A Universidade da Beira Interior está a desenvolver tecnologia que identifica pontos de água acessíveis a meios aéreos no combate a incêndios e zonas de coberto vegetal a necessitar de limpeza para prevenir fogos no concelho do Fundão.
O coordenador do Departamento de Ciências Aeroespaciais da Universidade da Beira Interior (UBI), Jorge Reis Silva, disse à agência Lusa que está a ser desenvolvida uma aplicação que pode ser instalada em qualquer telemóvel, “tablet” ou computador com o mapa dos pontos de água acessíveis a meios aéreos existentes no concelho do Fundão, no distrito de Castelo Branco.
Ainda sem ter uma data para disponibilizar a aplicação, o docente explicou que «a ideia é criar uma ferramenta, uma aplicação, que permite a um piloto nacional ou estrangeiro ter os pontos de água mapeados e fazer com que que as próprias autarquias tenham consciência da tarefa que têm de desenvolver ao criar esses pontos acessíveis e mantê-los em condições de funcionamento».
A investigação foi desenvolvida para o município do Fundão e resultou de necessidades sentidas no combate a incêndios por parte de pilotos de meios aéreos. «Num cenário operacional, muitas vezes têm de andar à procura dos pontos de água e muitas vezes os pontos de água que procuram não estão sinalizados e a aproximação a esses pontos de água pode eventualmente criar alguns perigos porque o cenário é imprevisível», alertou.
Com a participação de técnicos daquela autarquia, o trabalho permitiu identificar os pontos de água existentes no concelho do Fundão e, desses, os que estariam acessíveis ou inacessíveis para, em condições de segurança, os meios aéreos se abastecerem para o combate aos fogos.
«Foi feita uma primeira triagem dos pontos de água e boa parte deles não servia para o combate a incêndios, porque tinham obstáculos perto ou tinham secado», adiantou o investigador. No âmbito desse trabalho, a câmara municipal investiu para tornar alguns dos pontos de água acessíveis e criou outros artificiais para garantir a total cobertura do concelho.
Feito o trabalho, adiantou, existem «40 pontos de água perfeitamente identificados e seis deles são artificiais que a câmara ficou de colocar em determinadas zonas do concelho».
Também em parceria com o município do Fundão, a UBI está a desenvolver tecnologia para instalar em veículos aéreos não tripulados, como é o caso dos drones, para localizar zonas de coberto vegetal a necessitar de limpeza, com o objetivo de prevenir incêndios.
«Os drones podem passar por cima do terreno para identificar o coberto vegetal e verificar se deve ser cortado ou queimado com regularidade, o que vai otimizar o serviço dos sapadores», explicou Jorge Reis Silva.
Além de serem equipamentos mais leves, versáteis e relativamente baratos, podem também fornecer «informação mais pormenorizada do que se usarmos informação de satélite ou aviões da Força Aérea», sublinhou. A UBI pretende alargar o projeto à Comunidade Intermunicipal das Beiras e da Serra da Estrela e, mais tarde, ao país.
Fonte: Lusa