que as temperaturas aumentam com as alterações climáticas. Agora, um grupo de investigadores norte-americanos provou que essa perda pode vir a ser agravada entre 10 a 25 por cento pelas pragas de insetos, que já são responsáveis por quebras na ordem dos 5 a 20 por cento, por cada grau a mais em relação à temperatura média.

Os cientistas estimam que, com o aumento das temperaturas em dois graus Celsius, as perdas relacionadas com as pragas aumentem 49, 19 e 31 por cento para o trigo, o arroz e o milho, as três culturas estudadas, respetivamente. O que corresponde a perdas de 59, 92 e 62 megatoneladas por ano.

O trabalho dos investigadores norte-americanos das universidades de Washington, Colorado, Vermont e Stanford foi publicado na revista Science, na passada sexta-feira. O trabalho baseia-se em dados sobre 38 espécies de insetos diferentes.

«Usámos as relações estabelecidas entre a temperatura, o crescimento populacional e as taxas metabólicas dos insetos para estimar como e onde o aquecimento global provocará o aumento das perdas de produtividade», explicam os investigadores no artigo.

Outra das conclusões a que chegaram é que «as perdas serão mais agudas em áreas onde o aquecimento provoca um maior crescimento populacional e aumento das taxas metabólicas dos insetos». Estas condições existem nas zonas temperadas, onde a maioria destes cereais é produzida.

Aquilo que os agricultores tentam fazer atualmente para controlar estas pragas será infrutífero. «A aplicação de mais pesticidas, o uso de culturas geneticamente modificadas e práticas como a rotação de culturas ajudarão a controlar as perdas de insetos. Mas ainda parece que em praticamente todos os cenários de mudança, as pragas serão as vencedoras», diz ao jornal britânico The Guardian Rosamond Naylor, investigador na Universidade de Stanford e um dos membros da equipa.

Entre os cinco principais produtores destes cereais estimam-se perdas adicionais significativas. No caso do arroz, cuja produção é dominada pela China, as quebras oscilam entre os 3,4 por cento (China) e 1,7 por cento (Bangladesh). Quanto ao milho, também é a China que perderá mais, 2,9 por cento. O maior produtor do mundo, os Estados Unidos da América (EUA), deve perder 2,1 por cento só por causa do aumento das populações de insetos. O trigo é a cultura para a qual se preveem quebras adicionais mais significativas, com a Rússia a perder mais, 5,9 por cento.

«O quadro geral é que quem está a produzir muita comida numa região temperada, será mais atingido», disse Scott Merrill, da Universidade de Vermont, outro membro da equipa, ao The Guardian.

Mesmo assim, este trabalho não tem em conta alguns cenários, diz Markus Riegler do Instituto do Ambiente de Hawkesbury, da Western University of Sidney, num comentário ao estudo também publicado na revista Science.

É que, por exemplo, «muitos insetos são vetores de doenças que também causam perdas em colheitas. As previsões baseadas no crescimento populacional e nas taxas metabólicas podem, assim, subestimar os danos nas culturas provocados pelos insetos vetores».

Outro dos aspetos a ter em conta, diz o especialista, é o «impacto das expansões de alcance geográfico, introduções de insetos que acontecem pela mão humana e invasões de espécies propiciadas pelo aquecimento global».

Mesmo assim, «a previsão de um aumento substancial dos danos causados nas culturas é uma chamada à ação para a mitigação e adaptação às alterações climáticas. Todos devem estar envolvidos: agricultores, indústria, políticos e a sociedade civil no geral. Algumas comunidades de agricultores já estão a adaptar-se, por exemplo, na seleção de determinadas variedades, bem como onde e quando vão cultivá-las», conclui o cientista.

Fonte: Público

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