O Observatório do Pinhal do Rei, criado após o incêndio na Mata Nacional de Leiria em 2017, enviou um conjunto de recomendações ao Governo, sugerindo a adoção de um modelo de silvicultura preventiva na reflorestação do pinhal.
«A implementação de um modelo de silvicultura preventiva e a necessária alocação de meios e capacitação dos órgãos responsáveis pela gestão da floresta pública», nomeadamente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), «para garantir a adequada gestão florestal da Mata Nacional de Leiria», foi uma das propostas apresentadas, divulgadas na terça-feira pela Câmara da Marinha Grande, no distrito de Leiria.
Numa nota de imprensa, a autarquia revela ainda que o Observatório do Pinhal do Rei alerta ainda para a «necessidade de abordar o tema das invasoras lenhosas, tão importante e fulcral para a recuperação das áreas ardidas» e a «reflorestação com recurso às espécies que sempre foram dominantes neste espaço, embora se reconheça a necessidade de introdução de outras espécies arbóreas que aumentem a biodiversidade e diminuam a propagação de incêndios».
O documento enviado na passada semana ao primeiro-ministro António Costa, ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, ao secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel João de Freitas, e ao presidente do ICNF, Rogério Rodrigues, propõe ainda a inclusão «preferencial de sobreiro, em puro ou consociado com pinheiro-manso ou bravo e outras folhosas para as zonas envolventes às áreas edificadas».
A existência de linhas de financiamento pelo ICNF para «promoção de redes de monitorização de vários grupos florísticos, faunísticos e de habitats para levar a cabo os estudos e experiências necessárias para uma gestão eficiente da mata» e a «adoção de sistemas de monitorização para a Mata Nacional de Leiria» são outras sugestões.
Modelos de sensibilização e informação públicas, assim como a gestão participada das Matas Litorais são ainda defendidas como elementos essenciais para o futuro destes espaços florestais multifuncionais.
O Observatório do Pinhal do Rei foi criado há um ano na sequência do incêndio de outubro de 2017 e produziu agora um parecer sobre o Relatório do Programa de Recuperação das Matas Litorais da autoria da Comissão Científica.
O parecer foi elaborado em colaboração com a Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais e o ICNF, que é a entidade a quem cabe tomar as decisões, nomeadamente através do Plano de Recuperação do Pinhal do Rei.
O Protocolo de Criação do Observatório Local do Pinhal do Rei e o Acordo de Cooperação para a Criação da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais foram assinados, na Marinha Grande, no ano passado, no dia 22 de janeiro.
A presidente da Câmara da Marinha Grande, Cidália Ferreira, citada na nota de imprensa, refere que a «tragédia do incêndio de 2017 e a vontade de múltiplas entidades da comunidade académica e científica juntaram este grupo altamente competente», em que teve a «honra de colaborar».
Fonte: Lusa