FENAPECUÁRIA defende que os Agricultores devem ser apoiados pelo seu contributo ambiental

Confagri 03 Abr 2019

 

FENAPECUÁRIA defende que os Agricultores devem ser apoiados pelo seu contributo ambiental

 

No âmbito da AGRO – Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação, em Braga,a CONFAGRI realizou, como vem sendo habitual, um Seminário, no dia 28 de Abril, para abordar as questões inerentes à Neutralidade Carbónica, com a participação de uma centena de participantes, entre os quais a FENAPECUÁRIA. 

O assunto em debate tem estado na ordem dia e tem gerado enorme controvérsia e preocupação junto da comunidade agrícola pelos efeitos nefastos que pode trazer à sustentabilidade económica deste setor já suficientemente fragilizado e pouco incentivado.

O Presidente da Cooperativa local – CAVAGRI, Manuel Vilaça e o Presidente da AGROS, José Capela, juntamente com o Presidente da Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República, Joaquim Barreto, deram início à Sessão.

A intervenção de fundo esteve a cargo de Francisco Avillez, da AgroGes, autor do estudo que culminou no Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, apresentado pelo Governo e colocado em consulta pública, e que ganhou uma dimensão mediática mais relevante no dia 4 de dezembro de 2018, quando o Ministro do Ambiente e da Transição Energética, em entrevista a um jornal diário, o apresentou advogando uma redução de 25 a 50 por cento do efetivo pecuário nacional até 2050.

No seu discurso, Francisco Avillez referiu que das respostas constantes na Consulta Pública resultaram comentários relevantes e críticas pertinentes que conduziram a uma revisão de pressupostos, anunciado uma redução mais suave do efetivo de bovino nacional entre 20 a 30. Reconheceu que a metodologia utilizada terá que ser corrigida, o que levará a um resultado final menos penalizador, principalmente para setor leiteiro.

Para comentar a intervenção do representante da AgroGes, tendo na moderação Aldina Baptista, o Seminário contou com as análises de Arlindo Cunha, da Universidade Católica e Ex- Ministro da Agricultura, de Henrique Trindade da UTAD, de Idalino Leão, Presidente da FENAPECUÁRIA e de João Queiroz – Especialista em Comunicação.

Posição do Setor

Para Arlindo Cunha, o que mais se evidencia no Roteiro é a pouca razoabilidade no esforço pedido ao setor agrícola.

“ O Roteiro passa quase à margem das estimativas internacionais que apontam para um aumento da procura de alimentos e de uma dieta mais rica, além do facto de Portugal ter um défice alimentar de 3.500 milhões de euros. As metas apresentadas para a agricultura parecem evidenciar que a estratégia apresentada pelo Ministério do Ambiente contribuirá para aumentar consideravelmente esta dependência. Não se vislumbra como é que com uma redução das áreas de produção de cereais para grão, quer em sequeiro, quer em regadio, e uma redução drástica do efetivo bovino, possamos não piorar substancialmente a nossa balança comercial agrícola. “

Adiantou, ainda, que “No que respeita à agricultura e à floresta, são necessários mais recursos para aumentar a produção, tendo em conta a nossa dependência face ao exterior. Trata-se, aparentemente, da definição de metas, que não consideram a situação real em que o país se encontra.”

Foi neste sentido que interveio a FENAPECUÁRIA.

Para Idalino Leão “é muito evidente que se está perante um ataque ao setor agrícola, em geral, e ao agropecuário, muito em particular, e incisivamente utilizando questões ambientais que carecem de fundamentos, apresentadas de forma irresponsável e sensacionalista, sem que os agentes do setor tenham sido ouvidos.

A pecuária nacional é moderna, tecnológica, e tem investido muito na melhoria das condições das explorações, onde o bem-estar animal é uma constante. A zootecnia de precisão é uma realidade, o que torna as dietas doa animais mais eficientes.”

Prosseguiu “pois quando falamos de ambiente, falamos dos agricultores. Quando falamos da pecuária, falamos numa atividade que preserva o ambiente, fixa a população ao território e produz milhares de hectares de terrenos agrícolas, contribuindo para a manutenção da flora e fauna autóctones da região, que de outro modo estariam abandonadas”.

“Pelo que contribui para o ambiente e para a sociedade, o setor agrícola é claramente um setor credor dos restantes, pois é o único que já contribui para a descarbonização. O Fundo Ambiental deve ser o instrumento financeiro usado para incentivar e remunerar os agricultores pelo seu trabalho e contributo que têm para sustentabilidade dos territórios.” – Concluiu o responsável.

Na Sessão de Encerramento, que ficou a cargo do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Braga, Firmino Marques, e de Manuel dos Santos Gomes, Presidente da CONFAGRI, tivemos oportunidade de ouvir da parte da CONFAGRI que “O diálogo, a concertação e a harmonização de posições ficaram logo à partida de fora do pensamento da Tutela do Ambiente (…) da parte da CONFAGRI e das suas Federações nunca foram as mesmas consultadas para a elaboração do referido Roteiro».

”Entendemos que esta não é a forma de atingir objetivos ambientais por todos nós considerados louváveis. Aqui, como em tudo, os fins não justificam os meios!”, afirmou o Presidente da CONFAGRI, considerando que para atingir resultados, ademais ambiciosos, é preciso trabalhar “em conjunto com os agentes envolvidos e ponderar todos os aspetos da questão”.

Na opinião do Presidente da CONFAGRI, ”achincalhou-se a economia agrária e os seus intervenientes. Menorizou-se o papel da agricultura na criação de emprego e na ocupação do espaço rural”.

Manuel dos Santos Gomes garantiu que vão acompanhar de muito perto esta matéria, estando prevista a discussão do Roteiro em Conselho de Ministros no próximo mês de junho, e adiantou que “a CONFAGRI, em articulação com as suas federações, irá muito em breve promover um estudo sobre a matéria, junto de uma entidade independente e credível”.

“O objetivo é contribuir ativamente para esta discussão com argumentos fundamentados cientificamente, esperando que do lado dos poderes públicos haja a mesma abertura para o diálogo e a concertação”, concluiu deste modo o Seminário ” Neutralidade Carbónica. Agricultura, problema ou solução?” o Presidente da CONFAGRI.

 

Contacto: Helena Branquinho – helena.branquinho@confagri.pt– 968137417

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