Fonte: dn.pt/Lusa
O “projeto-piloto” arrancou esta terça-feira, com a saída de um comboio com 25 contentores de Madrid, rumo a Chelm, na Polónia, na fronteira com a Ucrânia.
Espanha avançou com um teste para retirar da Ucrânia cereais para exportação por comboio, em alternativa ou complemento à via marítima, condicionada pelo impacto da guerra nos portos ucranianos, anunciou esta terça-feira o executivo espanhol.
O “projeto-piloto” arrancou na terça-feira, com a saída de um comboio com 25 contentores de Madrid, rumo a Chelm, na Polónia, na fronteira com a Ucrânia, segundo um comunicado do Ministério dos Transportes espanhol.
Os contentores regressarão a Espanha, a Barcelona, no início de setembro, com 600 toneladas de milho, depois de percorrerem os cerca de 2.400 quilómetros da “autoestrada ferroviária que atravessa a Europa”, prevê o Governo de Espanha.
“O projeto procura demonstrar a viabilidade técnica e económica do transporte ferroviário de cereais como alternativa ao modo marítimo”, quando a guerra na Ucrânia, provocada pela invasão russa de 24 de fevereiro, causa “limitações nos portos do Mar Negro”, lê-se no mesmo comunicado.
A Ucrânia é um dos maiores produtores mundiais de cereais e os portos do Mar Negro eram a porta de saída para o resto do mundo.
A logística do transporte das 600 toneladas de milho será dividida entre Espanha e Ucrânia, fazendo-se o transbordo dos cereais em Chelm, na Polónia, a 25 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, explica a mesma nota divulgada esta terça-feira.
Este teste está coordenado com empresas público-privadas de transporte e de gestão de matérias-primas da União Europeia.
“Os primeiros passos deste projeto-piloto coincidem com a reabertura dos portos do Mar Negro e das rotas marítimas de cereais supervisionadas pela Turquia, pelo que a viagem de teste se fará com 600 toneladas de milho, um volume menor do que o inicialmente acordado, mas igualmente importante para provar a viabilidade de uma solução ferroviária liderada por Espanha como apoio ao transporte marítimo”, defende o Governo espanhol.
A saída de cereais da Ucrânia esteve bloqueada desde o início da guerra até finais de julho, quando foi assinado um acordo mediado pela Turquia e pelas Nações Unidas.
Desde a assinatura do acordo, em 22 de julho, em Istambul, mais de 10 navios deixaram a Ucrânia com mais de 300.000 toneladas de cereais, segundo dados citados pela agência de notícias turca Anadolu.
Ao abrigo do acordo, os navios que deixam a Ucrânia são controlados por representantes da Turquia, Ucrânia, Rússia e ONU para se certificarem de que transportam apenas cereais, fertilizantes ou alimentos, e não quaisquer outras mercadorias.
Os navios que se dirigem para a Ucrânia são controlados para assegurar que não transportam armas.
O acordo foi alcançado face à ameaça de uma crise alimentar global provocada pelo bloqueio de cereais ucranianos nos portos controlados pelas forças russas, na sequência da guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro.
A guerra afetou também o fornecimento global de fertilizantes agrícolas, de que a Rússia é um dos principais produtores.
Em conjunto, segundo a revista britânica The Economist, a Ucrânia e a Rússia fornecem 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol.