Fonte: observador.pt
Entre 1965 e 2017, 20 empresas foram diretamente responsáveis por 35% das emissões de dióxido de carbono e metano. A Saudi Aramco é a mais poluidora. Cientistas pedem contas aos líderes.
Mais de um terço de todas as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera são da responsabilidade de apenas 20 empresas, todas exploradoras de combustíveis fósseis, revela uma análise do Climate Accountability Institute noticiada pelo The Guardian. Entre 1965 e 2017, estas companhias foram diretamente responsáveis por 35% das emissões de dióxido de carbono e metano. Isso correspondente a 480 mil milhões de toneladas de equivalente em dióxido de carbono (CO2eq) — uma medida que converte as quantidades (e efeitos) dos gases com efeito de estufa no valor equivalente em dióxido de carbono.
A empresa que mais contribuiu para essas emissões poluentes foi a Saudi Aramco, a petrolífera da Arábia Saudita e a que tem as maiores reservas de petróleo cru no mundo. Sozinha, a Saudi Aramco emitiu 59,26 mil milhões de toneladas de CO2eq. Logo a seguir vem a privada Chevron (43,35 mil milhões), a russa Gazprom (43,43 mil milhões) e a também privada ExxonMobil (41,90 mil milhões). Juntas, só estas quatro empresas foram responsáveis por 10% das emissões mundiais de dióxido de carbono para a atmosfera desde 1965 até hoje.
Estes números foram calculados com base nos relatórios anuais das empresas, que revelam as produções de petróleo, gás natural e carvão. De acordo com o The Guardian, os cientistas olharam para essa cadeia de produção e somaram as emissões de gases com efeito de estufa desde o momento da extração até o produto chegar ao utilizador final. Concluíram que 90% dessas emissões vinham da utilização dos produtos — sobretudo petróleo, gás natural, combustível para motores a jato e carvão metalúrgico.
O relatório da Climate Accountability Institute descreve ainda que as 103 empresas explorados de combustíveis fósseis e cimento emitiram quase 70% de todas as emissões de gases com efeito de estufa registados desde 1751. Mas metade dessas emissões ocorreram de 1990 para a frente. “Essas empresas têm significativa responsabilidade moral, financeira e legal pela crise climática, e um ónus proporcional para ajudar a resolver o problema”, consideram os especialistas envolvidos no estudo.