Fonte: tsf.pt
No último ano o país sul-africano aumentou as suas exportações 33%, até alcançar quase um milhão de toneladas.
A comissão europeia analisa este mês o acordo de parceria económica com a África e o Governo espanhol já pediu que sejam impostas restrições à importação de laranjas e tangerinas da África do Sul. No último ano, o país sul-africano exportou quase um milhão de toneladas de citrinos, 33% mais do que a média dos últimos 5 anos.
Este aumento tem efeitos diretos na agricultura espanhola que representa 60% da produção total de citrinos na Europa. Através de uma carta, os titulares do Ministério da Agricultura, Luís Planas, e da Indústria, Reyes Maroto, pediram à Comissão Europeia que inclua os citrinos na categoria de produtos sensíveis e restrinja a sua importação.
A posição do Governo vai ao encontro aos pedidos dos agricultores espanhóis. Juan Salvador Torres, secretário-geral da Associação Valenciana de Agricultores diz que a situação é insustentável. “A África do Sul está a aumentar as suas exportações. Nós não estamos a aumentar a produção. Isto está, de alguma forma, a ser um lastre para o nosso mercado, está a baixar os nossos preços, está a colocar-nos problemas comerciais a nós”, explica.
Desde que se assinou o acordo, a África do Sul não só aumentou as exportações, como também mudou o seu modelo produtivo: o período de produção foi aumentado e perdeu o caráter complementar que tinha ao localizar-se no hemisfério Sul.
Perante a concorrência estrangeira, alguns agricultores estão a deixar de plantar certas variedades de citrinos. “Está-se a deixar de plantar, de cultivar variedades precoces de citrinos, porque não vale a pena pôr aqui tangerinas precoces que vão ter de competir com as tangerinas tardias do hemisfério sul“, conta Torres.
A solução, defende, tem de passar por um aumento dos impostos na importação destes produtos. “O que nós pretendemos é que os citrinos sejam declarados produtos sensíveis neste acordo. Que fique claro em que datas devem chegar e quando não cheguem nessas datas, que impostos têm de pagar. Deviam estar isentos de impostos só de meados de julho a meados de setembro”, explica.
Os agricultores queixam-se ainda das discrepâncias no que toca às exigências da Europa à produção de frutas num e noutro país: “O que não pode ser é que a nós nos exijam standards muito altos de conservação do meio ambiente e de respeito à saúde humana e sejam permissivos com o que vem de lá, que tem uma pegada de carbono incrível, por exemplo”.
Na carta enviada à Comissão Europeia, Planas e Maroto sublinham que a produção espanhola está sujeita ao modelo comunitário de produção e que devido à ausência de reciprocidade nos acordos comerciais “a próxima revisão deste documento não pode ceder mais terreno nas importações de citrinos”.
Neste sentido, o ministro da Agricultura espanhol pediu também à Comissão Europeia que se mantenha vigilante no que respeita aos controlos sanitários de produtos importados. E lembrou que o último relatório da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar concluiu que as medidas estabelecidas pela África do sul para prevenir a entrada de pragas na Europa não eram suficientes e não cumpriam os standards europeus.