O ministro do Planeamento e das Infraestruturas defendeu esta segunda-feira a necessidade de alertar a União Europeia (UE) para mudar políticas relativamente à «floresta do sul da Europa», tendo em mente os fundos comunitários para 2030.
«Os fundos comunitários têm estado muito orientados para o desenvolvimento da agricultura competitiva. Este é o tempo de apresentarmos à Europa o caso da floresta do sul da Europa. Para ocuparmos de forma sustentável e resiliente estes territórios, precisamos de outra política florestal», afirmou Pedro Marques em Matosinhos, distrito do Porto, numa reunião com o Conselho Regional do Norte destinada a debater com as regiões a estratégia nacional para as próximas décadas, nomeadamente tendo em vista o financiamento comunitário “Portugal 2030”.
O primeiro-ministro marcou presença no encontro, «algo inédito para o mais alto representante executivo do país», como destacou o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), mas a comunicação social não pode assistir à intervenção feita por António Costa na sessão.
Já Pedro Marques referiu-se aos incêndios que afetaram Portugal durante o verão para classificar como «absolutamente fundamental para Portugal e para o sul da Europa» fazer um caminho de «alteração» relativamente às políticas florestais.
«As alterações climáticas estão a demonstrar que precisamos de ordenar para dar sustentabilidade a esta floresta e a estas regiões de baixa densidade», frisou o governante, na reunião promovida pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Pedro Marques notou que a floresta do sul da Europa «é específica» porque, «nas últimas décadas», teve «um desenvolvimento com plantio espécies que não são autóctones, mas que têm maior rendibilidade», algo que é necessário inverter porque o próprio território «parece dizer-nos que precisa de estar ocupado doutra forma».
«Esta é uma prioridade muito importante para o desenvolvimento do país e para competitividade, resiliência e segurança das populações das regiões da baixa densidade», vincou.
De acordo com o ministro, o Governo considera ser «absolutamente crítico o desenvolvimento do potencial agrícola e florestal» do país, designadamente tendo em vista o futuro pacote de financiamento comunitário.
O ministro defendeu ainda ser este «o tempo para exercer pressão adicional de corrida para o topo» no que diz respeito à qualificação dos jovens, fazendo um esforço para os colocar «nos melhores índices».
Quanto à «via profissionalizante», Pedro Marques considerou ser necessário «orientar as qualificações para novas especializações da economia». Já sobre a «qualificação dos adultos», admitiu existir «ainda um grande caminho a percorrer».
«Precisamos de recuperar a mão-de-obra que não tem as qualificações necessárias, com uma orientação para a dupla certificação de competências: escolares e de qualificações, para as novas necessidades e profissões que economia vai reclamando», afirmou.
Na sessão de abertura da reunião do Conselho Regional do Norte, Pedro Marques esclareceu que o encontro pretendia «debater a estratégia para o Portugal 2030».
«O propósito hoje é começar a debater com as regiões a nossa estratégia para a próxima década, mas esta é uma estratégia em construção. Esperamos que, se for caso disso, esta reflexão produza uma transformação em toda a estratégia global do país», observou o ministro.
Todo o debate centrar-se-á na «estratégia competitiva e de coesão» para Portugal e deverá «intensificar-se ao longo dos próximos meses».
Quanto ao próximo pacote de fundos comunitários, Pedro Marques notou que deve ser dirigido a «ultrapassar os bloqueios estruturais do país».
O ministro citou «reformas na administração pública para a tornar mais amiga da competitividade», a aposta na «qualificação» e na «inovação», sendo que esta última deve ser «mais orientada para as novas especializações económicas», seguindo «os caminhos para onde vai a economia mundial».
A «sustentabilidade demográfica», a «redução da dependência energética da economia nacional», a «economia do mar», a orientação para o mercado ibérico a partir das regiões do interior e «otimizar a prestação em rede de serviços e bens públicos» foram outras das prioridades indicadas por Pedro Marques.
Fonte: Lusa