Os suinicultores querem soluções sustentáveis e adequadas à realidade do setor para ultrapassar os problemas ambientais existentes, defendem a utilização dos efluentes como fertilizantes agrícolas e desvalorizam a necessidade de estações de tratamento.
«Uma das nossas reivindicações é que se faça uma rápida revisão» da portaria com as normas para dar o melhor destino aos efluentes, para adequá-la à realidade nacional e permitir a conclusão do processamento de licenciamento das instalações existentes, afirmou o presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS).
Vítor Menino disse à agência Lusa que o destino dos efluentes resultantes da atividade destas explorações «deve ser a valorização agrícola, deve ser considerado como um recurso agrícola e esta também é a posição da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural».
Segundo Vítor Menino, a Agência Portuguesa do Ambiente «entende que a solução passa pela construção de estações de tratamento, soluções bastante mais caras, menos eficientes e eventualmente mais agressivas para o ambiente».
Para a Federação, o efluente suinícola pode ser entendido como um recurso, fazendo a sua valorização, para «melhorar a capacidade de retenção de água nos solos, fertilizar culturas e reduzir a fatura dos adubos químicos».
As suiniculturas vêm sendo apontadas há anos como fontes de poluição de rios, com o Ministério Ambiente a defender as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para ultrapassar o problema.
A suinicultura e o ambiente será o tema de um seminário promovido pela FPAS na quarta-feira em Oeiras, com a participação de especialistas da Dinamarca, Espanha e França, para darem a conhecer aos suinicultores e responsáveis das entidades públicas as experiências desenvolvidas naqueles países. A preocupação do setor, resume Vítor Menino, é criar soluções ambientalmente sustentáveis para a atividade suinícola.
E para isso considera ser indispensável ultrapassar uma situação em que «a administração não está com a mesma posição, nomeadamente o Ambiente e a Agricultura», na definição de condições para «resolver os impactos que a suinicultura eventualmente possa ter no Ambiente».
O presidente da Federação salientou que «pode haver necessidade de deslocalizar algumas explorações situadas em zonas onde a pressão pecuária é maior e, para isso, é preciso que se arranjem mecanismos financeiros que permitam criar essas soluções».
Para Vítor Menino, é preciso dialogar para que suinicultores, administração pública, Ministério do Ambiente e Ministério da Agricultura, encontrem soluções conjuntas. «Estamos disponíveis para contribuir para uma maior eficácia na gestão dos efluentes e queremos procurar soluções de consenso, não nos parece que as soluções das ETAR coletivas possam ser solução para o país», defendeu. No entanto, admitiu que «pode haver necessidade de numa ou noutra região construir ETAR coletivas». O setor tem 2.500 produtores em suiniculturas industriais e a sua produção é de cerca de 600 milhões de euros.
Fonte: Lusa