Sensores na floresta vão ajudar a detetar incêndios no Parque de Montesinho

Confagri 02 Nov 2018

«Em vários pontos do Parque de Montesinho e também na serra da Nogueira, outra área protegida do concelho de Bragança, que faz parte da rede Natura 2000, vão ser instalados sensores, sensivelmente com o tamanho de um telemóvel»

Têm o tamanho de um telemóvel e são «relativamente» baratos. Projeto do Politécnico de Bragança prevê instalar sensores na floresta para antecipar alertas de ignições. Vai ser apoiado pelo programa de dinamização das regiões fronteiriças da Fundação La Caixa. Ideia é ser replicado noutros pontos do país.

Nesta altura do ano, o verde do Parque Natural de Montesinho já dá lugar aos tons de Outono. Entre as cores da paisagem, não há marcas negras visíveis: a área protegida tem sido poupada a incêndios graves nos últimos anos. Um grupo de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança quer, porém, tornar o combate aos incêndios no local ainda mais eficaz e tem a tecnologia como grande aliado.

Em vários pontos do Parque de Montesinho e também na serra da Nogueira, outra área protegida do concelho de Bragança, que faz parte da rede Natura 2000, vão ser instalados sensores, sensivelmente com o tamanho de um telemóvel, que vão transmitir dados para uma central de comunicações, no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), que estará ligada aos bombeiros e à Proteção Civil.

«As novas ignições serão detetadas precocemente e os meios de combate mobilizados mais cedo, tornando o processo mais eficaz», conta José Lima, investigador do Centro de Investigação em Digitalização e Inteligência Robótica, criado este ano, que coordena este projeto.

Antes da instalação dos sensores, o Centro de Investigação da Montanha do IPB vai fazer uma caracterização de cada uma das áreas em que o sistema será implementado, permitindo aos investigadores perceber onde colocar cada um desses dispositivos e também eleger os mais eficazes: sensores térmicos, de fumo ou infravermelhos, por exemplo.

A intenção do Promove, o programa da Fundação La Caixa que vai financiar estas iniciativas, era precisamente «ter projetos com impacto na região e que fossem replicáveis noutras partes do país», explica Artur Santos Silva

A necessidade do projeto parte da constatação de que «existem lacunas na vigilância da floresta», segundo José Lima. Não só porque esta é amplamente baseada no olho humano, em torres de vigilância e raramente há suporte tecnológico na deteção de novos incêndios, mas também porque sistemas de comunicação usados têm apresentado falhas. Por isso, o projeto que será desenvolvido em Bragança será «autónomo dos sistemas atuais», sejam a rede de telemóvel ou sistemas com o SIRESP. Em alternativa, será usada uma rede LoRaWAN, tecnologia de comunicação de dados sem fios que permite transmissões a longas distâncias.

O projeto chama-se SAFe — Sistema de Alerta Florestal. Além dos dois centros de investigação do IPB, conta também com a participação do INESC Tec, sediado no Porto. Vai ser concretizado ao longo dos próximos três anos e vai receber quase cem mil euros da Fundação La Caixa, no âmbito da primeira edição do Programa Promove — Dinamização de Regiões Fronteiriças. Há outros quatro premiados entre os 30 concorrentes, todos de zonas do interior do país.

O investimento é «relativamente barato», diz Lima. E a ideia dos investigadores foi precisamente desenvolver «um sistema de baixo custo que pudesse ser implementado e replicado em diversas zonas da floresta». O que será necessário, noutros locais do país, é fazer também uma caracterização da floresta antes da aplicação do sistema tal como será feito no arranque deste projeto no Montesinho e na serra da Nogueira.

A intenção do Promove, o programa da Fundação La Caixa que vai financiar esta iniciativa, era precisamente «ter projetos com impacto na região e que fossem replicáveis noutras partes do país», explica Artur Santos Silva, curador da fundação criada pelo banco espanhol, que comprou o BPI. A escolha teve em conta esse fator bem como a sua «qualidade, racionalidade e sustentabilidade».

As iniciativas apoiadas por este programa podiam ter um orçamento até cem mil euros. Os cinco escolhidos recebem entre 50 e 99 mil euros e têm três anos para executar as propostas. O investimento total é de 407 mil euros. Podiam candidatar-se instituições de regiões consideradas menos desenvolvidas do Nordeste e Este fronteiriço do país, que compreendem o distrito de Bragança, a Beira interior e uma parte do Alentejo. A escolha foi feita pela Fundação La Caixa «em diálogo com o Governo», de acordo com Santos Silva. A intenção é reforçar a interação nas zonas fronteiriças entre instituições espanholas e portuguesas.

Há um outro projeto a ser concretizado em Bragança entre os escolhidos e uma das suas componentes prende-se com a cooperação transfronteiriça. O Centro de Ciência Viva (CCV) da cidade chamou a Estação Biológica Internacional, sediada em Miranda do Douro e com atuações dos dois lados da fronteira, para desenvolver uma visita virtual ao Douro internacional que os visitantes vão poder experimentar através de óculos de realidade virtual.

Esse será um dos quatro novos módulos da exposição do CCV de Bragança que o projeto apoiado pela Fundação La Caixa vai permitir desenvolver. Não é, porém, aquele que mais entusiasma Isaura Fachada, a diretora daquele espaço. Isso nota-se pela forma como fala do projeto que vai permitir transformar a Casa da Seda, um dos edifícios do centro de ciência, num espaço auto-sustentável do ponto de vista energético.

O edifício vai ser alimentado por uma pico-hídrica e um moinho de água, que vão aproveitar as águas do rio Fervença, que corre mesmo junto ao CCV, para produzir energia, fruto de um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia que está na sua fase final de implementação.

O apoio da fundação surge «em complemento» deste projeto. Todo o sistema de produção de energia vai poder ser monitorizado e até parcialmente controlado pelos visitantes do CCV. «As pessoas vão poder perceber o impacto que tem na energia produzida a sua decisão de aumentar ou diminuir o caudal que entra no sistema», ilustra Isaura Fachada.

O CCV vai também instalar sensores de temperatura, ph e outros indicadores da qualidade da água num troço do rio Fervença. A informação gerada vai também poder ser vista num ecrã acessível a todos os visitantes do CCV, dentro de dois a três anos. Este sistema de sensores também inclui um sistema de armazenamento de dados e métodos de Big Data para processar e visualizar diferentes parâmetros e contribuir para a melhoria das condições do rio.

O quarto módulo no Natureza Virtual será um “timelapse”, fotografias alinhadas que criam um vídeo que permite perceber a passagem do tempo, de um ano na vida do Parque Natural do Montesinho, que será possível ver num ecrã gigante no Centro de Ciência Viva.

Fonte: Público

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