A maior parte dos portugueses, 80 por cento, ignora os prazos de validade dos produtos que compra, o que contribui para o desperdício alimentar, como também contribuem as promoções, disse numa conferência em Lisboa um responsável do setor.
No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA) organizou uma conferência sobre o tema, na qual o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, garantiu que o combate ao desperdício alimentar será também uma prioridade no próximo ano.
Na conferência, Pedro Queiroz, diretor geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), disse que a informação que existe indica que apenas 20 por cento a 30 por cento dos portugueses vê o prazo de validade dos produtos na hora de os comprar, e que apenas 05 por cento olha para a lista de ingredientes, apenas no caso de ter uma preocupação específica.
Depois, acrescentou, a informação não é claramente percetível, entre o «consumir de preferência até» ou o «consumir até», além de que «o fenómeno das promoções» tem ajudado ao desperdício alimentar, porque leva as pessoas a comprarem grandes quantidades de produtos, havendo mais probabilidade por isso de se gerar desperdício.
E no mundo, um terço dos alimentos é perdido ou desperdiçado, lembrou o coordenador da CNCDA, Eduardo Diniz, referindo também que a produção alimentar tem de aumentar 70 por cento nos próximos 30 anos para fazer face ao aumento da população mundial.
Graça Mariano, subdiretora-geral de Alimentação e Veterinária, que também pertence à CNCDA, lembrou ainda outros números, os 88 milhões de toneladas, correspondente a 20 por cento do que é produzido, que são desperdiçados anualmente na União Europeia (UE), o que representa 173 quilos por habitante, e o milhão de toneladas que em Portugal também é desperdiçado em cada ano, o que representa 96,8 quilos por pessoa.
A Comissão propôs 14 medidas contra o desperdício alimentar, com destaque para campanhas de informação, para formação e para mobilização, sendo exemplo uma campanha mesmo lançada pela Direção-Geral do Consumidor como título “Poupe, diga não ao desperdício alimentar”.
Mas evitar o desperdício não é fácil, como ficou patente na conferência, com Susana Leite, pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal a admitir que não é fácil aos restaurantes preverem a quantidade de comida que vão servir. E Pedro Queiroz a adiantar outro dado: «as pessoas raramente veem as condições de utilização e conservação do que compram».
O Ministério da Agricultura «está empenhado, em todos os seus serviços, na luta contra do desperdício alimentar», disse no final o ministro da Agricultura, lembrando que o Ministério foi criado há 100 anos, precisamente «sob a égide da alimentação».
Fonte: Lusa