Uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro descobriu um conjunto de bactérias que podem não só aumentar a produtividade agrícola, como funcionar como alternativa aos fertilizantes de origem química, contribuindo assim para uma agricultura sustentável.
São bactérias pertencentes aos géneros Pseudomonas, Flavobacterium, Herbaspirillum e Erwinia as que um grupo de biólogos da Universidade de Aveiro (UA) descobriu em raízes de plantas selvagens do território português e que podem estar na base de uma nova revolução agrícola.
De acordo com o trabalho publicado na revista “Science of The Total Environment”, o grupo de bactérias descoberto por biólogos da UA ajuda as plantas a crescerem e a tolerarem períodos de seca, podendo não só aumentar a produtividade agrícola, como ainda proteger dos efeitos nefastos das alterações climáticas espécies de consumo humano.
«Estas bactérias têm o potencial de aumentar a produtividade agrícola, funcionando como alternativa ou complemento aos fertilizantes de origem química, sendo uma opção mais ambientalmente sustentável», antevê Paulo Cardoso, o investigador do Centro de estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA responsável pelo trabalho, em comunicado.
Há ainda outra «preciosa característica» destas bactérias. É que face ao fenómeno das alterações climáticas, que trará por períodos cada vez mais longos tempos de seca, as bactérias agora descobertas «ajudam as plantas a tolerarem melhor a escassez de água».
De acordo com a UA, estas bactérias, que existem em nódulos das raízes de algumas plantas leguminosas que crescem espontaneamente em Portugal, como o trevo-branco, a serradela-amarela, a ervilhaca-mansa ou o cornilhão-esponjoso, «promovem o crescimento das plantas através da produção de hormonas e compostos voláteis que estimulam o desenvolvimento dos tecidos vegetais e melhoram a assimilação de nutrientes».
Já os compostos voláteis «têm a particularidade de não beneficiarem apenas a planta hospedeira das bactérias que os produzem», com Paulo Cardoso a explicar que «estes compostos permitem que os efeitos benéficos destas bactérias se estendam a várias plantas, uma vez que se a sua difusão ocorre através do ar».
Feita a descoberta, agora a equipa de biólogos da UA vai tentar desenvolver uma forma de potencializar os benefícios destas bactérias na agricultura, o que «passará por aplicá-las no solo ou em sistemas de estufa ou de agricultura vertical, atuando as bactérias como um biofertilizante».
Para além de Paulo Cardoso, o trabalho publicado na revista “Science of The Total Environment” contou com a participação dos investigadores do CESAM (Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar) e do Departamento de Biologia da UA, Artur Alves, Paulo Silveira, Carina Sá, Cátia Fidalgo, Rosa Freitas e Etelvina Figueira.
Fonte: jornaldenegócios.pt