O secretário-geral da Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET) disse que a cooperação entre Portugal e Espanha no combate a incêndios é «urgente», mas admitiu que criação de um centro conjunto coordenador das emergências não será este ano.
Em declarações aos jornalistas, à margem da assembleia-geral do Eixo Atlântico que decorreu na passada sexta-feira, dia 23 de fevereiro, em Maia, distrito do Porto, Xoan Mao, que é secretário-geral quer desta entidade, quer da RIET, disse que «há anos que é pedida uma unidade central coordenadora de emergências, mas esta não é uma matéria de dias».
«Os incêndios afetam a vida das pessoas, a economia e o ambiente. É essencial prevenir, fazer uma política florestal e criar medidas. Temos de ter mecanismos de resposta. Tanto pela atitude do Governo português, quer pelo que aconteceu no ano passado, quer pelo facto de ser o ministro Eduardo Cabrita a tratar disso, sendo que ele é-nos muito próximo, temos as melhores expectativas, mas não acredito que o centro esteja pronto este ano», disse Xoan Mao.
O secretário-geral recordou que «embora urgente», este tema tem de ser discutido na Cimeira Ibérica, reunião que decorrerá no segundo semestre deste ano. «Não queremos que, por correr, se estrague uma oportunidade num território que é muito sensível aos incêndios», disse Xoan Mao após uma reunião de um organismo que agregou 38 municípios portugueses e galegos e que na sessão de encerramento contou com a presença do ministro do Ambiente português, João Pedro Matos Fernandes.
Questionado sobre esta reivindicação da RIET, rede constituída por 32 organizações de proximidade à fronteira de Espanha e de Portugal, que representam os interesses de mais de 12 milhões de habitantes e de mais de um milhão de empresas, o ministro defendeu a importância de uma «maior cooperação entre os dois países».
«Temos de trabalhar em conjunto e existe aqui uma grande cooperação. A existência de políticas de prevenção de fundo contra os incêndios merece ser explorada», sintetizou o governante.
Ma assembleia-geral do Eixo Atlântico também foi dada a conhecer a Agenda Urbana para a Eurorregião Galiza-Norte de Portugal, a primeira transfronteiriça da União Europeia.
Xoan Mao descreveu a agenda como «um instrumento de planificação» sobre «o conceito de pensar em global e atuar em local», revelando que esta foi «debatida com mais de 400 agentes económicos, sociais, culturais e políticos da eurorregião».
Na mesma linha, Alfredo García Rodríguez, autarca de Barco de Valdeorras, concelho da província de Ourense, Espanha, que sucedeu ao seu homólogo de Braga, Ricardo Rio, na presidência do Eixo Atlântico, destacou que esta agenda «é a primeira da Europa porque o Norte de Portugal e a Galiza estão a saber fazer os seus deveres de casa».
Já em comunicado distribuído à imprensa após a assembleia-geral, o Eixo Atlântico dá conta de que aprovou um segundo pacote de infraestruturas que «complemente a linha do Minho já em obras ou em processo de contratação com prazo de finalização em finais de 2019 e as ligações pendentes na parte galega».
De acordo com a nota, «este pacote prioriza a ligação Ferrol-A Coruña, a mais atrasada e com piores perspetivas de todo o Eixo Atlântico ferroviário e as ligações ferroviárias dos portos, como eixos principais na Galiza que complementem a saída sul de Vigo e o “T deitado, Ourense-Lugo, Monforte-Palencia sobre os quais se tem vindo a trabalhar com ambos os ministérios há já mais de um ano».
Já do lado de Portugal foi aprovado apresentar ao Governo a ligação de Braga ao “bypass” com a linha do Minho, aproveitando o canal que permanece reservado para o comboio de alta velocidade, o que converteria Braga na estação de passagem para a Galiza em vez do atual fim de linha.
Também foi aprovado propor a ligação ferroviária da linha do Minho com o aeroporto Sá Carneiro, e a interligação da linha do Vale do Vouga com a linha ferroviária do norte com uma paragem no Europarque.
Fonte: Lusa