Fonte: rr.sapo.pt
O Burundi é considerado o país mais inseguro do ponto de vista alimentar e o que regista menor contribuição de emissões de dióxido carbono.
Os 10 países que menos contribuem para as emissões de carbono são os mais vulneráveis às alterações climáticas e à fome, segundo um índice da organização Christian Aid, que relaciona o clima com os riscos de insegurança alimentar.
“Greve de fome: Índice do clima e da vulnerabilidade alimentar” faz a comparação entre as emissões de CO2 e a insegurança alimentar em 113 países e conclui que os países com menos emissões são os mais expostos.
“Todos os 10 países com maiores riscos de insegurança alimentar emitem menos de meia tonelada de C02 ‘per capita’. As emissões combinadas dos 10 países geram 0,08% do total global”, aponta a organização.
O Burundi, que surge como o país mais inseguro do ponto de vista alimentar, é simultaneamente o que regista menor contribuição de emissões de carbono, 0,027 toneladas ‘per capita’.
Seguem-se a República Democrática do Congo, Madagáscar, Iémen, Serra Leoa, Chade, Malawi, Haiti, Níger e Zâmbia, com pegadas carbónicas que variam entre 0,043 e 0,29 toneladas ‘per capita’.
A Chistrian Aid ressalva que para a situação destes países contribuem também a instabilidade política, conflitos, degradação dos solos, perda de biodiversidade, desigualdade de género e falhas no investimento numa agricultura sustentável e resiliente.
“As mudanças climáticas expuseram estas falhas e aceleraram o aumento da insegurança alimentar”, adianta.
O índice é divulgado nas vésperas da apresentação, em Genebra, na quinta-feira, do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas (ONU), que analisa o impacto da agricultura e da exploração florestal no clima.
Por outro lado, o índice ressalva que os países que bloquearam a adoção das conclusões do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas (ONU) têm as maiores responsabilidades nas mudanças climáticas.
A Rússia contribuiu com emissões de C02 de 12,3 toneladas ‘per capita’, os Estados Unidos com 15,7 toneladas e a Arábia Saudita com 19,4.
Os dados revelam também responsabilidades consideráveis de outros países desenvolvidos como o Reino Unido, com emissões de 5,7 toneladas ‘per capita’, a China com 7,7 toneladas, a África do Sul com 8,2, a Alemanha com 9,7, o Japão com 10,4, a Austrália com 16,5 e o Canadá com 16,9 toneladas.
“Uma pessoa no Reino Unido gera tantas emissões de C02 como 212 cidadãos do Burundi, um russo tantas como 454, um norte-americano como 581 e um saudita como 719”, aponta o documento.
Entre os países lusófonos, Moçambique surge como o país mais vulnerável a situações de insegurança alimentar, sendo o 14.º país com menos emissões de C02, 0,261 toneladas ‘per capita’.
Angola surge como o 22.º país em termos de vulnerabilidade e o 77.º em emissões de carbono, sendo responsável pela emissão de 1.037 toneladas per capita.
O Brasil, com emissões 2,355 toneladas ‘per capita’ de C02, ocupa a posição 75 no que toca ao risco alimentar e a 60ª na contribuição para as alterações climáticas, enquanto Portugal com emissões de 5,469 toneladas per capita surge como o 38º país que mais emite carbono para o ambiente e o 95º país mais vulnerável à insegurança alimentar.
O Qatar, com 37,052 toneladas ‘per capita’ é o país com mais emissões de C02 e Singapura o menos vulnerável aos riscos de fome e insegurança alimentar.
De acordo com a organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o número de pessoas em situação de má nutrição aumentou nos últimos quatro anos para 821 milhões, após décadas de declínio.
A Christian Aid é uma organização não-governamental com sede em Londres.