No final de 2018, o Emission Gap Report das Nações Unidas revelou que as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) voltaram a subir e o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas assumiu que a temperatura já aumentou em média 1°C – em certas regiões ultrapassou 1,5°C -, alertando para a necessidade de esforços sem precedentes para travar este trajeto.
Limitar o aquecimento global a 2oC – de preferência a 1,5oC – face à época pré industrial, como definiu o Acordo de Paris, implica reduzir as emissões de GEE em 80% ao longo de 30 anos e caminhar para «zero emissões» algumas décadas depois.
Será preciso alterar o perfil energético fóssil que serve de base à economia global e cada um terá de reduzir a sua pegada de carbono ao nível médio per capita atual do Paquistão, onde perto de 30 por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza. Se nada fizermos, o Produto Interno Global (PIB) poderá reduzir-se a metade no final deste século, preveem os nossos economistas.
Embora incontornável, o tema «alterações climáticas» não tem merecido a devida atenção, inclusive por parte do setor financeiro. Não sendo o caso da Schroders, temos dedicado recursos crescentes aos impactos decorrentes do clima para cada indústria e para as carteiras que gerimos. Importa-nos ainda perceber quão rapidamente as alterações climáticas passarão a ser um risco do presente, e não um problema futuro, e como serão afetadas as empresas em que estamos investidos.
Neste âmbito, desenvolvemos um Painel de Progresso Climático (Climate Progress Dashboard) que nos permite registar a evolução das ações de mitigação ao longo do tempo. Esta ferramenta abarca uma vasta gama de indicadores, ação política, energia renovável, preços do carbono e vendas de veículos elétricos, entre outros, para estimar a taxa atual de transformação e o que ela nos revela sobre o futuro aumento da temperatura.
Com informação atualizada trimestralmente, os dados mais recentes apontam para um aumento de longo prazo de 3,9°C (4°C no trimestre anterior), confirmando que temos pela frente mais transformações e crescentes disrupções.
Em paralelo, construímos um modelo que calcula o impacto das alterações climáticas nas empresas, nas suas estruturas de custo, preços e respetiva procura.
Este modelo indica que haverá uma significativa realocação de capitais das áreas tradicionais para as «atividades limpas», o que vai levar a maiores divergências de crescimentos, com reduções acentuadas nas empresas que atuam e dependem dos combustíveis fósseis e derivados. Indica também que os custos empresariais tenderão a subir, com impacto nos seus ativos.
Quando cruzamos toda esta análise, conseguimos desenhar um cenário do risco para cada empresa e com ele estamos a ajudar os nossos analistas e gestores de fundos a medir o risco climático e a definir quais as empresas que perdem e ganham com este processo. Esta informação, que nos permite medir o risco de diferentes carteiras, é essencial para que os nossos clientes possam reduzir ativamente a sua exposição a portefólios perdedores.
Fonte: jornaleocnómico