Sector agrícola é fundamental para a sobrevivência dos países

Confagri 31 Mai 2022

Fonte: expresso.pt

Inflação elevada, falta de matéria-prima, custos de energia e transporte a crescer são fatores disruptivos, fruto da globalização, da pandemia e da guerra, com forte impacto nos mercados. Capacidade de reinvenção e maior proximidade nas cadeias alimentares para garantir aprovisionamento são desafios a que os empresários agrícolas terão que dar resposta a curto prazo.

“Não podemos ter um continente que depende de terceiros para questões alimentares e energéticas”, aponta José Luís Garcia-Palacios Álvarez. O presidente da Caja Rural Del Sur falava durante o debate ‘Riscos e desafios para a cadeia agroalimentar’, que abriu os trabalhos do Seminário Agroalimentar Portugal, que decorreu hoje em Santarém. Na sua opinião, a pandemia e a guerra provocaram repercussões globais que afetam fortemente os negócios no setor agroalimentar, que já anteriormente se debatiam com problemas como a falta de matérias-primas e os custos energéticos, que encarecem o produto final, a que se junta agora uma inflação a bater valores recordes. “É preciso ser capaz de reinventar”, defende, uma vez que o sector agrícola é fundamental para a sobrevivência dos países. Uma opinião partilhada por António Nunes, CEO da Treemond e representante da Lisbon Agri Conferences. “É fundamental que o sector crie riqueza, o que só é possível através do conhecimento”.

Os sinais de disrupção que já se observavam antes do início do conflito na Ucrânia obrigam, na perspetiva de António Nunes, a repensar as cadeias alimentares que, acredita, “terão que estar mais próximas dos mercados que abastecem para garantir o aprovisionamento, reduzir custos e tornar as operações mais eficientes e sustentáveis”. Em simultâneo, este modelo permite reduzir a dependência que a Europa tinha, e ainda tem em alguns casos, de mercados longínquos como a China ou a índia. “Não há economias fortes sem uma agricultura forte”, salienta.

A par com os desafios que estão a mudar o panorama do sector agrícola, Juan Pérez Gálvez, aponta as mudanças nos hábitos de consumo – muitas delas fruto da pandemia – e a transformação do perfil do consumidor como outros fatores a que os empresários agrícolas têm que estar atentos. “Hoje temos um consumidor muito mais exigente, que tem que lidar com uma oferta cada vez maior”, alerta. Para o diretor-geral da San Telmo Business School, a preocupação crescente com a saúde e o bem-estar é uma tendência que veio para ficar, o que obriga a uma maior especialização por parte dos players deste mercado. “As gerações distintas de consumidores têm necessidades muito diferentes, e é preciso dar resposta a todo o tipo de procura”.

Mão de obra também é um desafio

Com os desafios vêm também as oportunidades que, na opinião de António Nunes, precisam de garantir escala e de incluir a tecnologia que aporta eficiência e mecanização a um sector ainda visto como tradicional. Contudo, a grande barreira em Portugal, mas também noutros mercados europeus, é a enorme falta de mão de obra. “É preciso criar emprego e orientar as empresas para o mercado, mas nada se faz sem mão de obra”, defende. O responsável da Lisbon Agri Conferences recorda a transformação ‘brutal’ na agricultura portuguesa ao longo dos últimos 30 anos, “uma mudança que resultou da perceção dos empresários nacionais sobre o que o mundo estava a pedir”. Os resultados estão, na sua opinião, à vista, com o país a ser referência mundial na produção de azeite, nas hortofrutícolas, no vinho, no tomate ou nos frutos vermelhos. Agora, reforça, “temos que saber criar, gerir e reter talento, através de boas condições de trabalho e de segurança, punindo quem não cumpre nestas matérias”.

Ao longo do dia, subiram ao palco do Seminário Agroalimentar Portugal um conjunto de especialistas e de empresários do sector, que partilharam a sua visão e experiências. Desde o exemplo do Grupo Sugal, que ocupa o segundo lugar a nível global na transformação de tomate, e que conta com cerca de 4000 postos de trabalho diretos e indiretos em todo o mundo, exportando 95% da sua produção, ao caso da Sovena, que lidera no negócio dos azeites e óleos vegetais, empregando 1100 pessoas em vários países. De vários campos, foram partilhados modelos de negócio, desafios e oportunidades com uma plateia repleta de empresários do sector.

O tema das proteínas alternativas, que ainda suscita alguma polémica, foi abordado por José António Boccherini Bogert, professor na San Telmo Business School, através do caso de estudo da Zyrcular Foods, uma empresa especializada na alimentação do futuro, através de uma cadeia de valor 100% integrada (proteínas alternativas à base de plantas), um mercado que valia 10,3 mil milhões de dólares em 2020, a nível global, e que se espera que chegue aos 15,6 mil milhões em 2026. Já se falarmos em todos os tipos de proteínas alternativas – inclui insetos e outras fontes de proteína – o valor de mercado valia 25 mil milhões de dólares em 2020, e espera-se que cresça para os 290 mil milhões em 2035.

OUTRAS CONCLUSÕES:

  • “Capitalizar é essencial no sector agroalimentar”, diz José Luís Garcia-Palacios Álvarez. Os Fundos Europeus são uma ajuda importante, mas, diz Juan Pérez Gálvez, “não chegam à velocidade necessária”, pelo que é necessário “pressionar os órgãos oficiais”. António Nunes complementa: “deve haver ausência de ideologia de quem aprova, e responsabilização de quem recebe”.
  • Desde 2020, o ambiente no sector agroalimentar é muito mais exigente devido às disrupções verificadas. “O custo da produção de tomate aumentou cerca de 25% devido aos custos da energia e dos adubos”, exemplifica Manuel Nobre Gonçalves. O segredo para manter o negócio estável “é manter o foco na eficiência e na produtividade”, acredita o administrador executivo da Sugal, que defende que planeamento e parcerias, são outro elementos essenciais para fazer face às mudanças no sector.
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