Previsões Agrícolas – Produção de maçã com registo historicamente elevado

Confagri 21 Nov 2019

Fonte: ine.pt

Produção de maçã com registo historicamente elevado

As previsões agrícolas, em 31 de outubro, apontam para aumentos significativos na produção de maçã (+35%, face à campanha anterior) e de amêndoa (+55%), resultado de condições meteorológicas favoráveis e da entrada em produção de pomares novos. Também se prevê aumento de produtividades nos olivais para produção de azeitona para azeite (+20%), com os olivais tradicionais a responderem positivamente à precipitação de meados do mês. Para a castanha, cuja apanha começou este mês, estima-se um aumento de produção de 5%. Em sentido contrário, preveem-se reduções na produção de pera e kiwi (-5%). Na vinha, a produção deverá ser semelhante à alcançada na vindima anterior, apesar da heterogeneidade em termos regionais.

Nas culturas anuais, destaque para o tomate para a indústria, cuja produção deverá ser superior a 1,4 milhões de toneladas, numa campanha com produtividades médias a rondar as 95 toneladas por hectare, ao nível das melhores de sempre. No milho de regadio a produção deverá rondar as 700 mil toneladas, próxima da alcançada na campanha anterior. Já no arroz, e essencialmente devido às temperaturas pouco elevadas e baixa luminosidade, espera-se uma diminuição de 5% na produção.

O mês de outubro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como seco, com uma precipitação média que correspondeu a 81% do valor normal (1971-2000). Até ao dia 12 não ocorreu precipitação em todo o território continental, sendo que a partir daí os valores de precipitação significativos registaram-se essencialmente nas regiões do litoral Norte e Centro. Quanto à temperatura, o mês classificou-se como normal, com a temperatura média do ar, 16,8ºC, a registar um desvio de +0,5ºC face à normal.

No final de outubro, e de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI, registou-se um desagravamento da situação de seca meteorológica apenas nas regiões do Norte e Centro. A percentagem do território afetado pelas classes mais intensas de seca meteorológica (severa e extrema) mantém-se inalterada face ao mês anterior, com cerca de 36% do território nesta situação, essencialmente a sul do Tejo.

O teor de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, aumentou em relação ao final de setembro, principalmente no Norte e Centro. No entanto, em alguns locais da região de Vale do Tejo e nas regiões do Alentejo e Algarve os valores continuam inferiores a 20%.

Quanto às reservas hídricas, o volume de água armazenado nas albufeiras de Portugal continental encontrava-se nos 56% da capacidade total, inferior ao valor registado no final do mês anterior (57%) e ao valor médio de 65% (1990/91-2018/19). Também em charcas e açudes particulares, em especial no Alentejo, o armazenamento de água é inferior ao normal, existindo situações de esgotamento total. A insuficiência hídrica reflete-se essencialmente nas explorações pecuárias, com constrangimentos no abeberamento dos efetivos, ultrapassados recorrendo ao transporte de água a partir de reservas públicas ou de explorações vizinhas.

Estas condições meteorológicas e hidrológicas permitiram a realização da maioria dos trabalhos agrícolas normais da época, como sejam a conclusão das vindimas, a apanha da castanha, as colheitas do milho e arroz e a preparação dos solos para as sementeiras das culturas de outono/inverno.

Precipitação reinicia ciclo das pastagens

Os prados e pastagens encontram-se em reinício de ciclo. Os efeitos da precipitação ocorrida a partir de meados do mês já se fizeram sentir, observando-se indícios claros de renovação da massa verde, mais nas regiões a norte do rio Tejo. A sul, o desenvolvimento não tem sido tão evidente, sendo que o atraso na disponibilização de erva no cedo, para pastoreio, terá naturais impactos no prolongamento do período onde o recurso a alimentos concentrados/conservados (palhas, fenos, silagens e rações industriais) é a principal fonte de alimentação dos efetivos, com o aumento dos custos associados.

Olivais tradicionais beneficiam com chuvas de outubro

Ainda que escassa, a ocorrência de precipitação em outubro beneficiou os olivais tradicionais de sequeiro (que ainda representam cerca de ¾ da área total desta cultura), verificando-se um aumento do calibre da azeitona. Nos olivais intensivos e superintensivos de regadio, a gestão equilibrada dos recursos hídricos garantiu a disponibilidade de água até ao final da campanha de rega, o que permitiu o regular desenvolvimento de uma carga de frutos consideravelmente superior à observada no ano passado. Assim, espera-se um aumento de 20% da produtividade da azeitona para azeite, face à campanha anterior. Para a azeitona de mesa o aumento ainda deverá ser mais significativo, com o rendimento unitário a rondar as 2 toneladas por hectare (+35%, face a 2018).

Temperaturas amenas e baixa luminosidade no verão afetam produção de arroz

No arroz, estima-se que metade da área semeada já se encontre colhida. As produtividades nas áreas já colhidas são, em geral, inferiores às alcançadas no ano anterior. As temperaturas mais amenas e a menor luminosidade nos meses de julho e agosto, face ao normal, terão sido os principais motivos para esta diminuição, uma vez que são fatores determinantes para uma boa formação do grão e enchimento da espiga. A produção deverá ser 5% inferior à da campanha anterior, atingindo as 153 mil toneladas, e posicionando esta campanha como a menos produtiva da última década.

