Fonte: Revista frutas, legumes e flores
A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) foi constituída em 1985, para apoiar o sector cooperativo e a agricultura portuguesa. Em Maio último, Idalino Leão, em representação da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), assumiu o cargo de presidente da Confagri. Em entrevista, este responsável apresenta a perspectiva da Confederação sobre velhos e novos desafios que a agricultura nacional enfrenta, como o PEPAC, caracterizado como «um instrumento muito complexo» e que traz «menos apoios e aumento da burocracia e das exigências».
Assumiu a presidência da Confagri em Maio último, num ano em que o sector agrícola parece enfrentar cada vez mais desafios à sobrevivência da actividade e em que tem sido alvo de contestação intensa, muito focada na sustentabilidade ambiental. Como é possível lidar com estas duas situações?
Face à situação particularmente difícil e adversa que o sector agrícola actualmente atravessa, a Confagri, pela sua dimensão e representatividade, irá exercer o seu magistério de influência na defesa dos interesses dos agricultores e das cooperativas agrícolas, enquanto suporte daqueles, nos locais certos e de forma responsável e construtiva. As questões ambientais são utilizadas para deferir mais um ataque ao sector, de forma irresponsável e sensacionalista. Quando se fala de agricultura, estamos a falar de ambiente, estamos a falar de actividades que preservam o ambiente. É a agricultura que f ixa população ao território, é a agricultura que cultiva e produz milhares de hectares de terrenos agrícolas, contribuindo para a manutenção da flora e faunas autóctones da região.
Do conjunto de desafios que se colocam ao sector (como alterações climáticas, seca, aumento de custos de factores de produção, sustentabilidade, valorização, mão-de-obra, descapitalização, organização, contestação, etc.), quais consideram mais críticos?
O desafio mais complexo que o sector atravessa é o da competitividade e do crescimento. Com efeito, o incremento dos custos de produção da fileira têm aumentado em linha com a inflação industrial em Portugal. Aquilo que é exigido ao sector é produção de alimentos de grande qualidade, respeitando normas muito exigentes de segurança alimentar, ambiente e bem-estar animal, mas praticando preços muito acessíveis. Este é um paradigma que tem que mudar e o preço dos alimentos tem que subir.