O presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Nuno Banza, afirmou esta quarta-feira que já foram rearborizados 1.039 hectares de um total de cerca de 2.500 do Pinhal do Rei, em Leiria.
«Posso dizer hoje que estão rearborizados 1.039 hectares de um total de 2.520 que devem ser intervencionados», disse Nuno Banza, que falava na Comissão de Agricultura e Mar, no parlamento, a requerimento do Bloco de Esquerda.
De acordo com o presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), já foi retirada a madeira ardida do pinhal do Rei, estando previsto que, até 2022, esta concluído todo o plano previsto e que inclui a intervenção e beneficiação em 38 quilómetros de rede viária florestal.
Nuno Banza assegurou aos deputados que «a madeira mais valiosa já foi cortada», reiterando que, desse plano, estão «cumpridos 3.600 hectares». «O ICNF tem vindo a cumprir com a identificação da madeira no terreno e com o plano de corte. Praticamente toda a madeira identificada como mais valiosa já foi retirada, sendo que a madeira com destino à industria dos painéis e da energia, considerada de menor valor, será retirada seguindo as indicações da comissão científica, designadamente na orientação de que não deve ser colocada toda no mercado de venda», pois pode não ser toda comprada e o Estado não conseguir retirá-la.
O responsável alertou ainda que o «tempo florestal é de décadas», «não se compadecendo com metas de curto prazo» no âmbito da reflorestação, reconhecendo, no entanto, que há medidas que têm de ser feitas a curto prazo.
«O planeamento florestal será realizado em décadas, o próprio pinhal de Leiria é centenário, a escala temporal não é aquela que gostaríamos, mas é a escala natural de um pinhal e essa não conseguimos controlar», afirmou.
Nuno Banza recordou que, nos 10% de floresta que não ardeu, em 15 de outubro de 2017, já foram realizadas várias intervenções, entre as quais a limpeza de gestão de 200 hectares, além do controlo de espécies invasoras.
Apesar de, até ao momento, só ter havido uma época de reflorestação desde os incêndios de 2017, Nuno Banza lembrou que têm de ser «respeitadas as épocas de reflorestação», habitualmente no outono, devido ao calor do verão que pode “matar” a plantação.
Nuno Banza avançou que, no pinhal do Rei, onde há áreas de dunas litorais, aquilo que será reposto é a espécie de pinheiro bravo, considerando que o que irá valorizar o pinhal será a «criação de mosaicos diversos, com outras espécies e que criará uma maior resiliência do próprio» pinhal.
O responsável acrescentou ainda que, apesar do desejo das pessoas em ver cortada toda a madeira ardida, há zonas em que esse corte não é defendido pelos especialistas, devido à proteção do cordão dunar.
Aos deputados Nuno Banza avançou que o organismo a que preside iria revelar proximamente a verba que resultou da venda da madeira queimada e a quantidade da mesma, entre outros dados que, no momento, não tinha disponíveis.
Os incêndios de 15 de outubro destruíram cerca de 190 mil hectares de floresta, que correspondem a 45 por cento da área ardida em todo o ano de 2017. Em dados fornecidos à Lusa em 21 de junho, o ICNF avançou que, em 2017, efetuou ações de estabilização de emergência pós-incêndio, que, em 2018, realizou ações de controlo de plantas exóticas invasoras e que, em 2018 e 2019, foram executadas ações de rearborização em 1.039 hectares.
O ICNF revelou ainda os investimentos programados entre 2019 e 2022, num total de 4,4 milhões de euros. Segundo o ICNF, vão ser investidos cerca de dois milhões de euros na rearborização de ardidos, numa área de 1.482,12 hectares, e 1,4 milhões de euros na beneficiação de 28,3 quilómetros de rede viária florestal.
Fonte: Lusa