A colheita do milho de regadio decorreu ao longo de todo o mês, estimando-se que no final de outubro estivesse no campo apenas 20% da área semeada. As produtividades das searas já colhidas têm sido semelhantes às da campanha anterior o que, conjugado com a manutenção da área semeada, deverá conduzir a uma produção próxima das 700 mil toneladas (8% inferior à média do último quinquénio). De referir que na Beira Litoral os grãos apresentam teores de humidade muito elevados (na ordem dos 25%), situação que obriga a uma maior utilização dos secadores de milho e, consequentemente, ao aumento dos custos de produção.

Tomate para a indústria com produtividades muito elevadas

A colheita do tomate para a indústria concluiu-se na primeira semana de outubro. O tempo seco permitiu que a colheita, totalmente mecânica, desta cultura decorresse praticamente sem interrupções, tendo sido cumprida a calendarização das entregas à indústria. As produtividades médias alcançadas estarão ao nível das mais elevadas da série estatística 1986-2018, o que, conjugado com a manutenção da área da campanha anterior, conduziu a uma produção que, previsivelmente, ultrapassará as 1,4 milhões de toneladas. Os parâmetros gerais de cor e grau Brix cumpriram os requisitos pretendidos pela indústria.

Quanto ao girassol, e essencialmente devido à redução da área semeada, estima-se uma redução da produção em 15%, face à campanha anterior.

Condições meteorológicas favoráveis e novos pomares alavancam produção de maçã

A colheita das variedades tardias de maçã prolongou-se pelo mês de outubro, reforçando as estimativas que apontam para aumentos significativos de produção face à campanha anterior. As condições climatéricas favoráveis na fase da floração e vingamento dos frutos e as regas atempadas, que compensaram a escassa precipitação acumulada ao longo do ciclo, permitiram obter produtividades elevadas. Este facto, conjugado com a entrada em plena produção de novos pomares em Trás-os-Montes, conduziu à campanha de maçã que será, previsivelmente, a mais produtiva desde 1986, com mais de 350 mil toneladas.

Na pera, a colheita concluiu-se ainda em setembro. Registaram-se, já muito perto da colheita e sobretudo no Baixo Oeste (zona que produz, em média, mais de 40% do total nacional de pera), fortes ataques de estenfiliose que, ao evoluírem para podridões, conduziram à queda precoce do fruto ou impediram a sua comercialização. Assim, prevê-se uma diminuição na produção de 5%, face à campanha anterior, e de 10%, face à média das últimas cinco campanhas.

Menor carga de frutos nos pomares de kiwi

A maioria dos pomares de kiwi ainda se encontram na fase de desenvolvimento do fruto. Esta campanha ficou marcada por atrasos na floração e uma menor carga de frutos, por comparação com a anterior, mas as condições meteorológicas do final do verão/princípio do outono decorreram favoravelmente ao desenvolvimento dos kiwis. Assim, apesar de se prever uma diminuição de 5%, face a 2018, a produção desta campanha deverá ser 15% superior à média quinquenal.

Colheita da amêndoa confirma aumento de produção

A colheita da amêndoa veio confirmar o expressivo aumento de produção inicialmente previsto, estimando-se que possa atingir as 34 mil toneladas (55% acima do valor alcançado em 2018). A entrada em produção ou em plena produção dos novos pomares (com variedades, compassos e sujeitos a intervenções agronómicas que permitem alcançar produtividades muito superiores às observadas nos tradicionais) contribuiu decisivamente para este resultado.

Produção de castanha aumenta pelo terceiro ano consecutivo

A precipitação verificada ao longo do mês em Trás-os-Montes permitiu que se iniciasse a apanha da castanha, nomeadamente por ter promovido a abertura dos ouriços. Os primeiros resultados apontam para uma produção aquém do inicialmente estimado, em resultado do calibre inferior das castanhas e de uma significativa parcela de frutos com bichado da castanha. Ainda assim, prevê-se um aumento de 5% da produção, face à campanha anterior.

Heterogeneidade regional na produção de vinho

A conclusão das vindimas ocorreu já durante o mês de outubro, sem contratempos assinaláveis. Relativamente à produção de vinho, verifica-se uma evidente heterogeneidade regional, com diminuição de produção no Ribatejo e Oeste, no Alentejo e no Algarve. As principais causas desta redução estão relacionadas com as baixas temperaturas durante o vingamento (com a redução do número de cachos por cepa), bem como com a escassa precipitação ao longo do ciclo, que induziu a formação de bagos pequenos e cachos leves. Já nas restantes regiões, as condições de desenvolvimento das uvas foram mais favoráveis, tendo a produção aumentado face à vindima anterior. Destas, destaca-se a região de Trás-os-Montes, onde se passou da pior vindima das últimas duas décadas (2018) para, previsivelmente, uma das mais produtivas. Globalmente estima-se a manutenção da produção de vinho (5,84 milhões de hectolitros), antecipando-se a obtenção de vinhos com um bom equilíbrio entre álcool e acidez.

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