Portugal tem de aumentar em «20 por cento» a sua produção de porcos para responder aos mercados de exportação, sobretudo ao da China, e os matadouros devem investir «em túneis de congelação», defendeu esta quarta-feira um responsável do setor.
Nuno Correia, diretor da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) realçou que «vamos ter que, nos próximos três anos, aumentar as nossas produções» em «mais 20 por cento, pelo menos, para satisfazer todos estes mercados» de exportação.
Segundo o responsável, que falava aos jornalistas em Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, na cerimónia que marcou o início da exportação de carne de porco portuguesa para a China, é importante que agora «o setor seja rápido a organizar-se».
No negócio estabelecido com a República Popular da China, «o que se prevê faturar este ano são 100 milhões de euros», mas «esse número pode aumentar» porque «os chineses estão a pedir-nos para antecipar para este ano as encomendas que estavam previstas para 2020» e que envolviam mais 200 milhões, disse.
Uma antecipação que, frisou, «lança um grande desafio» para o setor, pois «conseguir arranjar esta quantidade de carne de porco para tanta gente não é fácil». «O setor não tem tempo para esperar e, portanto, nós, as empresas portuguesas, em conjunto, poderemos fazer um bom trabalho», «para criar esta quantidade e dar dinamismo a este negócio», defendeu Nuno Correia.
Nuno Correia lembrou que Portugal não é autossuficiente na carne de porco que consome, produzindo apenas «60 por cento das suas necessidades» e «dependente em 40 por cento de importações», das quais 96 por cento oriundas de Espanha, o que «é perigoso».
«Um país não pode estar dependente em 40 por cento de importações, para já porque a riqueza fica em Espanha», argumentou, defendendo que «é importante» para Portugal «aumentar a sua capacidade produtiva e apostar no setor primário».
Estes mercados de exportação «obrigam-nos a acelerar a nossa produção, temos de produzir mais», destacou, apontando a zona sul do país, sobretudo o Alentejo, como a área nacional em que a produção suinícola «pode crescer muito».
A cerimónia de hoje, de expedição dos primeiros 10 contentores com 270 toneladas de carne de porco para a China, para a província de Hunan, foi realizada nas instalações do matadouro da Maporal, da AGP Meat e do qual Nuno Correia é administrador.
Este matadouro, um dos três nacionais já certificados para exportar carne de porco para a China, até setembro deverão estar outros três, recebe «até final do ano» investimento de «nove milhões de euros» apoiados por fundos comunitários, com a criação de cerca de 150 postos de trabalho, disse à agência Lusa Nuno Correia.
«Este matadouro está a fazer e vai continuar a fazer investimentos. O mais forte que fez ultimamente foi na capacidade de congelação», referiu, defendendo que os matadouros portugueses «precisam de investir em capacidade de congelação e em túneis de congelação», para terem capacidade para «congelar toda a carne que processam».
Porque, frisou o diretor federativo, «a carne para exportação, essencialmente, é vendida congelada, não fresca, portanto, o grande desafio para as indústrias portuguesas vai ser esse, o de investirem nos processos de congelação da carne de porco portuguesa».
Já o presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, congratulou-se com a perspetiva de criação progressiva de mais «150 postos de trabalho» no concelho e revelou que a visita da delegação da província chinesa de Hunan já se traduziu em «negócios na área do vinho».
Fonte: Lusa