Declaração da Aliança Cooperativa Internacional para o Dia Internacional da Mulher 2018

Confagri 08 Mar 2018

Declaração da Aliança Cooperativa Internacional para o Dia Internacional da Mulher 2018

María Eugenia Pérez Zea, presidente do Comité Mundial de Equidade de Género da Aliança Cooperativa

O ativismo a favor dos direitos da mulher e da equidade de género faz parte da história deste nosso movimento cooperativo.

A famosa Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale, líder do cooperativismo moderno, foi também pioneira na sua época, permitindo desde o princípio que homens e mulheres fossem membros desta organização.

Nesse grupo reconhece-se especialmente o papel de uma mulher ativista que abriu as portas para transformar a vida de muitas mulheres, a tecelã Eliza Brierley. Em março de 1846 Eliza mobilizou-se para se tornar membro efetivo da Cooperativa, numa época em que as mulheres eram “propriedade” do seu pai ou esposo, não tinham direitos legais nem civis e eram excluídas da participação de igualdade económica na sociedade.

Hoje, embora se tenham alcançado muitos progressos na defesa dos direitos das mulheres, a história demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer. Desde o cooperativismo, devemos continuar a trabalhar para capacitar as mulheres e fazer ouvir as suas vozes.

Por isso, este ano a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) une-se uma vez mais à comemoração do Dia Internacional da Mulher, promovido pelas Nações Unidas, consciente de que este é realmente o momento de ouvir as vozes das mulheres de todas as áreas, tanto urbanas como rurais.

As cooperativas têm a tarefa de melhorar a nossa capacidade de empoderar as mulheres colaborando com a sociedade civil e apoiando a voz das nossas ativistas nos processos de sensibilização social e de formulação de políticas.

É de destacar o papel indubitável e poderoso que as mulheres ativistas das cooperativas rurais desempenharam na criação de melhores condições para elas e suas famílias no meio rural, ao mesmo tempo que contribuíram para o progresso do cooperativismo.

Porém, não podemos esquecer a existência de muitas mulheres “invisíveis” nas zonas rurais, vinculadas às explorações agrícolas e pecuárias sem uma relação jurídica ou administrativa com as mesmas e para as quais o seu trabalho é considerado “ajuda familiar”.

Por esta razão, as ativistas são necessárias. Quando milhões de mulheres unem-se, milhões de histórias surgem para tornar visíveis as situações que nos afastam da equidade de género; milhões de rostos mostram ao mundo a sua violação, subestimação e estigmatização e milhões também podem atuar para transformar realidades altamente preocupantes e predominantes, como violência e assédio sexual.

Como o facto de que cada cinco mulheres e meninas entre os 15 e 49 anos sofreram violência física ou sexual de um casal no último ano a nível mundial e que, no entanto, 49 países não tenham ainda leis que protejam a população feminina desse tipo de violência; que 37 países consideram os violadores legalmente isentos se forem casados com a vítima; que em 18 países os maridos possam impedir legalmente as suas esposas de trabalharem; que 750 milhões de meninas e jovens casem antes de atingir os 18 anos de idade, que cerca de 200 milhões de mulheres e crianças de 30 países foram vitimas de mutilação genital, que mais de 50 por cento das mulheres e crianças em setores urbanos dos países em desenvolvimento careçam de água limpa, instalações sanitárias ou um espaço suficiente para viver; ou que 15 milhões de meninas em idade escolar jamais terão a oportunidade de aprender a ler ou escrever na escola primária, entre outras realidades que falta transformar.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ressalta a enorme necessidade de capacitação e equidade das mulheres como um requisito para alcançá-lo. Mas os passos para atingir estas metas são muito tímidos em quase todos os países. A permanente discriminação de género impede que as comunidades, e em especial, as mulheres, implementem todo o seu potencial para alcançar estas metas.

Cada vez mais milhares de mulheres em todo o mundo apropriam-se de diferentes espaços de vida e até mesmo virtuais, denunciando as desigualdades e as violências, de forma a sensibilizar o resto do mundo com o objetivo de melhorar as suas condições de vida, bem como abrir a discussão para tópicos que não são visíveis e de interesse comum.

Então, este é o momento de apoiá-las. As nossas ativistas precisam de nós. As cooperativas devem impulsionar o seu potencial, eliminando as barreiras para que levantem a voz e tenham o apoio coletivo de um movimento que agrupa mais de um bilião em todo o mundo.

Este é um momento histórico que nos convoca a redefinir estereótipos de poder e liderança para as mulheres. As consequências negativas da desigualdade atinge toda a humanidade e conseguir a equidade efetiva é um imperativo social e económico, pelo que não apenas as mulheres devem lutar, mas também os homens por igual. A igualdade é sinónimo de avanço e progresso, mas é algo que deve incluir sempre o próximo, a igualdade é seguir adiante sem deixar ninguém para trás.

CS

Fonte: ica.coop

 

Balcão Verde

Balcão de Atendimento aos Agricultores.
Com o RURALSIMPLEX é possível junto das estruturas locais - Cooperativas Agrícolas, Caixas de Crédito Agrícola, Associações de Agricultores e outras entidades com o protocolo específico agrupadas na CONFAGRI - atender Agricultores e prestar-lhes serviços de qualidade.

Aceder ao Balcão Verde Acesso reservado
Newsletter

Subscreva a newsletter do Portal da CONFAGRI

Email Marketing by E-goi