Projeto europeu recorre a drones e satélites para deteção de pragas florestais

Confagri 04 Jun 2019

Um projeto europeu, liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, recorre a drones e ao programa de satélites Copernicus para deteção remota de pragas florestais.

«O uso combinado de informação obtida através de imagens fornecidas pelo programa europeu de satélites de observação da Terra Copernicus e por drones é eficaz na deteção precoce de pragas florestais, especialmente do nemátodo da madeira do pinheiro», de acordo com os primeiros resultados do projeto europeu FOCUS, afirma a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), numa nota enviada à agência Lusa.

Com um financiamento de 1,9 milhões de euros da União Europeia, através do programa Horizonte 2020, o projeto FOCUS (Forest Operational monitoring using Copernicus and UAV hyperSpectral data), que envolve equipas dos departamentos de Ciências da Terra, Ciências da Vida e Engenharia Civil da FCTUC, centra-se no desenvolvimento de «métodos inovadores para a deteção e monitorização remota, através de satélites e veículos aéreos não tripulados», de pragas e doenças florestais.

«Num território florestal de grandes dimensões, é extremamente difícil e dispendioso detetar a presença de árvores doentes através dos métodos tradicionais», sublinha Vasco Mantas, investigador do Departamento de Ciências da Terra da FCTUC e coordenador do estudo.

«Com os nossos sistemas, o objetivo é precisamente detetar as árvores infetadas que estão nesses contextos mais complexos, de forma detalhada, para permitir que os utilizadores da floresta possam ir aos locais corretos efetuar as ações de remoção (abate de árvores), evitando que o problema se alastre», explica Vasco Mantas, citado pela FCTUC.

O objetivo final do projeto, iniciado há um ano, é contribuir para «um serviço operacional e acessível, desenvolvido num projeto anterior (Silvisense), que monitorize todo o território florestal e faça chegar informação aos utilizadores finais, que também participam neste projeto», refere o investigador.

Entre os participantes no projeto, contam-se «associações de produtores florestais, centros de investigação ligados à floresta, como é o caso do SerQ, e indústrias do setor», além de parceiros da Noruega (S&T) e da Bélgica (VITO).

Embora o FOCUS pretenda abranger várias perturbações da floresta, no momento o caso de estudo é a deteção de árvores afetadas pelo nematode da madeira do pinheiro, doença da murchidão do pinheiro, um problema complexo com elevado impacto económico nas regiões afetadas.

Além do mais, explica o coordenador do projeto, «ao detetar o nemátodo, como os primeiros resultados demonstram, vai ser possível detetar outras doenças com sintomas semelhantes».

A grande mais-valia destas tecnologias inovadoras que os investigadores estão a desenvolver com recurso a drones e satélites é, desde logo, as grandes manchas de floresta que conseguem monitorizar.

«De uma forma muito mais rápida, e com custos muito menores, em comparação aos métodos convencionais, conseguimos ter uma cartografia das árvores afetadas que de outra forma teria de ser feita no terreno, com elevado dispêndio de horas, de recursos humanos e materiais, etc», exemplifica Vasco Mantas.

Com essa informação espacial detalhada, também é possível, por outro lado, uma análise da distribuição, ou seja, avaliar quais são os processos que governam a distribuição do nematode e do inseto vetor.

A opção de combinar dados de satélite e de drones neste projeto, a que se junta uma forte componente de trabalho de campo, é vantajosa, porque «enquanto os dados provenientes dos satélites dão uma visão mais global, a informação obtida através dos drones é interessante para a cartografia muito detalhada das zonas afetadas», destaca o coordenador do FOCUS.

Outro dos objetivos do projeto, adianta a FCTUC, é, através dos estudos de campo, identificar árvores que aparentem ser tolerantes a pragas, para que sejam estudadas e eventualmente possam servir de base ao repovoamento de zonas afetadas.

Fonte: Lusa

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