A resposta é «sim» se se pensar em termos da economia nacional e «depende» se a opção for pelo preço. Mas os portugueses parecem estar cada vez mais preocupados em consumir o que é português.
Compensa comprar produtos nacionais? A resposta a esta pergunta tem duas vertentes. Do ponto de vista da economia portuguesa, é sempre compensador que os consumidores optem por comprar produtos nacionais. Por duas razões: porque isso permitirá diminuir a pressão nas importações; e porque deste modo as empresas instaladas em território nacional arrecadam mais-valias importantes para a continuidade do seu negócio. Agradece o Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de emprego.
Já do ponto de vista do consumidor, e no que se refere principalmente aos grandes operadores do retalho, não é necessariamente assim: as economias de escala permitem que, em Portugal sejam adquiridos produtos estrangeiros idênticos aos produzidos em Portugal, tanto na indústria como na agricultura, a preços mais compensadores.
A questão está, por isso, naquilo que se poderia chamar o “grau de nacionalismo” que cada consumidor incorpora nas suas decisões de compra. Recentemente, a organização Portugal Sou Eu, financiada pelo Compete 2020, apresentou os resultados de um estudo que avaliou a notoriedade do Selo “Portugal Sou Eu”, tendo como base os hábitos de compra dos consumidores portugueses em relação à origem dos produtos, para o ano de 2017.
O estudo revela que 84,5 por cento dos consumidores procuram, para a maior parte dos produtos ou para algumas categorias de produtos, a origem do produto. Destes, 76 por cento procura a indicação da origem do produto ou um selo, 42,8 por cento. E 85,9 por cento dos consumidores refere a necessidade de existir um selo que identifique que o produto é português.
Os resultados são claros e apontam para um aumento, em comparação com o estudo feito em 2014, dos consumidores que compram produtos portugueses frequentemente, 65,6 por cento em 2017 e 62,4 por cento em 2014 e dos que tentam comprar produtos portugueses sempre que existam, 68,6 por cento em 2017 e 58,7 por cento em 2014.
A preocupação do consumidor em relação à origem continua a ser maior nos produtos alimentares, com 94,6 pontos percentuais (p.p.) para os azeites e vinhos e mais de 80 p.p. nas frutas, legumes, pão doçaria, pastelaria, peixe, carne e derivados e queijos.
Em relação aos gastos, a maioria dos inquiridos, cerca de 48,4 p.p. gasta entre 51 a 75 por cento da sua despesa mensal total em produtos portugueses, sendo que em 2014 registou-se 41,6 por cento.
Já no que toca aos valores do consumidor como cidadão, os motivos que conduzem à compra revelam que 89 p.p. acredita que está a criar emprego, 87 por cento a ajudar Portugal a ser uma economia forte, 78 por cento a apoiar as empresas portuguesas e 77 p.p. a ajudar a melhorar o défice.
Fonte: jornaleconómico