Alimentação e Covid-19: mitos e factos

Confagri 03 Abr 2020

Fonte: vidarural.pt

Há alimentos mais interessantes para reforçar o sistema imunitário face à pandemia da Covid-19? É seguro consumir hortofrutícolas frescos? Como devemos manipular os alimentos antes de consumir em fresco?

A VIDA RURAL colocou estas questões à nutricionista Rita Sousa Veloso. Fique a saber!

Há alimentos que podem ser mais indicados no reforço do sistema imunitário?

Não existe evidência científica que suporte que a nossa dieta deva sofrer alterações no âmbito da prevenção da doença COVID-19. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) até ao momento, não identificou, ou autorizou, qualquer alegação de saúde a um alimento ou componente que seja considerado adequado para a prevenção de infeções como esta, o que reforça que não existem alimentos ou nutrientes especialmente relevantes neste contexto.

É comum a associação entre a ingestão de vitamina C e a prevenção ou tratamento da gripe comum. No entanto, a informação disponível não é consistente nem suficiente. Assim, dar especial relevância à vitamina C não fará sentido, mas sim à alimentação saudável no seu todo.

Por um lado, sabe-se que a adoção de uma alimentação saudável é essencial para a manutenção das várias funções fisiológicas do nosso organismo, onde o sistema imunitário está incluído. Um estado nutricional e de hidratação adequados contribuem, de um modo geral, para um sistema imunitário otimizado e para uma melhor recuperação dos indivíduos em situação de doença. Em contexto de isolamento social, deverá existir um especial cuidado, não só na quantidade de alimentos ingerida, como na seleção de alimentos que deverão ser de menor densidade energética, já que a atividade física poderá diminuir com a alteração de rotinas. Por outro lado, se as boas práticas de higiene são a forma de prevenção da doença, então estas devem ser aplicadas em todas áreas incluindo na alimentação.

De referir que uma alimentação saudável e equilibrada em contexto de isolamento social poderá não ser suficiente para garantir o aporte necessário de vitamina D, sobretudo em indivíduos idosos cuja exposição solar seja baixa ou nula. Assim, nunca quebrando as medidas de isolamento necessárias, ter alguns minutos de exposição solar diária pode fazer a diferença. No entanto, bastam apenas 20 minutos por dia, pelo menos na face, antebraços e mãos, entre as 12h e as 16h. Estas medidas poderão ser complementadas com o recurso a alimentos fortificados nesta vitamina, como o leite fortificado ou alguns cereais de pequeno-almoço também fortificados. Tais medidas não devem substituir outras, anteriormente implementadas pelo médico relativas à suplementação com vitamina D ou os cuidados a ter para uma exposição solar segura.    

Quais os hortofrutícolas mais interessantes neste contexto?

O padrão alimentar mediterrânico, composto por um conjunto particular de alimentos e uma cultura de comportamentos alimentares e sociais próprios, é hoje considerado um modelo alimentar de referência a nível mundial. Na dieta mediterrânica faz parte a seleção de produtos da época. Assim, a primeira recomendação que fará sentido em contexto de pandemia é a escolha de produtos hortofrutícolas da época sempre que possível. A segunda recomendação, devido à necessidade de isolamento social, é a seleção de produtos hortofrutícolas de maior durabilidade. Dentro dos hortícolas destacam-se os seguintes: cenoura, cebola, courgette, abóbora, brócolos, couve-flor, feijão-verde e alho. Os hortícolas de folha verde e o tomate, também poderão fazer parte da lista de compras, mas em menor quantidade e deverão ser consumidos nos primeiros dias da quarentena. Mediante a capacidade de armazenamento à temperatura de congelação, os produtos hortícolas congelados podem também ser uma boa opção. No caso da fruta destacam-se as seguintes variedades: maçã, pêra, laranja e tangerina. Outras variedades com menor durabilidade podem ser também adquiridas, mas em menor quantidade.

Finalmente, no sentido de ajudar no momento da compra, estima-se que, para 14 dias, são necessários, por pessoa, 2.5kg de hortícolas e 3kg de fruta. Estas quantidades referência podem ser úteis para a gestão da frequência de compra deste tipo de produtos, permitindo o planeamento para o adequado armazenamento em quantidade em casa, sem comprometer a qualidade e frescura dos produtos até ao momento do consumo.

O consumo de hortofrutícolas é seguro nesta fase?

Segundo a EFSA e a OMS não existe, até ao momento, evidência de qualquer tipo de contaminação através do consumo de alimentos cozinhados ou crus.

O European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), a este respeito, refere que, apesar de se suspeitar que o novo coronavírus é de origem animal, atualmente a sua transmissão ocorre entre pessoas através do contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies ou objetos contaminados. Assim, a DGS defende que o consumo de hortofrutícolas não só é seguro como é uma recomendação da DGS (Direção Geral de Saúde) declarada. A DGS recomenda a ingestão diária de hortícolas, pelo menos, através do consumo de sopa, quer ao almoço, quer ao jantar assim como a ingestão diária de 3 peças de fruta.

Como devemos tratar estes alimentos antes de consumir em fresco?
Aplicando o princípio da precaução, a manutenção e o reforço das boas práticas de higiene e segurança alimentar durante a manipulação, preparação e confeção dos alimentos é recomendada.  Devem reforçar-se as medidas de higiene que já antes da pandemia eram recomendadas: lavagem prolongada das mãos seguida de secagem apropriada evitando a contaminação cruzada (por exemplo fechar a torneira com uma toalha de papel ao invés da mão que a abriu enquanto suja); desinfeção apropriada das bancadas de trabalho e das mesas com produtos apropriados; Evitar a contaminação entre comida crua e cozinhada; Cozinhar e ‘empratar’ a comida a temperaturas apropriadas e lavar adequadamente os alimentos crus; Evitar partilhar comida ou objetos entre pessoas durante a sua preparação, confeção e consumo.

A Ordem dos Nutricionistas, no caso concreto dos produtos hortofrutícolas, defende que estes podem ser consumidos crus ou cozinhados, devendo-se respeitar as seguintes regras:

  • Retirar as partes estragadas
  • Lavar folha a folha em água corrente os hortícolas folhosos;
  • Desinfetar com uma solução clorada durante 15 minutos (pode ser 1 colher de sopa de lixívia para 1 litro de água);
  • Enxaguar em água corrente.
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