A produção tem vindo a crescer nas últimas campanhas. O destaque vai para a Bairrada, mas cada vez mais regiões produzem este espumante. Na entrevista exclusiva que concedeu ao Jornal Económico Especial Vinhos 2018, Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, sublinha que «é natural que os espumantes, dada a sua reduzida expressão nas exportações, sejam a categoria que maior taxa de crescimento vai apresentar» nos próximos anos em termos de exportações. E talvez isso também suceda em relação ao consumo interno, tendo em conta a proliferação a que se tem assistido nos últimos anos de espumantes nacionais de qualidade em praticamente todas as regiões vitivinícolas nacionais.
Por isso, os espumantes podem ser a “next big thing” a acontecer nos vinhos em Portugal, já que todos os profissionais do setor reconhecem existir neste segmento diversidade e qualidade para ombrear, senão com os incomparáveis champanhes, pelo menos com as cavas catalãs ou os prosecco italianos. E se falarmos no capítulo dos preços, a vantagem competitiva é enorme, se bem que nesse domínio tem de se valorizar o produto se os “fabricantes” nacionais de espumantes quiserem garantir sucesso de vendas fora de portas. Isso e também um esforço fortíssimo de promoção concentrada e coordenada que é necessário colocar em marcha para exportar as nossas “bolhinhas”.
No entanto, existe pouca informação sobre a produção de espumantes em Portugal. O último estudo remonta há três anos, a novembro de 2015, e foi realizado em conjunto pela ViniPortugal e pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Segundo esse documento, com dados reportados à campanha de 2015/2016, «o vinho espumante nacional, embora tenha vindo a crescer nas últimas campanhas, ainda representa menos de 0,6 por cento do total do vinho produzido em Portugal», que nesse ano tinha registado um valor mínimo de 5,6 milhões de hectolitros (um hectolitro é equivalente a 100 litros).
«Na campanha 2014/2015, foi atingido um novo máximo de 37.393, representando um aumento de 12 por cento face à campanha anterior e de 324 por cento na comparação com os valores da campanha 2003/2004», destaca o referido estudo. De lá para cá, não existem dados estatísticos divulgados, mas é mais que certo que a produção de vinhos espumantes em Portugal tem registado crescimentos sucessivos, a exemplo do que ocorreu com a generalidade do setor dos vinhos.
Voltando a socorrer-nos do estudo da ViniPortugal e do IVV, fica-se a saber quer em 2014/2015, «as principais regiões produtoras de vinhos são a Bairrada, Dão, Távora-Varosa e Península de Setúbal». Também aqui, a realidade atual não deverá ser muito diferente deste retrato , «a Bairrada, região de origem dos espumantes DOP (Denominação de Origem Protegida) Bairrada, destaca-se das demais: o volume produzido nesta região registou um aumento significativo a partir da campanha 2008/09, tendo nas campanhas 2009/10 a 2011/12 representando mais de 62 por cento do total produzido em Portugal».
O estudo destacava que «a produção de vinho espumante no Dão tem-se mantido relativamente regular ao longo do período analisado», acrescentando que «já na região vitivinícola Távora-Varosa observam-se oscilações relevantes na produção, alternando períodos em que a média ronda os 200 hectolitros, com outros em que o volume produzido é superior a quatro mil hectolitros».
Quanto à península de Setúbal, «pode dizer-se que a produção de vinho espumante só se tornou regular a partir da campanha 2010/2011, apesar de na campanha 2004/2005 ter sido declarado um volume relevante (2.644 hectolitros), semelhante à região do Dão», adiantava o referido estudo.
Na data em que o estudo foi efetuado, os vinhos espumantes DOP eram claramente dominantes face aos IGP (Indicação Geográfica Protegida) e aos não certificados, uma tendência que se deverá ter reforçado. Outra tendência visível é o surgimento da produção mais alargada de espumantes em outras regiões, como no Alentejo ou na região dos Vinhos Verdes, dando mais lastro para o crescimento exponencial que este segmento poderá ter nos próximos anos.
Fonte: jornaleconómico