Fonte: ine.pt
O mês de janeiro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como quente e seco. A temperatura média, 9,6 ºC, foi 0,8 ºC superior à normal 1971-2000, e a média das máximas, 13,9 ºC, foi o décimo quarto valor mais alto desde 1931. De referir que, durante a primeira quinzena, os valores da temperatura mínima foram quase sempre inferiores à normal. Quanto à precipitação, registou-se uma quantidade média de 76,0 mm, o que corresponde aproximadamente a 2/3 do valor normal de janeiro (1971-2000).
Quanto às reservas hídricas, o volume de água armazenado nas albufeiras de Portugal continental encontrava-se nos 70% da capacidade total, inferior ao valor registado no final do mês anterior (72%) e ao valor médio de 1990/91 a 2018/19 (73%). A água armazenada em charcas e albufeiras de pequena dimensão continua dentro dos padrões considerados normais para a época.
Embora com alguma dificuldade nos terrenos mais baixos e nos solos menos profundos, estas condições meteorológicas e hidrológicas permitiram a execução das tarefas agrícolas em curso, nomeadamente a conclusão da instalação das culturas anuais de inverno, a adubação de cobertura dos cereais e a colheita mecânica da azeitona para azeite.
Também se realizaram, apenas com interrupções pontuais, os trabalhos manuais de exterior, essencialmente a poda da vinha e dos pomares.
Pastagens e culturas forrageiras com bom desenvolvimento
Os teores de humidade do solo relativamente elevados, conjugados com as temperaturas amenas, favoreceram o crescimento dos prados e pastagens. No entanto, as necessidades alimentares das diferentes espécies pecuárias ainda não são totalmente satisfeitas só com o pastoreio, recorrendo-se à suplementação com forragens, silagens, fenos e rações industriais em quantidades normais para a época e inferiores às verificadas em igual período do ano anterior. Quanto às forragens anuais, o desenvolvimento tem sido bom, estando alguns campos de azevém muito próximos de possibilitarem um primeiro corte.
Área de cereais de inverno continua a decrescer
Após a interrupção em dezembro, por não estarem reunidas as condições agronómicas mínimas para a sua realização (solos encharcados), foram retomados na primeira quinzena de janeiro os trabalhos de instalação dos cereais de inverno, estando já praticamente concluídos. Prevê-se, face à campanha anterior, uma redução na área semeada de 5% no trigo mole e aveia, de 10% no triticale e cevada e de 15% no trigo duro. Quanto ao centeio, a área deverá ser próxima da instalada em 2019 (cerca de 16 mil hectares).
Cereais de outono/inverno com desenvolvimento regular
As germinações dos cereais para grão foram boas, com as searas a apresentarem povoamentos regulares. As mais adiantadas encontram-se na fase de afilhamento, com um desenvolvimento vegetativo normal, tendo o frio da primeira quinzena de janeiro promovido o enraizamento e o surgimento de novos rebentos. As adubações de cobertura decorreram sem limitações significativas, tendo havido apenas dificuldades na sua realização, devido ao encharcamento, nas searas instaladas em solos mais delgados, em zonas baixas ou em parcelas com problemas de drenagem. Estima-se para a aveia (cereal de sementeira mais precoce e, consequentemente, o que apresenta maior avanço no ciclo de desenvolvimento) um aumento de 5% no rendimento unitário face a 2019, para produtividades próximas da média do último quinquénio.
Produção record de azeitona para azeite
A colheita da azeitona para azeite está praticamente concluída, tendo decorrido de forma distinta nas duas principais regiões produtoras: no Alentejo, que nos últimos cinco anos produziu em média mais de 70% da produção nacional de azeitona para azeite, a carga de frutos dos olivais intensivos e superintensivos foi superior à da campanha anterior e manteve-se em bom estado sanitário até à colheita; pelo contrário, em Trás-os-Montes, responsável por 15% da produção nacional de azeitona para azeite do último quinquénio, uma percentagem significativa dos frutos não foram colhidos por terem sido derrubados pelos ventos fortes que fustigaram a região aquando da passagem das tempestades Elsa e Fabien, tendo-se verificado ainda alguns ataques de mosca da azeitona, que afetaram parte da produção. Globalmente, e tendo também em consideração a entrada em produção ou em plena produção dos novos olivais, estima-se um aumento de 30% na produção de azeitona para azeite face à campanha de 2018.
Este valor de produção estimado (943 mil toneladas de azeitona para azeite) posiciona a campanha de 2019 como a mais produtiva desde 1941 (ano a partir do qual existem registos sistemáticos). De notar que as estimativas apontam também para uma subida da funda na ordem dos 10%, face a 2018, o que previsivelmente conduzirá a um aumento da produção de azeite superior ao aumento da produção de azeitona.
Consulte aqui as Previsões Agrícolas – Janeiro 2020